Figueiras são impróprias para os canteiros da avenida São Paulo

Raízes expostas racham o asfalto e tronco em forma de touceira atrapalha a visibilidade

Por Vanessa Ferranti

Moradores temem que a chuva e os ventos fortes deste verão provoquem quedas de árvores e acidentes no bairro Árvore Grande

 

Figueira é uma das espécies de árvores plantadas nos canteiros localizados na avenida São Paulo -- no bairro Árvore Grande, zona leste de Sorocaba. Além do grande porte, muitas das árvores existentes no local estão com as raízes expostas. Algumas delas quase atingem a rua e até já causaram rachaduras no asfalto. Em 4 de fevereiro, o Cruzeiro do Sul mostrou que o volume excessivo de chuvas e os ventos fortes dos últimos meses deixaram a população preocupada com a possibilidade de queda de árvores, transtornos e até mesmo vítimas. A previsão de mais chuva nos próximos dias fez o medo dos moradores e comerciantes aumentar, até porque, segundo os relatos, problemas já foram registrados na via durante as tempestades, em decorrência da vegetação.

Joleni Silvestre, de 52 anos, sempre viveu e trabalhou no bairro. Ela conta que presenciou, algumas vezes, acidentes próximos de sua residência e estabelecimento comercial, como a queda de galhos de árvores. Por isso, ela opina que alguma providência precisa ser tomada. “Caem galhos de árvores em cima de carros. Ligamos para a Prefeitura para (pedir) poda, mas (as árvores) crescem rápido. A Prefeitura deveria passar sempre verificando e fazer a poda”, sugeriu.

O líder de produção Maurício Marcelo de Oliveira também se preocupa com a situação. “Já ocorreu de cair galhos de um tamanho considerável e nós mesmos retirarmos. Eu nunca vi ninguém fazer uma avaliação em relação às árvores maiores e acredito que há risco de queda”, disse.

Raízes expostas

Entre as figueiras plantadas no canteiro central da avenida São Paulo há uma muito grande, com as raízes bastante expostas, quase atingindo a rua, ocasionando algumas rachaduras no asfalto. Nobel Enteado de Freitas, coordenador do curso de Ciências Biológicas da Universidade de Sorocaba (Uniso) e doutor em Biologia Vegetal Botânica comenta que não é possível afirmar o risco de queda das árvores apenas olhando cada uma delas, pois é preciso realizar uma avaliação técnica. Porém, o especialista afirma que as figueiras, por exemplo, foram plantadas em um local errado. De acordo com o coordenador, isso ocorre porque as pessoas compram as plantas em vasos, porém, elas crescem muito rápido e acabam sendo transferidas para os canteiros e calçadas do município. “Árvore, principalmente de canteiro central e de calçada, precisa ter manutenção para formar tronco único. Porque, se formar touceira, atrapalha a visão. Se ela tiver tronco único e formar a copa em cima fica muito mais adequada ao local, você tem uma visibilidade maior”, explicou.

O biólogo ressaltou ainda que se essas árvores forem retiradas do local, não é possível replantá-las, porém, no caso das figueiras, por exemplo, há a possibilidade de fazer uma reprodução vegetativa. “Se eu cortar e picar ela em galhos, dá para fazer mil mudas com ela. Normalmente não reproduzimos ela com sementes, porque as sementes delas não são férteis, então, normalmente, fazemos a reprodução que chamamos de vegetativa por galhos”, detalhou. Porém, para não ocasionar problemas, é importante que elas sejam cultivadas nas áreas corretas, como grandes parques. “É importante seguir o plano de arborização que Sorocaba já tem e plantar árvores adequadas de acordo com o local, porque isso (árvores inadequadas) só criam problemas”, salientou, acrescentando que “hoje existem pessoas que já criaram até vínculos afetivos com as árvores.” Sobre a grande figueira da avenida São Paulo, ele destacou que “é uma árvore linda, porém, infelizmente, está no lugar errado”.

Supressão técnica

Questionada, a Prefeitura de Sorocaba informou, por meio de nota, que a Secretaria do Meio Ambiente, Proteção e Bem-Estar Animal (Sema) realizou, na semana passada, a vistoria de 19 árvores da avenida São Paulo, entre figueiras, sibipirunas, ipês-amarelos, canafístulas e ficus, para analisar o estado fitossanitário, ou seja, a saúde da árvore. A Sema relatou que não há risco de queda, contudo, foi autorizada preventivamente a supressão técnica de seis exemplares, sendo dois ipês-amarelos, duas sibipirunas e dois ficus, em razão de senescência e/ou podridão no tronco, critérios previstos na Lei Municipal nº 8.903/2009. O órgão esclareceu que será feita a devida compensação ambiental pelo Município, por meio do plantio de 18 novas mudas em áreas públicas. (Vanessa Ferranti)