O lugar delas é... onde elas quiserem

Da construção aos transportes, cada vez mais as mulheres estão ocupando espaços antes reservados aos homens

Por Cruzeiro do Sul

Ana Lúcia, de 53 anos, sonhava em ser manobrista; foi além: há quatro anos é motorista de ônibus.

De cargos de liderança às áreas operacionais, as mulheres estão conquistando mais espaço no mercado de trabalho. Com isso, a igualdade de gêneros se torna realidade em diversos setores. No setor da construção civil, a presença das mulheres vem aumentando nos últimos anos, segundo os dados mais recentes do Painel da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho. A população feminina no Brasil supera mais de 109,8 milhões.

De acordo com a pesquisa, a presença feminina nos canteiros de obras, com carteira assinada, aumentou 5,5% em 2020, na comparação com o ano anterior. Os dados mostram que o número de postos ocupados por mulheres aumentou de 205.033 em 2019 para 216.330 no ano seguinte. O aumento da participação se deve à maior procura das mulheres em busca de capacitação para atuar no setor, historicamente dominado por homens.

Em Sorocaba, a Construtora Planeta possui 63 colaboradoras, correspondendo a aproximadamente 31% do quadro geral. A presença delas na empresa vem crescendo ano após ano, em diversos departamentos e cargos. Dos 18 cargos de liderança da organização, sete são ocupados por mulheres. São as funções de coordenação e gerência de setores como projetos, recursos humanos, atendimento ao cliente, qualidade, financeiro e obras.

No comando dos ônibus

Nas empresas BRT Sorocaba e Consor, ambas do segmento de transporte coletivo, as 189 profissionais mulheres possuem as mesmas oportunidades de trabalho e salário dos colegas do sexo oposto.

Andréa Liupekevicius, líder e supervisora de recursos humanos, destaca que ofertar oportunidades em patamar de igualdade é algo necessário para combater ambientes discriminatórios e criar um espaço para que homens e mulheres usufruam de oportunidades iguais para o desenvolvimento profissional. Todos possuem aptidões e precisam ser vistos e respeitados por suas habilidades. “A igualdade de gêneros é urgente para a sociedade como um todo e precisamos falar sobre isso. Estamos aproveitando a data comemorativa do Dia Internacional da Mulher (8/3) para reforçar a importância de trazermos equilíbrio para este cenário”, destaca.

A especialista em gestão de pessoas ressalta que as empresas precisam lembrar que as mulheres são responsáveis por movimentar a economia, atuam no mercado de trabalho, nas tendências, em pesquisas, na inovação, na transformação social e nas perspectivas de futuro. “Encorajo as empresas a olhar com atenção esse quesito e buscar a implementação de uma agenda positiva que traga ações e oportunidades para as mulheres. Estudos indicam que a inclusão de gêneros impacta positivamente para a estabilidade, a segurança e o desenvolvimento econômico, pois possibilitam que um maior número de pessoas tenha oportunidade de trabalho”, conclui Andréa.

“Aqui, os primeiros passos foram como recepcionista na portaria”, lembra Ana Lúcia Silveira, de 53 anos. Ela conta que era responsável pelo controle de entrada e saída de pessoas e veículos na garagem. “Nesta função, fui trabalhando e mirando a possibilidade de crescer. Foi aí que decidi que gostaria de me tornar manobrista. Busquei informações sobre o que seria necessário, estudei e fui me preparando para quando tivesse uma chance. Tempos depois, consegui o cargo de manobrista, no qual fiquei por dois anos”, explica Ana Lúcia.

Porém, a manobrista não queria parar por ai. “Estava contente com a minha função, mas, a cada dia sonhava mais alto e queria ser motorista. Me dediquei, segui trabalhando, até que um dia fiz um treinamento para motorista. Não imaginava que a minha vida mudaria a partir dali. Sem saber, o meu treinamento deu frutos. Logo após concluir o treinamento fui chamada para exercer a tão sonhada profissão. Estou há quatro anos como motorista, me orgulho muito e amo o que faço”, conclui. (Da Redação)