Só dois deputados eleitos pela região querem CPMI para investigar ataques
Jefferson Campos (PL) e Simone Marquetto (MDB) se manifestam pela apuração
Dois dos deputados federais que representam a Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) no Congresso Nacional são favoráveis à instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que busca investigar a invasão da Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro. Depois de Jefferson Campos (PL), que havia anunciado sua posição ainda em fevereiro, ontem foi a vez de Simone Marquetto (MDB) aderir, “diante dos novos fatos” -- referência à
divulgação de imagens, pela CNN Brasil, que mostram a ação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) nos ataques ao Planalto em Brasília (DF). A iniciativa do deputado André Fernandes (PL-CE) tem como objetivo descobrir os responsáveis pelos ataques, “garantir a inocência daqueles que apenas se manifestavam” e apurar se houve negligência por parte do governo Lula.
Campos, que também atuou como vereador em Sorocaba por duas ocasiões, de 1996 a 2002, afirmou em fevereiro que a medida é uma questão de transparência e deixou claro que não irá retirar sua assinatura da CPMI. Ele espera respostas e acredita que “é preciso investigar e combater aqueles que cometeram barbárie contra o patrimônio público, seja quem for”. Além disso, o deputado ressaltou que, se houve interferência ou inércia do governo, os responsáveis devem ser punidos ao rigor da lei. “Seguiremos em busca da verdade e manutenção da ordem do nosso País”, disse.
Ex-prefeita de Itapetininga, Simone Marquetto inicialmente evitava se pronunciar, mas ontem publicou em suas redes sociais: “Diante dos ‘novos fatos’ e ‘fatos reais’, é inadmissível a imagem de um ministro com comportamento de baderna no Palácio do Planalto! Comunico que acabo de assinar a CPMI do dia 8 de Janeiro”. Ela refere-se ao fato de as imagens mostrarem o general Gonçalves Dias, então titular do GSI, interagindo com os invasores. Após a divulgação das imagens, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, pediu demissão do cargo.
Vitor Lippi (PSDB-SP), que foi prefeito de Sorocaba de 2005 a 2012, tem uma posição diferente. Ele declarou que não planeja apoiar a CPMI como deputado federal. Em fevereiro, o parlamentar já havia afirmado que não existia informações suficientes sobre o caso para que a comissão pudesse desenvolver seu trabalho de forma adequada. O foco de sua atuação parlamentar, segundo Lippi, está concentrado na reindustrialização e na reforma tributária do País. Para o deputado, a instauração de uma CPMI neste momento poderia causar tumulto, além de atrapalhar seus projetos. “Estou trabalhando pelas reformas necessárias para o desenvolvimento do Brasil e acredito que a instauração da CPMI somente as atrasaria. Por isso, não vejo como uma prioridade para o meu mandato no momento”, concluiu o ex-prefeito.
A assessoria de imprensa da deputada Erika Hilton (Psol-SP), que representa Itu, não respondeu às tentativas da reportagem, assim como nunca respondeu a nenhum questionamento enviado pelo Cruzeiro do Sul.
Kataguiri
O deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) nasceu na cidade de Salto, mas tem um amplo eleitorado espalhado pelo Estado e já se pronunciou sobre o assunto. Em seu canal no Youtube, ele afirmou que as imagens divulgadas pela CNN, que mostram agentes do GSI convivendo pacificamente com os invasores em Brasília, explicam por que o Governo Federal queria manter o sigilo das imagens. Durante a sessão ordinária, o parlamentar declarou: “Militares do GSI dentro do Palácio do Planalto serviram água para os invasores e para os vândalos. Para mim, está claro que houve cometimento de crime por parte do ministro do GSI e que esta é a razão pela qual, no ‘tapetão’, o governo conseguiu ontem impedir a leitura da instauração da CPMI do dia 8”. (Wilma Antunes)