Decea cancela carta de aeródromo do Aeroporto

Os dados do cancelamento aparecem no site Aisweb, o qual apresenta um conjunto de serviços desenvolvidos pelo Decea

Por Marcel Scinocca

Documento fornece dados para movimentação das aeronaves em terra.

A carta de aeródromo do Aeroporto de Sorocaba, que dá aos tripulantes das aeronaves algumas informações que facilitam a movimentação em terra, está cancelada desde abril. A informação foi confirmada na quarta-feira (19) pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), órgão veiculado ao Governo Federal. A situação não impede operações no aeroporto da cidade.

Os dados do cancelamento aparecem no site Aisweb, o qual apresenta um conjunto de serviços desenvolvidos pelo Decea. O objetivo desse trabalho é justamente a divulgação de informações aeronáuticas produzidas pelo Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA), sendo fonte oficial para obtenção desse tipo de informações no Brasil.

O Decea afirma “que a carta ADC, de aeródromo, do Aeroporto de Sorocaba, no estado de São Paulo, está cancelada”. O motivo, conforme a instituição, é que foi identificado que o processo de Plano Básico de Zona de Proteção em vigor não contemplava as informações de TWY representadas na carta”. TWY é a sigla que identifica pistas de taxiway, geralmente pistas paralelas às pistas principais dos aeroportos. “Após consulta junto à Anac, confirmou-se que o administrador do aeródromo não tinha iniciado o processo de homologação das novas TWY e pátio junto ao órgão”, acrescenta o Decea.

“O cancelamento da carta não gera impacto para as operações regulamentadas pelo Decea”, enfatiza a instituição. “Para se reverter é necessário que seja iniciado o processo de homologação junto à Agência Nacional de Aviação Civil. Durante esse processo a administradora deve entrar com o pedido de elaboração de carta ADC junto ao órgão regional (CRCEA-SE). O Decea não possui qualquer pedido ou processo do administrador de aeródromo da localidade”, lembra.

A carta dá, aos tripulantes, detalhes sobre o deslocamento das aeronaves, desde o estacionamento até a pista, e vice-versa, além de dados como a identificação das pistas, dos pátios de estacionamento, da elevação do aeródromo e suas coordenadas geográficas, em graus, minutos e segundos.

A Secretaria de Transportes do Estado de São Paulo foi questionada sobre a situação e lembrou que “o aeroporto de Sorocaba segue operando normalmente”. “Novas cartas ADC (aeródromo/heliporto), com atualizações referentes à infraestrutura e ações operacionais, serão publicadas em breve”, garante.

O que pensam os profissionais

Para pilotos que pousam ou decolam com frequência do aeroporto local, o documento pode não fazer diferença, mas esses dados podem ser essenciais para quem vem de outras cidades, estados e principalmente países. Sorocaba é uma das mais importantes referências para manutenção de aeronaves executivas, dentro e fora do Brasil.

Profissionais ouvidos pela reportagem não formam unanimidade sobre a carta. “Não representa nada. Não tem implicação nenhuma para qualquer piloto. Quando um piloto vai de um aeródromo para outro, ele é obrigado a consultar a carta de aeródromo de onde ele vai, ele é obrigado a conhecer”, comenta um piloto que usa o Aeroporto de Sorocaba com frequência.

“A falta dessa carta pode ser vista de diversos ângulos. Mas vamos pensar pelo ângulo de um piloto. Se o piloto conhece o local, é outra história. Mas vamos pensar como um piloto que não conhece o local. Ele vai se dirigir de algum lugar para o Aeroporto de Sorocaba, vai consultar as informações para que ele possa fazer tudo de maneira adequada, de forma que ele saia e chegue com segurança ao local”, analisa outro profissional.

“Se essa carta está cancelada, ele fica em dúvida, por exemplo, se a pista, de alguma forma ou algum motivo, está reduzida. O mapa mostra a infraestrutura e se foi cancelada, mostra algum problema”, comenta. “Se sou o piloto, vou ficar com um monte de dúvida na minha cabeça”, argumenta. (Marcel Scinocca)