Romaria de Aparecidinha reúne cerca de 60 mil fiéis em Sorocaba
O número foi maior do que na edição de 2019 -- a última antes da pandemia -- quando, aproximadamente, 50 mil romeiros participaram
A 123ª Romaria de Aparecidinha, realizada neste domingo (10), em Sorocaba, reuniu cerca de 60 mil fiéis, segundo estimativa da organização. O número foi maior do que na peregrinação de 2019 -- a última antes da pandemia de Covid-19 -- quando aproximadamente 50 mil romeiros participaram. A procissão deste mês foi retomada após dois anos suspensa devido à crise sanitária.
Nesta edição, o foco dos devotos foi justamente agradecer pela melhora da pandemia. Algumas pessoas reverenciaram a imagem de Nossa Senhora Aparecida pela cura de parentes, amigos e conhecidos que contraíram a doença. Outras deram graças por todas as vidas preservadas no mundo.
A procissão começou às 5h, com uma missa na Catedral Metropolitana de Sorocaba, no Centro. A celebração foi presidida pelo Arcebispo da Arquidiocese da cidade, dom Júlio Endi Akamine. Em seguida, por volta das 6h, teve início o cortejo.
A imagem da santa foi levada da igreja da região central até o Santuário de Aparecidinha. O trajeto, de cerca de 16 quilômetros, demorou em torno de quatro horas. A imagem chegou ao destino por volta de 9h50, cerca de 1h10 antes do previsto -- 11h.
Durante o caminho, romeiros fizeram várias demonstrações de fé. A auxiliar administrativa Mainara Santana, de 22 anos, realizou todo o percurso descalça, para agradecer por sua mãe ter se recuperado da Covid. “Na minha família, quase todo mundo teve (a doença). E, no dia em que a minha mãe ficou doente, eu falei: 'vou todo ano, para agradecer pela vida da minha mãe e da minha família”, disse.
Segundo ela, atualmente, a mãe está bem e sem nenhuma sequela. Mas, quando se contaminou, foi uma situação difícil. Por isso, considera que a fé foi essencial para enfrentar aquele momento. “Eu via, todos os dias, notícias de gente que acabou falecendo, e meu medo, meu desespero era de acontecer algo com a minha mãe”, falou. Participante há cinco anos, ela ainda pediu bênçãos para o próprio trabalho e empregos dos familiares.
O operador de máquina Vinicius Miranda, de 23 anos, também fez a penitência descalço por uma razão nobre. “É para agradecer, porque o meu sobrinho de 1 ano pegou Covid e se recuperou”, contou ele, romeiro há 15 anos. De acordo com Miranda, o menino chegou a ficar uma semana internado.
Silmara da Silveira, de 48 anos, auxiliar de limpeza, realizou o percurso pela terceira vez, pelo mesmo motivo. Conforme ela, vários de seus parentes foram infectados, mas, hoje, todos estão saudáveis. “Agradecer por estarmos vivos, por termos passado por tudo isso. Foi uma vitória chegar até aqui”.
Amiga de Silmara, a dona de casa Sônia Rodrigues de Abreu, de 40 anos, esteve na peregrinação pela primeira vez. Segundo ela, a experiência valeu a pena. Agora, pretende ir todos os anos. Sônia diz sequer ter sentido cansaço ou dores no corpo durante o longo trajeto, por conta de sua fé. “Graças à nossa santinha, não senti nem um pouquinho de dor nos pés, (algo do) que eu sempre reclamo”. Sônia deixou uma rosa aos pés da imagem da santa colocada no Santuário de Aparecidinha, como forma de gratificá-la e de pedir bênçãos a todos.
Arcebispo comemora volta
O arcebispo dom Júlio informou sentir uma mistura de sentimentos pela volta da tradição, após toda a tensão da pandemia. “De alguma forma, alívio, porque passamos pelo momento mais difícil. Esperamos continuar progredindo, melhorando nessa emergência pândemica. Também muita alegria”, destacou. “Ao mesmo tempo, gratidão à Nossa Senhora por nos ter sustentado, apoiado, ajudado a atravessar esse momento tão difícil”, completou.
De acordo ele, a peregrinação ainda foi, igualmente, uma maneira dos fiéis pedirem que a santa católica continue a interceder pela humanidade. “Continuamos pedindo para que superemos não só a crise sanitária, mas, também, todas as consequências que ela nos deixou; a crise econômica, as sequelas na saúde das pessoas, as dificuldades pelas quais estão passando as nossas famílias”, elencou.
Missas
Ao longo do dia, além da missa de abertura do evento religioso, houve mais quatro. Para marcar a chegada da imagem de Nossa Senhora, dom Júlio realizou a celebração em frente ao Santuário de Aparecidinha, por volta das 10h30. O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), e a primeira-dama, Sirlange Frate Maganhato, também estiveram presentes.
Depois, às 12h, o padre Júlio César Fernandes conduziu mais uma missa em frente ao Santuário Antigo. Já o Novo Santuário teve outras duas celebrações -- às 15h, com o padre Rubens da Silva Dalmazo, e às 17h, com o padre Willian de Almeida. Esta última encerrou a programação.
Em 1º de janeiro de 2023, acontecerá outra procissão, para levar a imagem de Aparecidinha de volta para a Catedral.