Câmaras da região têm duas cassações na mesma semana
Dois vereadores da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) tiveram seus mandatos cassados por quebra de decoro parlamentar neste mês de julho. Em Votorantim, Murilo Piatti (PSDB) deixou de fazer parte do Legislativo no último dia 5. Uma semana depois, Cláudio dos Santos (PSL) também teve de deixar o cargo na Câmara de Tatuí. Ambos foram eleitos pela primeira vez em 2020 e agora estão proibidos de disputar eleições municipais e federais até 2030.
As polêmicas em torno da efêmera vida política de Piatti lhe valeram algumas punições antes de chegar à cassação. Um almoço generoso -- que custou mais de R$ 300, sem contar a gorjeta -- em um restaurante japonês fez com que o então parlamentar fosse afastado por 60 dias. Isso porque a refeição saiu por um valor correspondente a cerca de dez vezes o valor máximo autorizado para cada vereador da Casa, que é de R$ 30.
O gasto ocorreu no dia 26 de agosto de 2021, em uma área nobre da capital paulista. Já a suspensão do mandato ocorreu em 17 de março deste ano. Em 21 de maio, Piatti voltou à vereança, mas ainda corria risco de ser cassado por conta de uma viagem que seu ex-assessor, Davi Leandro de Souza, fez à Europa enquanto deveria estar prestando serviços em Votorantim.
No dia 7 de junho, o vereador protocolou um pedido de licença não remunerada por 90 dias. Com isso, a sessão de julgamento, que estava marcada para o dia seguinte, foi adiada. Em 5 de julho, nova data escolhida para a sessão, Piatti oficialmente deixou de integrar o Poder Legislativo de Votorantim, com oito votos favoráveis a cassação e um contra. Robson Vasco (PSDB), suplente do vereador cassado, assumiu a cadeira em definitivo.
Racismo
Cláudio dos Santos (PSL), conhecido como Claudião Oklahoma, perdeu o mandato em Tatuí após se envolver em um escândalo. No dia 25 de março deste ano, mensagens de WhatsApp com conteúdos racistas e misóginos, que teriam sido enviadas por ele, foram divulgadas na internet. Na ocasião, o vereador cassado confirmou ao Cruzeiro do Sul que realmente havia escrito os textos, entretanto, argumentou estarem descontextualizados.
Claudião tornou-se alvo de pedido de cassação por movimentos feministas e antirracistas. No conteúdo das mensagens, ele teria chamado uma mulher de “carvão queimado”, “chita”, “neguinha” e “paquita negra”. A vítima seria esposa do administrador de uma página no Facebook, com quem o então membro da Casa teria uma desavença política.
“Consegui fazer o impossível: unir a esquerda e a direita. Todos contra mim. Esse caso não tem nada de racismo. No fim, ele [administrador da página] pegou as mensagens de um grupo e encaminhou fora do contexto para outro. Conteúdos que envolvem mulher e partido político, sendo esta última a mais odiada do País. Quando pega pauta sobre mulher e negro, vira comoção nacional”, disse na época.
A sessão de julgamento começou na noite de 11 de julho e foi concluída na manhã no dia seguinte. Oklahoma deixou de ser membro da Câmara com 16 votos favoráveis à cassação. Ele foi substituído por seu primeiro suplente, Levi Soares (PSL).
As câmaras de Votorantim e Tatuí foram as únicas que registraram casos de cassação na atual legislatura (2020/2024). (Wilma Antunes)