Crise das Americanas atinge empresas da RMS
Bravox, que fabrica alto-falantes em Itu, demitiu 163 trabalhadores. A Hersheys, de São Roque, também sentiu
A crise financeira das Americanas, que divulgou recentemente uma dívida muito maior da que era esperada em seu balanço financeiro, continua afetando outras empresas, de vários setores. Na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), por exemplo, afetou a Bravox, localizada em Itu, e que é considerada uma das maiores produtoras de alto-falantes para automóveis da América Latina. A própria empresa divulgou que demitiu 163 colaboradores por conta de instabilidade financeira, tendo sofrido reduções significativas em vendas, além de ter perdido algumas linhas de crédito.
Questionada a respeito, a Bravox, por meio de nota, informou que “a perda de linhas de crédito, em particular, foi um fator importante para a dificuldade financeira que a fábrica está enfrentando. Infelizmente, os bancos endureceram suas políticas de crédito depois do caso das lojas Americanas, o que dificultou ainda mais a situação da nossa fábrica. Reconhecemos o impacto negativo que o não pagamento das verbas rescisórias está causando nos colaboradores demitidos, que estão com dificuldades para acessar o seguro-desemprego. Por isso, reiteramos nosso compromisso em buscar soluções para essa questão o mais rápido possível”, ressalta. A Bravox é uma empresa brasileira e que foi fundada em 1953, com sede em Itu.
A crise financeira das Americanas também refletiu nas fábricas de chocolates do País, incluindo gigantes como a Nestlé e a Hersheys do Brasil, que possui uma fábrica na RMS, na cidade de São Roque.
Acordo
No último dia 9 de março, a Bravox e o Sindicato dos Metalúrgicos de Itu fizeram uma reunião para discutir a questão dos funcionários demitidos pela empresa. No encontro, que ocorreu na sede do sindicato da categoria, foi apresentado uma nova proposta de pagamentos das verbas salariais e rescisórias que foi apresentada os trabalhadores demitidos. “A proposta inclui novas datas de parcelamento dos valores devidos. É pertinente afirmar que foi efetuado um depósito no dia 10 deste mês na conta de todos os colaboradores desligados, e que a proposta foi aceita pela comissão de ex-colaboradores e pelo sindicato. Enfatizamos que, desde o início, a fábrica esteve ciente em cumprir com suas responsabilidades de resolver essa situação, mesmo em meio às dificuldades, mantendo o compromisso com todos”, informou a empresa.
Questionado pelo Cruzeiro do Sul sobre o acordo proposto, o sindicato informou que os trabalhadores demitidos estão recebendo as verbas rescisórias de forma parcelada e que eles já foram habilitados para receber as parcelas do seguro-desemprego. “O sindicato está dando toda assistência jurídica para os trabalhadores”.
Impacto empresarial
Para o professor e economista Marcos Antonio Canhada, da Universidade de Sorocaba (Uniso), a crise das Americanas acaba refletindo negativamente em várias empresas, de diferentes segmentos. Segundo ele, um dos maiores problemas é a dificuldade em conseguir crédito junto aos bancos, visto que as instituições financeiras estão fazendo mais exigências e cobrando ainda mais caro. “Gerou um cenário de maior desconfiança e os bancos estão muito mais cautelosos e exigentes e cobrando mais caro, para conceder crédito para as grandes empresas. E isso é resultado direto da crise das Americanas, então, as empresas precisam agir rápido e encontrar alternativas como buscar novos mercados e cortar gastos, e isso pode gerar demissões”, disse. (Ana Claudia Martins)