Historiadora Vera Job morre aos 87 anos

Vera fazia parte da Academia Sorocabana de Letras e foi idealizadora da Semana do Tropeiro

Por Wilma Antunes

Historiadora Vera Job morre aos 87 anos.

A professora Vera Ravagnani Job morreu, aos 87 anos, no início da noite desta segunda-feira (7), em Sorocaba. Ela, que também atuava como historiadora, pesquisadora e folclorista, foi idealizadora da Semana do Tropeiro e do Centro Nacional de Estudos do Tropeirismo. Além disso, foi eleita para ocupar a Cadeira 33 da Academia Sorocaba de Letras, que tem como patrono Aluísio de Almeida. Segundo amigos próximos da professora, ela estava acamada há alguns anos.

Vera foi uma figura importante para a história da cidade. A estudiosa é responsável pela reinstalação do Museu Histórico Sorocabano no Casarão que fica dentro do Parque Municipal Zoológico Quinzinho de Barros. Também fez parte do corpo docente da Universidade de Sorocaba (Uniso) e desenvolveu trabalhos de pesquisa referente ao tropeirismo.

Adilson Cezar, presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS), lamentou a morte da colega. “A professora Vera Job foi para a história local muito importante. Primeiramente em relação ao trabalho que desenvolveu em função ao museu. Trabalhou muitos anos na organização do museu de forma didática, a fim de transmitir conhecimento de história. Salientamos a presença dela como professora de história dentro da universidade.

Um dos pilares qual a faculdade se apoiou para se tornar universidade dentro do curso de história, montando um núcleo específico de pesquisa, núcleo de pesquisa de tropeiros. Especialista em tropeirismo, dedicou muito tempo e acompanhou bastante o instituto. Devemos muito aos trabalhos que ela fez durante o período que ela tinha condições de acompanhar. Sorocaba perde uma grande historiadora e dificilmente encontrará uma substituta a altura”, disse.

Para o também pesquisador de tropeirismo e jornalista Sérgio Coelho de Almeida, Vera cultivava o apreço a tradição histórica da cidade. “Ela pode ser considerada uma pioneira nos estudos da tradição e da cultura tropeira de Sorocaba. A cultura tropeira estava esquecida, não só em Sorocaba, como no Brasil. Vera não é daqui, ela veio para lecionar e dirigir o museu, mas acabou se encantando. Além de ser uma grande estudiosa, era apaixonada pelo tropeirismo. Tanto que a 43ª Semana do Tropeiro ganhou seu nome”, afirmou.

O jornalista já ministrou palestras sobre o tema com a Vera. Em algumas ocasiões, viajou pelo País com a historiadora e outros pesquisadores. “Vai fazer falta. Ela era uma pessoa que tinha voz, não só específica do tropeirismo, mas de toda a tradição histórica de Sorocaba, que não é bem comemorada e respeitada. A Vera foi uma pessoa que viveu e desenvolveu sua atividade profissional tendo sempre isso como meta. Ela não viu seus objetivos serem totalmente cumpridos, mas deixou uma semente plantada que ainda vai vigorar”. 

Luiz Antonio Zamuner, representante da Secretaria de Cultura (Secult), também destacou a relevância da professora para a cidade. "Vera Job foi uma importante historiadora, cujo legado intelectual são trabalhos e livros publicados que definem a identidade da região de Sorocaba e do tropeirismo como peça fundamental da integração geográfica cultural do Brasil", enfatizou.