Enfermeiros comemoram seu dia com amor e luta
O Dia da Enfermagem é mundialmente celebrado em 12 de maio como homenagem ao nascimento de Florence Nightingale, considerada a mãe da enfermagem moderna
Um dos últimos remanescentes da Escola de Enfermagem Coração de Maria, da PUC, de Sorocaba, Maurício Harder se lembra com afinco da época na qual trabalhava como enfermeiro. Neste 12 de maio, no Dia da Enfermagem, fica feliz em poder ainda aplicar seu dom e conhecimento aqui e acolá, aos 87 anos, já aposentado dos serviços que o preencheram por mais de 36 anos.
“Me sinto hoje ainda orgulhoso e forte, porque em casa eu ainda tenho alguma experiência. Se alguém precisa de alguma coisa, como aplicação de injeção, ainda faço”, disse.
Harder iniciou sua carreira em 1951, aos 17 anos, no Hospital Santa Lucinda, quando a faculdade começava os primeiros passos na cidade também. Por ser homem e o local ser regido por freiras, precisou se preparar: foi para São Paulo, fez provas escrita, oral e prática no Hospital das Clínicas e recebeu o título que o certificou como enfermeiro prático licenciado.
“Eu fazia meu horário das 7 horas da manhã às 5 da tarde e voltava voluntariamente das 22 às 6 horas da manhã para fazer uma contribuição ao hospital, pois, quando o doente requisitava o enfermeiro, eu me levantava e ia atendê-lo, em todo esse tempo. Não me arrependo, gostei e tenho isso no coração”, ressaltou.
Dias de luta
O Dia da Enfermagem é mundialmente celebrado em 12 de maio como homenagem ao nascimento de Florence Nightingale, considerada a mãe da enfermagem moderna. A área é bastante diversa, com atuação tanto em instituições públicas como privadas, centros especializados, escolas, ambulatórios, serviços domiciliares, entre outros. No Brasil, são mais de dois milhões de enfermeiros em atuação, de acordo com o Conselho Federal da área.
Na pandemia de Covid-19 que acomete o mundo desde o ano passado, os enfermeiros ganharam ainda mais importância no cotidiano, já que, junto com outros nomes da saúde, estão na linha de frente no combate ao vírus. Neste período, eles também enfrentaram diversos problemas, como a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e, claro, a contaminação pela doença: mais de 44 mil profissionais já foram afastados por conta da Covid-19 e mais de 500 deles acabaram falecendo - o Brasil responde por um terço do total de óbitos por coronavírus desses profissionais no mundo.
Vocação
Maurício Harder não atua mais na área, vive com uma filha e sente saudades da esposa, Wilma, que faleceu anos atrás. No entanto, lembra-se da gripe asiática (H2N2), uma epidemia que pegou o mundo de surpresa entre 1957 e 58 e matou cerca de dois milhões de pessoas. As comparações não têm como não existir.
“Eu aprendi muitas coisas, enfrentei a gripe asiática, não peguei. Ela não teve proporção tão grande como a pandenia atual, mas venceremos se obtivermos todos os cuidados necessários para evitar que o vírus chegue ao nosso lar. O controle emocional, inclusive, é primordial”, explicou.
Apesar de tudo isso, ele é enfático ao mostrar que um enfermeiro é mais que um “assistente”, como muitos podem pensar. É necessário que a pessoa tenha uma série de características inerentes, mas principalmente a doação.
“Vocação e amor ao próximo. A enfermagem é um sacerdócio, é toda a abnegação. A gente liga a parte física com a espiritual. Eu sentia que isso me ajudava bastante, porque Deus é maravilhoso e, nessas horas, Ele está bem presente conosco”, finalizou.
Toda a ajuda é bem-vinda
Outro profissional que tem tido destaque no combate à pandemia é o assistente social, que trabalha diretamente com a população e, como o próprio nome diz, oferece assistência aos enfermos e também às famílias, viabilizando a garantia dos direitos de cada um. O dia deles é comemorado em 15 de maio, próximo sábado.
Segundo Ticyane Sorg Caseiro Pereira, líder da equipe do Serviço Social do Hospital Dr. Miguel Soeiro (HMS), com a pandemia de coronavírus, surgiram demandas específicas e esses profissionais precisaram se reinventar, como a inserção das chamadas de vídeo para aproximar os familiares neste momento tão frágil da saúde mundial.
Parece uma ação simples, mas ela muda demais a rotina tanto daquele que está necessitando de cuidados especiais, quanto daqueles que ficam em casa torcendo pela recuperação de seu ente querido. (Marina Bufon)