Sorocabanos adaptam, mas mantêm parte das tradições da Semana Santa

Por Thaís Marcolino

Isaura teve de fazer algumas alterações, mas não abre mão de celebrar com o marido José Carlos, a filha Rosângela e a neta Júlia

A Semana Santa, uma das celebrações mais importantes para os cristãos, mobiliza fiéis em todo o mundo por meio de homenagens, orações, meditações, retiros e muita devoção. No Brasil, a data é marcada também por tradições que envolvem, além de muita fé, a reunião das famílias. No entanto, as celebrações e costumes foram sendo adaptados ao longo do tempo. A reportagem do jornal Cruzeiro do Sul conversou com alguns sorocabanos para saber o que a data significa para eles e como a comemoram.

Para a família da dona Isaura Francisca Colombo, a celebração é feita, principalmente, por meio da união familiar. Ela e os parentes sempre fazem questão de comemorar, mas, por conta das adversidades, acabaram readaptando algumas coisas, principalmente no cardápio. “Hoje [sexta-feira] comemos peixe, evitamos a carne vermelha, sim. Em relação aos ovos de páscoa, antes comprávamos mais, agora nem tanto, deixamos um pouco de lado, mas de qualquer maneira acho a data muito importante de ser celebrada”, contou a aposentada de 72 anos. Neste ano a comemoração e o almoço de Domingo de Páscoa terão a presença do esposo José Carlos, da filha Rosângela e da neta Júlia.

Apesar de achar válida a adequação de algumas tradições, como foi criada na fé católica, a psicóloga Mayra Golob, de 31 anos, ainda mantém algumas coisas que ouviu de sua mãe, como não lavar o cabelo na sexta-feira e comer bacalhau no domingo, entre outros. “Mesmo fazendo algumas mudanças hoje em dia, para mim a permanência da tradição e alguns costumes é importante, porque isso é cultura, explica muito como somos. Sem cultura não somos nada”, analisou.

Já para William Oliveira, a data não tem mais o impacto que aprendeu durante anos com sua família, principalmente quando passou a estudar sobre o assunto. Hoje ele vê a Semana Santa como algo ligado ao lado mais político e comercial do que [à visão] bíblica. Por isso, nas datas comemorativas do catolicismo, respeita as tradições, se reúne com a família, mas não segue as “determinações”. “Antes eu praticava a Quaresma, ficava sem tomar refrigerante, por exemplo, mas agora não. Mas isso só ocorreu há uns 10 anos, antes eu fazia tudo o que a tradição mandava, porque eu fui criado dessa maneira. Para mim foi muito importante entender e estudar sobre isso”, disse o engenheiro civil de 35 anos.

Entretanto, há quem ainda siga à risca a tradição e ainda faça questão de passá-la adiante. A Isabele Batista Pereira, de 26 anos, e o Ítalo Freitas Ferreira Brito, de 32 anos, são casados e pais do Lorenzo e da Lorena, de 4 e 3 anos, respectivamente. Eles levaram as crianças para a celebração de ontem na Catedral Metropolitana de Sorocaba e contaram que seguem sem comer peixe na Sexta-feira Santa e que Domingo de Páscoa o tradicional bacalhau com a família não pode faltar. “Para a gente, a Semana Santa tem mais importância do que o Natal, por exemplo. Se não fosse esse acontecimento, essa data, nem estaríamos aqui. Então, passar para os filhos e vivenciar esse período da maneira que fomos ensinados é essencial”, finaliza Isabele. (Thaís Marcolino)