‘Enxurrada’ de lombadas divide opiniões
Para coibir excesso de velocidade e reduzir acidentes, Prefeitura instalou 96 dispositivos apenas neste ano
O desrespeito aos limites de velocidade é um problema recorrente em Sorocaba e tem levado as autoridades de trânsito a implantar cada vez mais dispositivos para obrigar os motoristas a tirar o pé do acelerador em alguns trechos e, assim, evitar acidentes. Segundo a Prefeitura, foram implantadas 96 novas ondulações transversais -- as populares lombadas -- apenas nos primeiros nove meses de 2021. Essa forma de coibir os abusos, no entanto, divide a opinião dos pedestres e motoristas.
A Secretaria de Mobilidade e Desenvolvimento Estratégico (Semob) informou que a implantação de lombada é avaliada individualmente por técnicos da pasta, seguindo os critérios do Código Brasileiro de Trânsito (CTB) e do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Ainda de acordo com a pasta, o custo médio de instalação de cada dispositivo é de, aproximadamente, R$ 3.600.
Para o aposentado Carlos de Oliveira, a situação da rua Leondina Gonçalves Mobaier -- próximo ao Jd. Wanel Ville IV, na zona oeste -- não foi boa para o trânsito. “Para os moradores, ficou confortável, mas para os condutores não é nada confortável. São quatro lombadas, uma seguida da outra e um radar”, criticou. Ainda assim, ele concorda que o número de acidentes diminuiu no bairro.
Já o aposentado José Donizete Tavares, que mora no Jardim Santa Bárbara, elogiou o trabalho de implantação das lombadas na avenida dr. Américo Figueiredo. “Tinha muitos acidentes aqui e melhorou bastante. Não causou nenhum transtorno. Foi o melhor para quem anda a pé e para os motoristas”, afirmou.
Um comerciante que não quis se identificar criticou a quantidade de lombadas seguidas de radares e semáforos. Em resposta, a Semob explicou que nos cruzamentos em que existe conjunto semafórico e lombadas os dispositivos têm funções diferentes. “O semáforo atua no controle do tráfego de veículos e pedestres no trecho. A lombada é utilizada em casos que necessitam da redução imperativa da velocidade”.
Já os radares têm o mesmo papel da lombada. “Em caso de definição pelos técnicos da instalação de lombada em determinado ponto onde já haja radar, a empresa operadora do equipamento eletrônico é acionada para fazer a remoção do mesmo. Isso ocorre em pontos em que a velocidade máxima do trecho, mesmo com a presença do radar, continua sendo desrespeitada e há riscos de acidente”, informou a municipalidade.
Evitar abusos
O advogado especialista em trânsito Renato Campestrini ressaltou que cada equipamento possui uma norma própria e um procedimento específico para sua utilização. “A implantação de ondulações transversais -- lombadas -- deve atender aos preceitos da Resolução 600, as faixas elevadas à Resolução 738 e os equipamentos medidores de velocidade à Resolução 798. Todos esses ordenamentos buscam evitar abusos no uso de qualquer um desses dispositivos de incentivo à redução da velocidade ou de benefício à travessia dos pedestres”, reiterou.
No caso das lombadas, Campestrini esclareceu que é necessário um estudo técnico que aponte que a via pode receber o dispositivo, tal qual os radares. “Além desses estudos para implementar, são necessários, posteriormente, outros que atestem que as medidas efetivamente estão cumprindo o papel a que se destinam”, concluiu o especialista.
Polêmica
Nas redes sociais, o excesso de lombadas também é alvo de polêmicas. Algumas pessoas criticam o “travamento do trânsito” e apontam problemas como o aumento do consumo de combustíveis, desgaste de amortecedores etc. Outros, no entanto, defendem o sistema de controle de velocidade, justificando que quem respeita a legislação de trânsito e dirige corretamente não enfrenta dificuldades nem gasta mais. (Kally Momesso - programa de Estágio / Supervisão: Marinaldo Cruz Filho)