Veículos na contramão levam risco ao Campolim

Moradores denunciam desrespeito de motoristas na rua Carlos Eugênio de Siqueira Salerno

Por Virginia Kleinhappel Valio

Embora seja de mão única desde março do ano passado, motoristas ainda insistem em usar a via para acessar a avenida Professora Izoraida Marques Peres

Desde 18 de março de 2022, a rua Carlos Eugênio de Siqueira Salerno, no Parque Campolim, que antes era mão dupla, passou a ser mão única, no sentido da rua Raphael Dias da Silva. A mudança, no entanto, não agradou a alguns motoristas que utilizavam a via para chegar mais rápido na avenida Professora Izoraida Marques Peres. Mesmo com sinalização, cenas de veículos entrando na contramão, principalmente durante a noite e a madrugada, se tornam frequentes.

A alteração executada pela Secretaria de Mobilidade (Semob) atendeu a um pedido dos próprios moradores do local, por meio de um abaixo-assinado. “Para nós que moramos aqui, essa mudança foi a melhor coisa que existiu no mundo. Não tínhamos sossego. Não conseguíamos sair da garagem”, conta Karla Adriana Said, síndica e moradora do prédio de número 565 da via há dez anos.

Da sacada de seu apartamento, Karla consegue ver os veículos na contramão. Nem com gritos de moradores os motoristas respeitam o novo sentido da rua. “Vejo vários entrando na contramão, até morador de um prédio ao lado. Quando gritamos, alguns pedem desculpa, outros ignoram e tem também os que xingam. Escuto até freadas de carros”. Segundo ela, os que mais entram na contramão são os motoboys, que chegam a subir com a motocicleta na calçada para não ir pela rua.

O desrespeito à sinalização já causou até acidente. Em fevereiro, um motoboy que trafegava no sentido correto da rua bateu em um carro que estava saindo de uma pousada 24 horas na contramão. Para a síndica, a instalação de câmeras resolveria o problema, pois “quando dói no bolso, a pessoa aprende”, disse.

Outra medida que a moradora sugere é a abertura de duas ruas paralelas à Carlos Eugênio de Siqueira Salerno que, atualmente, são sem saída. “Seria uma ‘mão na roda’, porque uma delas cairia na rua que dá acesso ao shopping. Já fizemos esse pedido à Prefeitura, mas os moradores de lá fizeram uma pracinha com plantas no final da rua e usam isso como justificativa para impedir a mudança. Disseram que não teriam sossego. Mas a gente pode não ter sossego?”

Neide Pereira, de 64 anos, mora no prédio número 542 da rua há 20 anos e era síndica até três meses atrás. Ela conta que já presenciou veículos entrando na contramão no final da tarde e também considera os motoboys os maiores infratores. “Os entregadores são os que mais entram na contramão. Eles vêm da Leroy e entram na rua para cortar caminho”. Para ela, uma maneira de solucionar o problema é a fiscalização frequente na via. “Tem que ter fiscalização por mais tempo, para que as pessoas saibam que é contramão!”.

Quem também acredita que a fiscalização ajudaria é Tereza Tenório, de 60 anos. Ela mora há cinco anos no prédio número 365 da rua e também é síndica. “Uma fiscalização ajudaria muito, aplicando multas. Embora tenha placas, as pessoas só aprendem quando pesa no bolso”.

Tereza também diz que muitos carros entram na contramão e que a maioria é motocicleta. “Geralmente, é à tarde e à noite. Um veículo quase bateu no carro da minha filha e também do meu filho, quando eles estavam entrando na garagem”.

Na opinião de Tereza, a mudança trouxe melhorias, pois, segundo ela, antes era impossível sair da garagem devido ao fluxo de carros. Ela concorda com Karla sobre a abertura das paralelas. “Se abrissem essas ruas sem saída acabariam os problemas. A quantidade de carros que passam pelo local também melhoraria muito (diminuiria). Ia ser bom para todos, não só para os moradores”.

Reforço na fiscalização

Em nota, a Semob informou que a mudança na rua Carlos Eugênio de Siqueira Salerno atendeu a uma demanda muito antiga dos moradores, mas, também, ocorreu devido às obras de pavimentação do trecho final da rua Augusto Lippel. A pasta ressaltou que o local está devidamente sinalizado e prometeu reforçar a fiscalização como forma de coibir irregularidades.

A última etapa das obras na rua Augusto Lippel foi iniciada em fevereiro, para propiciar a ligação da via com a rua Heloísa Oliveira Evangelista, nas proximidades do trevo de acesso à rodovia Raposo Tavares, atrás da Leroy Merlin.

A previsão é que essa intervenção esteja concluída até o segundo semestre deste ano. “Depois de concluída a pavimentação, a rua Augusto Lippel melhorará a fluidez no tráfego de veículos em toda essa região”, explicou a Semob.

A Secretaria de Mobilidade pede aos motoristas que redobrem a atenção quanto à mão de direção e à velocidade máxima permitida no local. “Equipes de engenharia de trânsito, paralelamente, já analisam se haverá a necessidade de redutores de velocidade ou outras sinalizações e medidas de trânsito no local”, concluiu a pasta municipal. (Virginia Kleinhappel Valio)