FUA faz o transplante de sete árvores da sede para praça pública

Espécies são de pau-brasil, palmeira juçara, palmeira washingtonia e pitangueira

Por Virginia Kleinhappel Valio

Árvores precisaram ser removidas para construção de quadra poliesportiva da unidade 2 Colégio Politécnico

Reafirmando seu compromisso com o meio ambiente, a Fundação Ubaldino do Amaral (FUA) finaliza hoje (25) o transplante de sete espécies de árvores que estavam plantadas no terreno da instituição, para a praça Jornal Cruzeiro do Sul, localizada na avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes, em frente a Padaria Real. O trabalho da equipe teve início na manhã de ontem (24). Entre as espécies transplantadas estão o histórico pau-brasil e o palmeira juçara, ameaçados de extinção. A transferência das espécies para outro local ocorre devido à expansão da unidade 2 do Colégio Politécnico, que ganhará uma quadra poliesportiva coberta no local onde estão as árvores.

A questão ambiental é de extrema importância para a Fundação Ubaldino do Amaral e para o Colégio Politécnico, afirma o Presidente do Conselho de Administração da FUA, Hélio Sola Aro. Ele explica que essas espécies são de extrema importância para o meio ambiente e que o transplante para a praça Jornal Cruzeiro do Sul, além de fortalecer o compromisso com a preservação da natureza, leva à população a oportunidade de conviver com algumas árvores simbólicas e que, infelizmente, estão ameaçadas de extinção.

“Com esse transplante ensinamos aos nossos alunos do Politécnico a importância de preservar a natureza e reforçamos o nosso compromisso de proteger o meio ambiente. Tudo que a criança vê, ela aprende. Ter o Colégio e a FUA com ações ligadas à natureza ensinam às crianças e aos jovens questões ambientais que serão levadas para o resto da vida. É preciso preservar a natureza, para preservar a vida dos seres humanos e das demais espécies”, disse Hélio Sola Aro.

Para o gestor da FUA, Pedro Gimenes, a preocupação ambiental deve ser uma obrigação de todos. “Muitas empresas quando precisam utilizar uma área com vegetação, simplesmente pedem autorização e cortam as árvores. No nosso caso, optamos por fazer o transplante. Ou seja, pegar essas árvores adultas e transplantar para outro local, com todo cuidado. Em relação à obra do Colégio, ela é fundamental. Será uma quadra com medidas oficiais e toda a estrutura necessária para que práticas esportivas sejam realizadas diariamente no colégio”, disse o gestor.

O compromisso e preocupação com o meio ambiente ficam como exemplo para alunos do Poli e colaboradores da FUA. “É preciso ter um olhar para o meio ambiente quando melhorias como essa são realizadas. É bem bacana esse exemplo que a FUA está dando. Após serem levadas à praça, vamos cuidar delas, por isso trouxemos jardineiros, engenheiro agrônomo, biólogo botânico, e toda uma equipe com maquinário e equipamento que precisam ser utilizados para que essas espécies sejam transplantas com todo cuidado e respeito”, explicou Gimenes.

Ao todo, foram transplantadas sete árvores das espécies pau-brasil (2), palmeira juçara (1), palmeira washingtonia (3) e pitangueira (1). Todo o processo foi autorizado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Parques e Jardins (Sema).

Raras e em extinção

O transplante da árvore ocorre com a árvore viva, para que ela continue prestando as mesmas funções ecológicas em outro local. “Esse pau-brasil está lindo. É uma árvore estupenda, com grandes chances de crescimento e floração”, disse o biólogo especialista em botânica, Demis Lima.

O pau-brasil é nativo, mas não é daqui, ele é da área que compreende o Rio de Janeiro até o Nordeste. No caso do pau-brasil plantado na FUA, trata-se de uma árvore símbolo, plantada há muitos anos. Sua manutenção e preservação se tornou importante para os colaboradores da FUA.

Por ser uma árvore ameaçada de extinção, a lei não permite o corte do pau-brasil. Para que o transplante seja executado com sucesso, o biólogo explica que é preciso manter o máximo possível o sistema de raízes dessa espécie e de outras que serão remanejadas. “Na praça onde serão transplantadas, preparei o que eu chamo de berço, com uma terra muito boa e preparada. Utilizo também um sistema de cabeamento para ela ficar firme até que as raízes consigam crescer e se firmar de novo”.

Segundo o biólogo, a palmera juçara também é ameaçada de extinção devido a extração irregular de palmito. Já a palmeira washingtonia é uma espécie exótica, mas estão adultas e cumprirão sua função paisagística e ecológica.

Na praça Jornal Cruzeiro do Sul, as palmeiras ficarão entre os três Ipês existentes. A espécie pau-brasil mais nova será plantada num local onde receberá mais sombra, enquanto a mais velha ficará em um ponto mais ensolarado.

Cuidados no transplante

Além da preocupação e cuidado com as árvores, foi preciso um estudo para determinar o melhor momento para que o transplante ocorresse com sucesso. “Nessa época que estamos, de inverno e seca, a árvore está dormindo”, explicou o biólogo.

Outro fator determinante para que a espécie se adapte ao local onde foi transplantada é nortear o plantio. “Se esta copa está ao norte, esse pedaço tem que ser plantado ao norte. É preciso nortear a árvore no novo local da mesma maneira que está aqui. Sei onde está o norte, sul, leste e oeste de cada uma delas”, disse Lima. A fase da Lua também é importante. Estamos na lua minguante, momento em que a seiva fica concentrada na raiz e mantém a água no sistema radicular. “Estamos fazendo o transplante na lua e no mês certo”.

Para a retirada, a equipe diminuiu um terço da copa, e podou galhos que poderiam atrapalhar o transporte, feito num caminhão munck. As raízes foram envolvidas com juta, uma fibra natural, para não perder o solo ao redor da raiz e garantir que as bactérias e fungos que estão no solo permaneçam ali para a sobrevivência da espécie.

Lima disse que o transplante e o replantio não são a mesma coisa. “Isso é um transplante. No caso assim, se eu plantei árvores e elas morreram, eu tenho que fazer o replantio, por lei é isso. Morreu, tem que replantar. O transplante é você retirar uma árvore com vida, e com todos os cuidados citados, transplantar em outro local, com vida”.

“Estamos ganhando 20 anos aqui. Teríamos que esperar 20 anos para ter uma igual. A cidade perde se eu corto uma árvore adulta. Por isso, o ideal é transplantar. Na FUA estamos mantendo o ser vivo, não somente por serem árvores de interesse paisagístico, mas principalmente, pela raridade”, disse o biólogo. (Virginia Kleinhappel Valio)