Parece o mesmo alimento, mas não é

Preço menor se torna um atrativo; ler o rótulo é a recomendação para não ser enganado

Por Thaís Marcolino

No mercado, a confusão pode ocorrer já que estão lado a lado nas gôndolas

Cada ida ao supermercado pode trazer surpresas aos consumidores que não ficam atentos às embalagens e descrição dos produtos. Casos em que, por exemplo, a bebida láctea e o leite ou o molho cremoso e o ketchup ficam lado a lado nas gôndolas do supermercado estão cada vez mais comuns. Essa prática faz parte dos chamados “alimentos mascarados” que tem aparência similar com os demais itens da prateleira, mas na verdade apresentam uma mistura na composição que nada se parece com o produto que o cliente gostaria de comprar e que, em sua maioria, tem o preço mais baixo, atraindo ainda mais devido a alta da inflação.

Para a indústria alimentícia as misturas são mais vantajosas pelo baixo custo de produção e tem mais saída dos supermercados pelo preço, explica a nutricionista Bruna Funes Patrocinio, de 35 anos. Além da bebida láctea e do molho cremoso, ainda é possível encontrar especialidade láctea no lugar de requeijão, queijo muçarela falso (com adição de amido de milho ou farinha na composição), entre outros.

Quem foi vítima por duas vezes dos produtos “mascarados” foi a funcionária pública de 46 anos, Andrea Santos. A primeira com a compra do que parecia leite em pó, mas na verdade era composto lácteo em pó e a segunda com o creme culinário que não era o que a cliente gostaria de adquirir no momento. O erro só foi percebido ao chegar em casa quando a funcionária pública foi ler com calma o que dizia na embalagem.

Depois da compra indesejada, Andrea passou a olhar com mais cuidado os rótulos e composição dos produtos porque acredita que as misturas podem provocar alguns problemas de saúde. “Eu percebi em casa, mas os idosos às vezes não conseguem enxergar no mercado as letrinhas miúdas que realmente informam os ingredientes”, diz.

De acordo com a realidade alimentar de cada pessoa, tais misturas podem causar problemas a longo prazo, já que elas são produtos alimentícios e não os alimentos em si, explica a nutricionista. Por isso, geralmente são ultra processados e são formulados com muitos aditivos, conservantes e aromatizantes para dar gosto, cheiro e aparência atraente.

Segundo o Procon Sorocaba, a venda dos produtos “mascarados” não é ilegal, mas é importante que a comunicação seja feita de maneira clara ao consumidor e com o precificação correta. Quanto a disposição dos produtos nas gôndolas, fica a cargo do estabelecimento comercial.

Caso o consumidor se sinta lesado, pode denúnciar ao Procon. É necessário encaminhar a descrição do produto e a foto da embalagem. Os canais são o site: http://procon.sorocaba.sp.gov.br/denuncia/, whatsapp: (15) 99198-2958, ou presencialmente. Há postos de atendimento na avenida Dr. Antônio Carlos Comitre, 331, Parque do Campolim, bem como nas Casas do Cidadão Ipanema (avenida Ipanema, 3439, Jardim Planalto), Nogueira Padilha (rua Coronal Nogueira Padilha, 1451, Vila Hortência) e Pátio Cianê Shopping (avenida Dr. Afonso Vergueiro, 823, Centro).

O melhor é optar pelos originais ou naturais

A analista de sistemas Soila Karla Lino Akamatsu Tardelli, 47 anos prefere os alimentos naturais e sempre vai ao mercado disposta a olhar com atenção os rótulos. “Sempre olho as letrinhas pequenas, mas na pressa muita gente acaba levando em consideração o que é mais barato e acaba tendo esse problema”, comenta. “Mesmo demorando um tempo a mais no mercado eu prefiro ter certeza do que estou levando para consumir”, esclarece Soila.

A maneira de Soila fazer as compras é a ideal de acordo com a nutricionista. “A leitura do rótulo é ter a consciência de que essa prática é a busca pela saúde. Quanto menos produtos na lista de ingredientes, melhor”, comenta a nutricionista. (Thais Marcolino)