Jardim Santa Cecília sofre com o aparecimento de cobras venenosas

Por Vinicius Camargo

Segundo moradores, muitas das cobras que aparecem são do tipo jararaca.

Além de uma infestação de escorpiões, conforme já noticiado pelo Cruzeiro do Sul, o aparecimento de cobras também amedronta os moradores do Jardim Santa Cecília, na zona norte de Sorocaba. Segundo os residentes, os répteis são vistos nas ruas e nas proximidades das casas. De acordo com a Secretaria da Saúde (SES), neste ano, até o momento, nenhum caso de acidente com cobras foi registrado na cidade. Já em 2020, foram nove ocorrências de pessoas picadas.

O caminhoneiro Fernando Pereira Polachini, 42 anos, já encontrou duas cobras próximas à sua residência. Uma delas estava na calçada em frente ao imóvel e a outra, na guia do outro lado da rua. Conforme o morador, ambas eram da espécie jararaca. Polachini reside no bairro há 12 anos e afirma que o surgimento desses animais peçonhentos é recorrente. “Mas, agora, eles estão aparecendo muito frequentemente. Então, o risco (de acidentes) é muito maior”, conta.

Segundo o morador, assim como os escorpiões, as cobras vivem em uma área verde do bairro, onde o mato está alto e há diversos entulhos. Ainda de acordo com Polachini, para tentar resolver o problema, os próprios vizinhos e ele começaram a carpir e roçar a área.

O metalúrgico Emerson Borges Malfa, de 33 anos, também tem auxiliado na limpeza do terreno. Malfa conta já ter achado pelo menos oito cobras nas proximidades do seu imóvel. Dentre elas, animais das espécies jararaca, cobra-verde e coral. Uma delas estava, inclusive, na garagem de sua casa. As outras foram vistas na calçada, na rua, em uma árvore, dentre outros locais. “Estamos fazendo esse esforço de limpar o local para tentar trazer um pouco mais de segurança, porque, quem sabe assim, esses bichos se afastam”, fala. A preocupação de Malfa em garantir segurança, principalmente, para a sua família é maior porque ele tem três filhos, de 7, 11 e 13 anos.

Malfa afirma já ter comunicado a Prefeitura diversas vezes sobre o aparecimento de cobras no bairro em razão do mato alto e do entulho na área verde. Entretanto, completa ele, nenhuma providência foi tomada.

No final de maio, questionada sobre a situação do espaço, a Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo) se comprometeu a roçar e retirar os detritos dali. Desta vez, novamente indagada sobre a realização dos serviços, a pasta disse já ter realizado a roçagem no local. Além disso, garantiu que retiraria o entulho nos próximos dias.

Como proceder

Caso encontre uma cobra, o munícipe nunca deve se aproximar do animal, orienta a Polícia Militar Ambiental. “Eles são silvestres e muitas espécies são venenosas”, explica a PM, em nota, sobre o motivo para tomar esse cuidado. A orientação é acionar imediatamente o Corpo de Bombeiros, pelo número 193, Polícia Militar Ambiental, pelo telefone (15) 3238-2050.

A PM também informa que é proibido ficar com o animal. De acordo com a corporação, se a pessoa ficar com a cobra e for denunciada ou flagrada pela polícia, poderá responder pelos crimes de manutenção de animais da fauna silvestre em cativeiro e caça.

Acidentes

Já se a pessoa for picada, deve procurar, imediatamente, ir ao hospital, para receber o soro antiofídico, recomenda Thiago Simon Marques, biólogo e professor da graduação em ciências biológicas da Universidade de Sorocaba (Uniso).

De acordo com o especialista, antes de busca atendimento médico, é importante que o paciente lave o local do ferimento com sabão neutro, para desinfetar. Outra indicação é tentar manter a calma. “Quanto mais nervosa a pessoa fica, mais a circulação sanguínea dela aumenta, e o veneno acaba se espalhando”, informa.

Conforme Marques, algumas dicas populares para casos de acidentes com serpentes, como fazer um torniquete ou remover com a boca o veneno da região picada, são contraindicadas. “São ditos populares que se devem evitar, porque, na verdade, podem agravar o problema”, alerta.

Veneno é danoso ao ser humano

Segundo o biólogo Thiago Simon Marques, as serpentes costumam viver em locais onde há lixo ou entulho, para lhes garantir abrigo, e grande quantidade de roedores, sua fonte de alimento. Isto explica o aparecimento delas na área verde do Jardim Santa Cecília.

De acordo com ele, as espécies peçonhentas possuem venenos utilizados para matar presas. Os acidentes com seres humanos acontecem quando as pessoas se aproximam das cobras, que, ao se sentirem ameaçadas, como mecanismo de defesa, picam.

Por isso, reforça o professor da Uniso, é essencial evitar ter qualquer tipo de contato com as espécimes, principalmente, porque o veneno pode causar danos ao organismo. O tipo de reação varia de acordo com a espécie e a quantidade de substância injetada no corpo. Mas, elenca Marques, de forma geral, “a picada pode causar necrose do tecido, quando o veneno se espalha por meio da corrente sanguínea, inchaço imediato e, se a pessoa não procurar ajuda, pode ter um problema sério, desde a perda de algum membro ou até morrer”, alerta. (Vinicius Camargo)