Vereadores propõem moções alheias aos interesses de Sorocaba

Os vereadores de Sorocaba apresentaram 110 moções na Câmara Municipal desde 2021. No entanto, apenas 13 delas mencionam o nome da cidade e tratam de assuntos relevantes para o município. As demais moções abordam temas variados e distantes da realidade local, como o repúdio ao Governo da Coreia do Norte e à jornalista Maju Coutinho, da Rede Globo. Confira abaixo alguns dos assuntos debatidos no Legislativo sorocabano.

O vereador Dylan Dantas (PSC) criticou desde a fala de um prefeito mineiro sobre autistas até a anulação das condenações de Lula pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar também repudiou dois casos envolvendo drogas e violência em escolas de outros Estados. Além disso, duas jornalistas foram alvo de suas moções: Maria Júlia Coutinho, da Rede Globo, por dizer que o “choro é livre” diante das medidas restritivas da pandemia; e Daniela Lima, da CNN Brasil, por minimizar a morte de um Policial Militar durante uma operação em Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Dantas também criticou um vereador paranaense, um professor roraimense, os humoristas Danilo Gentilli e Fábio Porchat, uma declaração de Lula sobre aborto e uma suposta censura à imprensa nacional.

Ítalo Moreira (PSC) criticou o STF, por “favorecer” Lula; a Procuradoria Geral da República (PGR), por banir Danilo Gentilli do Twitter; e o governo comunista da Coreia do Norte, de Kim Jong-Um. Ele ainda criticou o governo da China, por perseguir políticos e jornalistas, e também repudiou um vereador paranaense.

Em geral, as moções de aplauso da Câmara são destinadas a reconhecer ações relevantes na região. Entre as iniciativas, estão o trabalho da Guarda Civil Municipal (GCM), do Corpo de Bombeiros e dos profissionais da saúde, bem como a conquista de jovens talentos, como Elisa Flemer, que se destacou no ensino domiciliar. Além disso, o Legislativo também reconhece o trabalho de entidades assistenciais locais e dos deputados que trouxeram emendas parlamentares para a região. Contudo, algumas moções citam iniciativas de outras localidades, como a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio Grande do Sul (OAB-RS) e o indiciamento de parlamentares no Rio Grande do Norte.

O ano de 2023 já registrou nove moções na Câmara, sendo quatro de repúdio, duas de aplauso e três de apoio. O vereador que mais se destacou nesse tipo de proposta foi Aith (PRTB), com três moções. Ele repudiou o comportamento da primeira-dama, Janja Lula da Silva, no Carnaval, e o do ministro da Justiça, Flávio Dino, em relação à sua fala sobre a legislação do certificado de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Em contrapartida, ele aplaudiu a professora Cinthia da Silva Barbosa, que conteve um aluno armado com uma faca na Escola Estadual Thomázia Montoro, na cidade de São Paulo.

Outro que apresentou moção de repúdio foi Cícero João (PSD), contra o ator sorocabano Paulo Betti, que chamou os vereadores de “babacas” por proibirem a marcha da maconha na cidade. Fernanda Garcia (Psol), Francisco França (PT) e Cristiano Passos (Republicanos) também propuseram moções -- uma cada um --; enquanto Ítalo foi o autor de duas. (Wilma Antunes)