CBA muda cálculo do volume de Itupararanga
Empresa reduz a capacidade real de água e inicia uso do descarregador de fundo, mas garante que não há risco
A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que administra a represa de Itupararanga, adotou um novo sistema de cálculo do volume do reservatório e deu início, na quinta-feira (16), ao uso do descarregador de fundo da represa, um equipamento da barragem utilizado como alternativa adicional para defluência -- o escoamento da água do reservatório para o rio Sorocaba. As duas medidas, segundo a empresa, têm como objetivo controlar possíveis transbordamentos do rio.
“Com essa ação, evita-se que o nível do reservatório alcance a cota do vertimento de água pela barragem, o que ocorre pelos arcos da barragem. Apesar desse efeito ser normal na operação da usina, quando o reservatório alcança esse nível a empresa perde o controle da defluência, o que poderia gerar impactos à população”, explica a nota enviada ontem pela empresa ao Cruzeiro do Sul, em resposta a questionamentos sobre o rápido aumento do nível da represa.
A assessoria da CBA esclarece que a decisão foi tomada respeitando a regra operativa e por conta da grande incidência de chuvas dos últimos dias, que fez com que o nível da represa aumentasse consideravelmente, cerca de 30 cm em poucos dias. Neste sábado (18), o nível do reservatório estava em 823,01 m.s.n.m (metros acima do nível do mar).
Em relação ao novo cálculo do volume da represa, agora, o que passa a ser considerado como 100% do volume de água do reservatório é o montante capaz de ser armazenado atualmente. O valor é o correspondente à cota de vertimento, ou seja, 823,83m.
Segundo a companhia, o novo método foi implantado para evitar dúvidas sobre a real quantidade de água que o reservatório pode armazenar, sendo que caso o nível da água exceda a cota de 823,83 m, todo o volume de água adicional seria vertido e não seria armazenado. “Desta forma, o volume útil passa a ser considerado sempre com relação à capacidade de armazenamento e não sobre o volume máximo hipotético que o reservatório poderia chegar”, esclareceu a empresa.
O método anterior considerava que 100% do volume era equivalente ao reservatório totalmente cheio, até o nível da estrada, no caso da represa de Itupararanga. Mas, na prática, esse volume não poderia ser alcançado, uma vez que existem os arcos de vertimento e a água verteria antes de chegar ao nível que era considerado máximo.
A Companhia reiterou que possui um centro de monitoramento que faz a gestão e o controle do reservatório 24 horas por dia e que a barragem da Itupararanga está segura e não há risco de rompimento.
Manga critica
Em sua rede social, o prefeito Rodrigo Manga fez duras críticas à CBA devido ao novo cálculo de volume da represa. Manga disse que a CBA tem prejudicado a vida do cidadão sorocabano: “Nós oficializamos eles, pedindo para que reduzissem para 8 m³ a vazão da represa. Infelizmente, a resposta que eles deram é que iriam aumentar para 30 m³ a vazão. Eles acabaram de assumir que mudou a capacidade máxima, que agora a nova medida deles é de 60%. Eles estão com a capacidade máxima lá, prejudicando a cidade de Sorocaba”.
O prefeito disse ainda que entende o cuidado da represa, mas que é preciso ter responsabilidade. “Eles precisam ter um corpo técnico, pois é a população que está sofrendo com isso. Nós vamos protocolar no Ministério Público para acabar com essa bagunça que eles estão fazendo com a cidade de Sorocaba. Eu não vejo ninguém da CBA se preocupando. Olha, eu tenho uma admiração por vocês, mas vocês acabaram com a admiração. Vocês passaram do limite, porque não estão respeitando a população sorocabana, que tanto admirava o trabalho de vocês”.
A Prefeitura de Sorocaba protocolou requerimento no Ministério Público do Estado de São Paulo na sexta-feira (17), solicitando a mediação da Promotoria Pública para facilitar o diálogo entre o Município e o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) com a CBA, para que haja a redução da vazão da represa para o rio Sorocaba, o que, segundo a administração municipal, somado às fortes chuvas, vem contribuindo para a ocorrência de alagamentos na cidade. (Da Redação)