ONGs não dão conta de tanto pet abandonado

Entidades precisam de parcerias para cuidar e abrigar cães e gatos deixados nas ruas ou maltratados

Por Thaís Marcolino

Após prestar atendimento básico, ONGs buscam lares para os bichinhos entregues aos seus cuidados

 

Quando um cão ou gato é encontrado em situação de abandono ou maus-tratos, seja na rua ou não, as organizações não governamentais (ONGs) estão entre os primeiros locais lembrados pela população para levá-los. O levantamento mais recente do Instituto Pet Brasil (IBP), realizado em conjunto com 400 instituições de todo Brasil, apontou que o País tem hoje cerca de 185 mil animais abandonados ou resgatados sob tutela das organizações sem fins lucrativos e grupos de protetores, sendo 60% resgatados após maus-tratos e 40% são frutos de abandonos.

Entre os principais motivos para o abandono, de acordo com uma pesquisa publicada pela Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), estão os problemas comportamentais dos cães (46,8%); mudanças na disponibilidade de espaço ou nas regras de conduta social do espaço ocupado pelo ser humano (29,1%); o estilo de vida do tutor (25,4%) e a diferença entre a expectativa ao adquirir o cão e a realidade de cuidados necessários (14,9%).

Vale lembrar que, desde 1998 abandonar animais é considerado crime, de acordo com a Lei 9.605/98. Em 2020, com a aprovação da Lei Federal 14.064/20, o tutor identificado pode receber pena de até cinco anos de reclusão.

Mas quando o animal entra para essa estatística, geralmente, os grupos e órgãos de acolhimento são acionados. Em Sorocaba, além da Unidade de Proteção e Bem-Estar Animal da Secretaria de Meio Ambiente, Parques e Jardins (Sema), ONGs buscam cuidar e dar uma nova chance para o cãozinho ou bichano. Para tanto, essas entidades dependem de ajuda para continuar com os trabalhos.

Falta atendimento

Entre tantas que realizam o serviço na cidade está a Associação Protetora dos Animais de Sorocaba (Spaso) e a Associação Anjos e Protetores de Sorocaba. Ambas relataram à reportagem do jornal Cruzeiro do Sul que oferta de atendimento não supre a demanda. Isso acorre devido à falta de espaço, recursos, profissionais capacitados e a falta de consciência da população.

Atuando há mais de 40 anos no segmento de abrigo, atendimento à denuncias de maus-tratos, eventos e encontros de adoção responsável e atendimento médico veterinário, a Spaso abriga cerca de 280 animais em sua sede, no Jardim Itanguá. Outros 650 estão sob a tutela da associação, ou seja, cães e gatos que vivem em lares de parceiros e recebem auxílio gratuitamente (comida e tratamento médico, entre outros).

“É comum também deixarem caixas com animais na nossa porta à noite. Queremos abrigar a todos, claro, mas não temos espaço. Não adianta nada a gente colocar mais e mais animais e não dar o mínimo de dignidade a todos. Por isso, acolhemos, a princípio, as fêmeas prenhas (grávidas) e cães e gatos com enfermidade. É preciso ter muita consciência quando alguém opta por adotar ou ter um bichinho em casa”, explica Vanderlei Martinez, responsável pela Spaso.

Agora, o que a associação do Jardim Itanguá mais precisa é de remédios, já que, quando procurada por tutores oferece gratuitamente os medicamentos. “Mas qualquer doação é bem-vinda, sobretudo valores em dinheiro para compra de ração”, complementa Martinez. Para saber mais e oferecer ajuda, basta entrar em contato pelos telefones (15) 98134-7452 ou (15) 3221-6714, ou nas redes sociais pelo perfil @spasosorocaba.

Outra ONG que também atua na causa animal, sobretudo na posse responsável e trabalho educativo, é a Associação Anjos e Protetores. Diferente da Spaso, ela não tem uma sede própria (abrigo), por isso, os animais resgatados ficam em lares temporários, fazendo com que o número de resgatados seja limitado.

Hoje, a Anjos e Protetores tem sob sua tutela 104 animais, sendo 56 cães e 48 gatos. Ela resgata os animais em casos extremos de doença, prenha e, quando há lares temporários disponível, bichinhos com outras características. “Quando alguém nos procura falando que não pode ficar com o bicho, por exemplo, orientamos sobre a situação e ajudamos no possível. Também abrimos espaço nos eventos de doação, que acontecem todo sábado”, esclarece Eliane Consorte, presidente da ONG Anjos e Protetores.

Entre os itens que a associação mais precisa para continuar o acolhimento estão ração sem corante para cães e gatos e ajuda financeira para custear tratamentos de saúde. A ONG aceita pix pelo CNPJ 28.488.752/0001-62. Outras informações podem ser obtidas no site www.anjoseprotetores.com.br/.

Castração

Com o objetivo de promover o controle populacional de cães e gatos e, assim, reduzir o número de animais abandonados, bem como prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida dos bichinhos e da população de forma geral, a castração, além de ser o método mais garantido para o controle populacional, também diminui a probabilidade de tumor de mama e de próstata, além de doenças infectocontagiosas.

Por isso, a Prefeitura de Sorocaba, dobrou a capacidade do serviço de castração de cães e gatos no município. Além das 5 mil vagas oferecidas nas etapas do Mutirão de Castração, a partir do mês de maio, a Sema vai oferecer mais 5 mil vagas para cirurgias de animais domésticos na Seção de Proteção e Bem-Estar Animal, localizada no Jardim Zulmira, totalizando 10 mil procedimentos gratuitos neste ano. O programa também inclui a microchipagem de cães e gatos.

Informações sobre agendamento para castração devem ser divulgadas em breve pela Seção de Proteção e Bem-Estar Animal da Sema. O setor está localizado na rua Rosa Maria de Oliveira, 345, ao lado do Instituto Humberto de Campos, no Jardim Zulmira, e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (15) 3202-8006. (Thaís Marcolino)