Segurança de barragens inicia cadastro na segunda (31)

A iniciativa ocorre em áreas suscetíveis à inundação em caso de uma eventual ruptura da barragem ou descarga

Por Vanessa Ferranti

Funcionários da CBA visitarão pessoas que moram no entorno do rio Sorocaba

Começa na segunda-feira (31) o cadastramento de sorocabanos que residem em parte dos bairros localizados no entorno do rio Sorocaba. Trata-se de uma ação preventiva, para atender a nova Política Nacional de Segurança de Barragens, realizada pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), gestora das usinas hidrelétricas Itupararanga, Votorantim e Santa Helena, em parceria com o poder público. A iniciativa ocorre em áreas suscetíveis à inundação em caso de uma eventual ruptura da barragem ou descarga e, por isso, devem ser desocupadas a partir do acionamento de alarmes e da Defesa Civil.

Em Votorantim, o cadastramento acontece desde 5 de outubro e será concluído no fim deste mês. Até o momento, as equipes visitaram cerca de 1.200 imóveis da zona rural e de mais nove bairros da cidade: Vila Votocel, Vila Amorim, Barra Funda, Chave, Centro, Vila Dominguinho, Jardim Paraíso, Parque Morumbi e Protestantes.

Segundo a CBA, a medida é necessária, pois faz parte Plano de Atendimento Emergencial (PAE) que deve conter um levantamento cadastral e mapeamento atualizado da população existente na área de autossalvamento, à jusante das usinas, ou seja, residências, estabelecimentos comerciais e de utilidade pública, localizados imediatamente após às barragens.

Para o levantamento, funcionários da CBA, devidamente uniformizados e com crachás, visitam os locais, abordando as pessoas e solicitando que respondam um questionário de cadastro. A empresa alerta que todos os dados coletados serão utilizados apenas para fins de cadastramento populacional, respeitando a Lei de Proteção de Dados.

Essa é a etapa inicial do processo para a elaboração do PAE. O documento compreende também a implantação de sirenes, rotas de fuga, pontos de encontro e os simulados de emergências com exercícios orientativos periódicos para a comunidade com a participação da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros. Todas essas ações devem ser concluídas em 2023.

A CBA afirmou que o plano é uma ação de cumprimento da legislação e que não há comprometimento das estruturas das barragens.


Apesar do risco, probabilidade de ‘desastre’ na barragem é pequena

Engenheiro civil e de segurança do trabalho, o professor na Universidade de Sorocaba (Uniso), Mário Sérgio Killian, explicou que a Lei de 2020 da nova Política Nacional de Segurança de Barragens garante a observância de padrões de segurança, reduz as possibilidades de acidentes, e regulamenta ações de segurança, monitoramento, gerenciamento e gestão dos riscos.

Além disso, define procedimentos emergenciais e ação conjunta de empreendedores, fiscalizadores e órgãos de proteção e Defesa Civil em caso de incidente, acidente ou desastre, sendo o cadastramento uma das ações que o empreendedor das barragens deve executar dentro do Plano de Ação e Emergência.

Mas, mesmo tendo uma legislação para prevenir os desastres em barragens, muitas pessoas se perguntam quais são as chances de ocorrer um evento como esse na região de Sorocaba. Segundo o professor, apesar de existir riscos, há pouca probabilidade de um desastre ocorrer.

Porém, existe um boato na cidade de que se a barragem da represa de Itupararanga se rompesse, as águas atingiriam a torre da Catedral Metropolitana de Sorocaba, Para responder essa questão, o Cruzeiro do Sul publicou uma reportagem, em junho de 2020, sobre um estudo que mostra os efeitos de um possível rompimento da barragem.

Segundo a pesquisa, realizada pelo engenheiro civil Nilson Garcia Nunes, para o seu trabalho de conclusão de curso defendido no final de 2019, pela Uniso, a narrativa é falsa. Se o evento ocorresse, as águas atingiriam a Praça do Canhão. O pesquisador afirmou que a área que está dentro da mancha de inundação é segura. “A finalidade deste estudo é estritamente acadêmico, sem fins de objeto de denúncia, alarmismo, sensacionalismo ou histeria. A barragem é classificada como muito segura e com risco muito baixo”, escreveu Nunes em 2019.

Já em relação ao monitoramento das barragens, o professor Mário Killian explica que a ação é realizada através do acompanhamento do estado hidráulico do reservatório e das condições geotécnicas e estruturais da barragem, com inspeções de segurança periódicas definidas pelo órgão fiscalizador. (Vanessa Ferranti)