Usuários de transporte por aplicativo estão insatisfeitos
Viagens caras, escassez de carros e demora são as principais queixas
Está cada vez mais difícil pedir corrida pelos aplicativos de transporte. Com o litro da gasolina caminhando para os R$ 7, a alta no preço dos combustíveis refletiu diretamente no lucro dos motoristas cadastrados. Em Sorocaba não faltam relatos de usuários insatisfeitos com o serviço. Viagens caras, escassez de carros e demora são as principais queixas de passageiros.
O analista de suporte Gabriel Bruder, de 22 anos, pede carro por aplicativo aos fins de semana e tem chegado atrasado nos compromissos em razão do cancelamento de corridas por parte dos motoristas. Além deste problema, Bruder explica que, muitas vezes, os carros estão distantes e demoram a chegar.
“Se eu quiser ser pontual em meus compromissos, tenho que chamar no aplicativo com uns 30 minutos de antecedência. Antes dessa alta [preço da gasolina], sempre que eu chamava, o motorista estava próximo ao local. Esperava aproximadamente cinco minutos até chegar para me buscar”, diz.
A técnica de enfermagem Carina Fernandes, de 27 anos, enfrenta o mesmo problema. Ela mora em uma avenida movimentada na zona leste da cidade, mas, mesmo assim, é difícil encontrar motoristas rodando pela região. Na última sexta-feira (10), ela chegou a abrir três aplicativos ao mesmo tempo. Depois de esperar por quase meia hora, Carina desistiu.
“Você chama o carro e nenhum motorista aceita. Onde eu moro é impossível não ter pelo menos um carro disponível. Já é a segunda vez que esse tipo de transtorno acontece comigo. Eu percebi que independe do aplicativo, você chama em todos e nada”, relata.
Reajuste
Recentemente, as empresas de transporte individual Uber e 99 App, as mais populares do segmento, anunciaram reajustes no valor das tarifas repassadas aos motoristas parceiros. A novas taxas foram adotadas escalonadamente em 20 regiões metropolitanas do País, incluindo a de Sorocaba.
O repasse da 99 fica entre 10% a 20%, enquato a Uber subsidia de 10% a 15%. Já o valor por minuto desta última empresa aumentou entre 10% e 35%, enquanto o valor por quilômetro teve um aumento de 10% a 15%, dependendo da região.
Apesar das constantes reclamações de usuários, 99 informou ao jornal Cruzeiro do Sul que não notou redução no número de motoristas, mas sim um aumento de demanda, principalmente com a flexibilização das regras de isolamento social.
Já sobre os cancelamentos, a empresa declarou que o aplicativo “conecta passageiros a motoristas parceiros. Assim, os condutores são livres para escolher sua jornada de trabalho e corridas”. Há, entretanto, um limite de cancelamos sem ônus que vale tanto para motoristas quanto para passageiros.
A medida, porém, parece não ter saciado os parceiros que fazem as corridas nos aplicativos. Segundo eles, o aumento no repasse é pouco comparado a alta dos combustíveis. “Infelizmente, com os combustíveis a esse preço, muitos motoristas estão deixando as plataformas. Muitos fazem as corridas somente aos fins de semana, porque a demanda é maior”, justifica o motorista Diogo Zanini.
E as despesas não param no abastecimento dos carros. Motoristas argumentam que as empresas não levam outros fatores em consideração, como a manutenção e documentação dos veículos. “Uma hora ou outra, a gente precisa fazer reparos. Nós que temos que arcar com os custos. Com esse reajuste, no fim das contas, acabamos trocando figurinhas”.
O Cássio Hanioka trabalha há três anos como motorista de aplicativo e conta que o prejuízo é um dos motivos que tem o desestimulado de continuar na área. “Com o preço dos combustíveis nas alturas, preciso escolher as corridas. Os cancelamentos acontecem por conta dessa situação, mesmo. Conheço muitos motoristas que pararam de trabalhar porque a desvantagem é grande”.
A reportagem questionou a Uber sobre o déficit de motoristas do aplicativo na região e aguarda respostas.