Suspeito de matar Carol Pascuin já foi preso por estupro
Eduardo de Freitas Santos é ex-padrasto da vítima e a perseguia nas redes sociais
Eduardo de Freitas Santos, advogado e ex-padrasto de Anna Carolina Pascuin Nicoletti, foi preso pela Polícia Civil no fim da tarde de ontem (24). Ele é suspeito de ter assassinado a jovem, de apenas 24 anos, com um tiro na cabeça, dentro do apartamento dela, em Sorocaba, no último dia 13. Anna e Elaine Pascuin, a mãe da vítima, tinham uma medida protetiva contra o advogado. Elaine descreve o ex-companheiro como “extramemente mentiroso”, “manipulador”, “obsessivo” e “maldoso”. Essa não é a primeira vez que Santos se envolve em um crime. Ele já havia sido preso em 2017, suspeito de estuprar uma adolescente e divulgar vídeos de sexo com a menor na internet.
Os policiais da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) capturaram o suspeito em Pilar do Sul. Ele foi levado para a sede da Deic, em Sorocaba, para prestar depoimento, acompanhado de seu advogado. Em seguida, foi encaminhado para uma unidade prisional. A prisão de Santos desperta um turbilhão de emoções em Elaine, que concedeu entrevista ao jornal Cruzeiro do Sul. “É um misto de alívio... não sei nem explicar o que eu estou sentindo. Ao mesmo tempo que fico mais aliviada, sinto um aperto no peito. É muito difícil pensar que tudo isso aconteceu com a minha filha, por causa de uma pessoa que já devia estar até presa. Ele estava solto e acuando as pessoas”, desabafa a mãe.
Elaine viveu em união estável com Santos por 15 anos, o casal tinha uma empresa em Pilar do Sul. Ela conta que, no início, o relacionamento era normal, porém, o ex-companheiro foi “enlouquecendo com tempo”. Os dois se separaram em 2016 e, no ano seguinte, o homem foi condenado a 8 anos de prisão por estuprar uma adolescente de 17 anos, sua secretária na época, e divulgar vídeos de sexo na internet. No entanto, a pena foi reduzida para 6 anos e 2 meses, mas ele só passou 11 meses na cadeia. Elaine ainda contou à reportagem que uma cliente de Santos também havia o denunciado por estupro. Em defesa, o advogado teria alegado que a mulher tinha uma dívida com ele e, por isso, levantou falso testemunho.
A convivência familiar já estava desgastada, Santos e a enteada brigavam muito. Segundo relatos da mãe, ele queria saber todos os passos da garota: com quem ela saía, quem eram seus amigos, com quem se relacionava, para onde ia e por que ia. Quando as coisas saíam de seu controle, surtava. Sabendo que Anna era uma menina que se importava muito com a sua imagem, por ser digital influencer, o advogado ainda teria feito montagens obscenas com as fotos dela e espalhado por Pilar do Sul, a fim de difamá-la. “Teve uma época em que trabalhávamos todos juntos, a Carol (Anna) era recepcionista. Nossa relação com ele era de puro medo. Não cortávamos totalmente os laços porque tínhamos medo da reação dele. Então, mantínhamos apenas a cordialidade. Era uma relação baseada em medo”, conta.
Em agosto de 2020, o advogado teria invadido a casa de Elaine, mas ela e a filha não estavam no local. O homem, então, teria fotografado os cômodos e levado uma bolsa de Anna. Assustadas com o fato, fizeram uma denúncia na delegacia de polícia. Santos pediu para que elas retirassem a queixa, o que não foi feito. “Ele não aceitava a separação. Nos perseguia, ficava falando que a família era dele, que a gente não podia se separar, que éramos uma família que dava certo. Até um determinado momento nós fomos, mesmo. Construímos coisas juntos. Ele falava isso, mas não era nem o casamento, era a sociedade que dava certo... Não se conformou que a gente seguiu nossas vidas”, relata.
Em fevereiro deste ano, a jovem se mudou, escondida de Santos, para um apartamento no bairro Wanel Ville, zona oeste de Sorocaba. A mãe de Anna conta que um perfil fake entrou em contato com a garota em uma rede social, para tratar de um assunto relacionado a carro. Ela teria combinado de encontrar essa pessoa em frente ao seu trabalho e ficou apavorada quando deu de cara com o ex-padrasto, acompanhado de uma mulher. “A gente achava que a Carol (Anna) estava segura em outra cidade”, lamenta a mãe.
O advogado, que atormentava mãe e filha frequentemente, não as procurou nos dias que antecederam a morte da vítima. “O caso dele é de perseguição. Foi crime de ódio, o jeito que mataram ela... quem que mata uma pessoa dormindo? Ainda mais uma menina boa, correta, não fazia nada de mal para ninguém, só tocava a vida dela. A pessoa tem uma perturbação muito grande, ainda mais porque ele tripudiou em cima da Justiça. Nós temos medida protetiva, ele tem antecedentes criminais! Com toda essa situação, ele faz isso. Ele deu risada na cara de todo mundo. Achou que tinha feito o crime perfeito e iria sair impune. Pensei que, agora, ele iria tomar um rumo e esquecer da gente, vida que segue. Apesar de todo mal que ele causou, vida que segue. A Carol estava progredindo na vida e depois acontece uma desgraça dessa. Tira a vida de alguém pelo simples fato de não querer mais que a pessoa viva”, disse Elaine, indignada. (Wilma Antunes - programa de estágio)