Chuva volta a causar transtornos

Sorocaba registrou, mais uma vez, alagamentos de casas, queda de árvores e interdição de vias

Por Thaís Marcolino

A região do Parque das Águas fez jus ao nome e voltou a registrar alagamento

A chuva que atingiu Sorocaba ontem (6) causou estragos, derrubou árvores e interditou ruas e avenidas da cidade. Segundo dados do Centro Nacional de Alertas e Desastres Naturais (Cemaden), em seis horas foram registradas quase 50mm de precipitação, causando problemas na rua XV de Agosto, entorno do Parque das Águas, Vila Rica, Jardim Santa Rosália e Jardim Piratininga, entre outros locais. A Defesa Civil alerta que o nível do rio Sorocaba continua elevado, um metro acima do considerado normal, por isso é necessário estar atento para novas possíveis ocorrências.

Na Vila Rica, por exemplo, é comum o transbordamento do córrego que fica ao lado do Canil da Guarda Civil -- e, em consequência, o alagamento de casas. Ontem, não foi diferente. Segundo moradores, a situação se agravou com o fechamento da fábrica Campari, na avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes, desativada em 2018. Segundo eles, a força da água empurra a vegetação morta e não há escoamento que dê conta.

O aposentado Álvaro Lopes Pereira, que mora no bairro há quase 50 anos, felizmente não teve prejuízos com a chuva por ter a residência em um nível mais elevado. Porém, ele contou à reportagem que nunca viu uma medida efetiva. “Enquanto não derem um jeito naquela fábrica, a gente vai continuar contando os prejuízos, porque não adianta fazer obra aqui sendo que o início do problema permanece”, lamentou.

Entretanto, não são todos os vizinhos que tiveram a mesma sorte. Uma moradora que preferiu não se identificar perdeu tudo. Logo no início da chuva o nível subiu rapidamente e ela não teve tempo de erguer os móveis. A água chegou acima do joelho e, quando baixou, deixou lama por todos os lados. Os vizinhos se uniram para ajudá-la. Outros moradores também tiveram água invadindo o quintal, porém sem grandes danos.

Equipes da Defesa Civil e de secretarias municipais, como a de Obras, também estiveram presentes para auxiliar as famílias e trabalhar na limpeza das ruas e casas. Um caminhão e uma retroescavadeira foram usadas para a retirada da vegetação do caminho.

O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) esteve no local no final da tarde para conversar com a população do bairro e disse à imprensa que o Executivo multará novamente a Campari pela situação e, se isso não resolver, entrará com medidas mais rígidas por meio da Secretaria Jurídica. “Esse estrago é maior por causa dessa vegetação. E não é só isso, a fábrica abandonada acaba servindo de abrigo para usuários de drogas, oferecendo risco para as pessoas”, comentou.

Ele também falou sobre a obra realizada pelo Serviço de Água e Esgoto (Saae) para que o problema das enchentes cessem na Vila Rica. “Estamos aumentando a tubulação do córrego em 20 vezes para que, independente da vazão, a água passe sem problemas. A expectativa é que a obra acabe em março”, estimou.

A reportagem do jornal Cruzeiro do Sul procurou a Campari Brazil, mas até o fechamento desta edição, não obteve retorno.

Outros pontos

Outros pontos da cidade também precisaram de atenção. Segundo levantamento da Defesa Civil e Urbes Trânsito e Transportes, houve alagamento no Jardim Matilde e no Jardim Piratininga; queda de muro no Santa Rosália e duas quedas de árvore no Jardim Ipê e na avenida Dom Aguirre. Ao todo 12 famílias foram atingidas durante temporal.

A escola Escola Estadual Professor Ezequiel Machado Nascimento, no bairro Santa Rosália, foi atingida por enxurrada e os corredores ficaram alagados. Também houve relatos de acúmulo de água na passarela do viaduto da rua João Wagner Wey sobre o quilômetro 101 da rodovia Raposo Tavares. Uma família ficou ilhada na avenida Dom Aguirre, porém o Corpo de Bombeiros resgatou a todos sem ferimentos.

A Urbes teve de operar em rotas alternativas oito linhas de ônibus que passam por estradas de terra. Além disso, agentes de trânsito orientaram os motoristas próximo aos pontos de interdição e alagamento.

Ajuda

Em todos os casos listados as famílias afetadas estão sendo amparadas pelo município, por meio da Secretaria de Cidadania (Secid) e do Fundo Social de Solidariedade (FSS). A população pode colaborar com doações ao FSS, pelo telefone (15) 3238-2503, pelo WhatsApp (15) 99108-4462 ou, ainda, presencialmente no Espaço Solidário, localizado na Avenida Rudolf Dafferner, 65, no Alto da Boa Vista, das 8h30 às 16h30. Dentre as principais necessidades dos atendidos, estão cestas básicas ou alimentos, eletrodomésticos, roupas, produtos de higiene pessoal e de limpeza. (Thaís Marcolino)