Centro de Estabilização Covid do São Guilherme segue atendendo
A medida teria sido tomada após a cidade não apresentar mais paciente em fila de espera para leitos Covid
Mesmo com a promessa de encerramento de contrato do Centro de Estabilização Covid do São Guilherme, um dos quatro ativos em Sorocaba, e de responsabilidade da Prefeitura, o local segue lotado e sem previsão de quando isso ocorrerá, de fato. O anúncio foi feito em 27 de abril.
A medida teria sido tomada após a cidade não apresentar mais paciente em fila de espera para leitos Covid. Essa situação deixou de ser realidade desde a terça-feira (11), quando pacientes voltaram a esperar por “vagas Covid” na rede municipal, em especial, de UTI.
Questionada se o encerramento ocorrerá de fato, a Secretaria de Saúde de Sorocaba (SES) afirma que o “Centro de Estabilização Covid São Guilherme continua ativo, com 60 leitos Covid” e que “o processo ainda corre dentro do prazo do aviso prévio de rescisão”.
No Portal da Transparência da Prefeitura de Sorocaba, na parte de trata dos processos de contratações, o último documento publicado pelo Executivo é o termo de convênio, de 23 de março. Já na prestação de contas dos gastos com a Covid na cidade, os dados apontam que a instituição contratada, a Associação Brasileira de Educação e Saúde (Abrades), recebeu 30% do valor previsto inicialmente. Foram pagos R$ 6.061.350,76. O valor inicial empenhado no portal era de R$ 18.363.366,93, previsto.
A Associação, de acordo com o Plano de Trabalho apresentado à SES, previa mais de 40 serviços, além da contratação de 143 profissionais, incluindo médicos, enfermeiros, auxiliares e almoxarife. Para adaptações e construções, o projeto inicial previa investimento total de R$ 2.940.000,00. Já o valor do custo fixo da unidade é de R$ 3.988.008,12. A entidade avaliou o custo fixo do leito em R$ 14.374.391,88.
Lotado
Desde a segunda-feira (10), a unidade de saúde está com 100% de ocupação em leitos de estabilização, tecnicamente chamados de suporte ventilatório pulmonar e que são apresentados diariamente no censo diário de leitos como UTI. Na enfermaria, a ocupação é de 67%, com 27 dos 40 leitos ocupados na quinta-feira (13). Ainda durante a semana, essa ocupação apresentou taxa acima de 90%.
Surpresa e instabilidade
O presidente da Abrades, Emerson Tadeu Gonçalves Rici, falou que recebeu com surpresa o comunicado de rescisão do contrato. O prazo de 60 dias começou a contar em 5 de maio. “Foi uma surpresa. Ficamos muito triste”, conta. Conforme ele, já foram 50 dias de trabalho formalizado na unidade.
Ainda de acordo com ele, houve problemas no quadro de profissionais após o anúncio, com o pedido de demissão de cerca de 20 pessoas. “A repercussão foi muito negativa. Criou-se uma instabilidade. Alguns se demitiram e estamos com dificuldade para repor”, diz. A entidade recebeu da SES um pedido genérico para estudos de ampliação de novos leitos, que ainda não foi respondido. A Abrades também disse ter protocolado um documento pedindo mais informações sobre a rescisão, mas ainda não recebeu retorno. (Marcel Scinocca)