Paralisação dos monitores: prefeito diz que não haverá negociação
Profissionais pedem melhorias salariais e valorização profissional
O prefeito de Itu, Guilherme Gazzola (PL), foi categórico em sua resposta ao pedido de melhorias os auxiliares e monitores da educação básica do município: "Não existe nenhum tipo de negociação". A resposta foi dada pelo chefe do Executivo à categoria na manhã desta segunda-feira (7) no auditório da Secretaria da Educação de Itu, em reunião gravada e transmitida pelas redes sociais de Gazzola.
Os auxiliares e monitores da educação básica do município realizaram a paralisação para reivindicar melhorias salariais e de valorização profissional, conforme os servidores.
O documento enviado à municipalidade em janeiro de 2022 solicita o reajuste salarial de R$ 1100,00 para R$1800,00; pede o correto enquadramento de todos os auxiliares de monitor da educação básica, para que os que possuem formação de nível superior comprovada recebam salário igual ao monitor de educação básica; percentual em seu salário como forma de reconhecimento e valorização de seu trabalho; aumento do valor do cartão alimentação de R$ 355,00 para R$ 500,00, entre outras medidas. Este último teria sido aumentado em R$ 419,00 segundo uma servidora.
Outra questão levantada pela categoria é a falta de profissionais para a quantidade elevada de crianças nas salas. “No último concurso, somente para a nossa classe de auxiliar de monitor, apenas 14 pessoas foram aprovadas e sabemos que isso não supre o quadro de funcionários”, contou uma auxiliar.
No discurso feito nesta manha (7), Gazzola afirma que as reivindicações serão todas definidas na data base, que ocorre no mês de abril. As melhorias para a classe estão diretamente relacionadas à reforma administrativa, que está em fase de estudo.
Sobre a falta de funcionários, o chefe do Executivo ressaltou que, de 28 de maio de 2020 até o dia 31 de dezembro de 2021, as contratações de novos servidores, as negociações salariais e os direitos sociais, foram suspensos seguindo determinação de Lei Complementar 173/20 que estabeleceu o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus.
No vídeo, o prefeito ainda afirma que não existe representação legal para a paralisação e que todos os servidores terão falta injustificada. "Não existe a menor possibilidade desse movimento ser considerada uma greve. O dia de hoje está sendo considerada falta injustificada. Não existe representação legal", reiterou. Em resposta aos questionamentos da reportagem, a municipalidade explicou que não houve o aviso com 72 horas de antecedência.
Gazzola ainda considerou a paralisação como "um movimento de abandono das crianças nas creches". "Isso é um movimento de abandono de serviço. Nós não negociamos com quem abandona crianças na sala de aula. Vocês, a partir de amanhã, tomem a atitude que acharem necessário", concluiu. Apesar da fala do chefe do executivo, os organizadores contestam e afirmam que mais de 30% dos funcionários permaneceram nas unidades a fim de não prejudicar as crianças que foram às creches.
O que levou à paralisação
Mais de um mês depois da entrega do documento com as reivindicações da categoria, foi realizada, na última quinta-feira (3), uma reunião entre o secretário municipal da Educação, Plínio Bernardi Júnior, a secretária adjunta da pasta, Silvia Sório, e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Itu (Sismi), José Flamínio Leme. Em nota oficial, o sindicato afirmou que o chefe da pasta recebeu as reivindicações de forma positiva e que providências serão tomadas para avaliar a viabilidade das solicitações apresentadas.
Os auxiliares e monitores, entretanto, não ficaram satisfeitos com a resposta. De acordo com uma servidora, as expectativas sobre a reunião foram frustradas. “Nós aguardávamos que na reunião entre a Secretaria da Educação e Sindicato tivéssemos algumas reivindicações respondidas, com uma data ou com algo concreto”, explicou. Após a decisão de paralisação, os funcionários ainda teriam comunicado o sindicato sobre a paralisação.
De acordo com o presidente do Sismi, a deliberação da paralisação não passou pelo sindicato. Mas afirmou: "daremos apoio propondo um diálogo com os gestores da educação através de comissão dos servidores paralisados juntamente com o sindicato e manteremos as negociações coletivas da categoria para data base em abril".