Bardella quer retomar atividades na cidade

Empresa passa por processo de recuperação judicial e já quitou parcela significativa de débitos

Por Wilma Antunes

A unidade de Sorocaba teve suas operações interrompidas devido à paralisação generalizada de projetos no País entre 2013 e 2014

A empresa Bardella considera retomar suas atividades em Sorocaba, quase cinco anos após encerrar suas operações na cidade. Atualmente, a companhia passa por um processo de recuperação judicial, o qual permitiu o pagamento de uma parcela significativa dos credores trabalhistas, com garantias reais. No entanto, essa situação também resultou em uma redução da capacidade financeira da empresa em comparação com seu estado anterior à crise.

Segundo Eduardo Fantin, diretor-presidente da Bardella S/A Indústrias Mecânicas, a planta da empresa em Sorocaba desempenha um papel fundamental em suas operações, pois possui a capacidade de produzir uma ampla variedade de equipamentos pesados para os setores de geração hidrelétrica, geração nuclear, petróleo e gás, portos, mineração e movimentação de cargas especiais. Além disso, a unidade abriga o único laboratório hidráulico privado do País, equipado para realizar testes em modelos reduzidos de comportas, eclusas, barragens e condutos forçados, entre outros.

“Esta unidade foi responsável por ensaiar modelos para as maiores usinas hidrelétricas e eclusas fluviais instaladas no Brasil e na América do Sul. A Bardella está acompanhando de perto a evolução dos mercados em que atua e, dependendo dessa evolução, a empresa acredita ser possível retomar suas atividades nesta unidade”, ressaltou Fantin.

Hibernação

A unidade de Sorocaba teve suas operações interrompidas devido a uma drástica redução na carteira de encomendas da empresa, resultante da crise entre 2013 e 2014, que impactou severamente o setor de bens de capital por encomenda devido ao início da operação Lava Jato. Essa investigação de grande escala desmantelou um esquema de corrupção envolvendo várias estatais, especialmente a Petrobras. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), diretores e funcionários de estatais exigiam propinas de empreiteiras e outros fornecedores para facilitar a prestação de serviços.

Esse cenário resultou em uma paralisação generalizada de projetos, seguida por uma crise de inadimplência e, consequentemente, uma significativa queda nos investimentos em infraestrutura, que persiste até hoje, conforme explicou Fantin. O encerramento das operações da Bardella em Sorocaba foi impulsionado pela retirada, no final de 2018, de um importante projeto que estava sendo desenvolvido para a área de geração nuclear.

“Os desafios financeiros são os principais obstáculos a serem superados para uma possível reativação. Isso se deve ao fato de a empresa ainda necessitar de apoio financeiro, principalmente em termos de garantias, que são fundamentais para obter novos contratos”, disse Fantin. Ele também afirmou ter esperanças de receber apoio do Governo Federal e de seus instrumentos de fomento, a fim de superar essas dificuldades de maneira mais ágil.

Expectativas altas

Apesar de a Bardella não ter estabelecido nenhuma parceria oficial ou apoio definido para a reativação da unidade no município, as expectativas são promissoras, conforme Fantin. Ele explicou que a retomada das atividades ocorrerá de maneira gradual e economicamente sustentável, à medida que novos projetos forem sendo concretizados.

Segundo ele, a empresa tem recebido apoio do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba (SMetal), por meio do presidente Leandro Soares e de sua diretoria. “Essa parceria reflete um importante amadurecimento no relacionamento entre a empresa e o sindicato. Esperamos conquistar novos contratos para sustentar o retorno de nossas atividades”, enfatizou o diretor-presidente.

Na perspectiva de Fantin, a retomada das atividades também exigirá a contratação de novos colaboradores na cidade, o que terá um impacto gradual na geração de empregos de alta qualificação na região. O representante da Bardella ainda mencionou que a empresa teve algumas conversas com órgãos governamentais sensibilizados com a situação e empenhados em buscar algum tipo de apoio para o setor.

A reportagem procurou o presidente do SMetal e entrou em contato com a assessoria de imprensa da instituição, porém, até o fechamento desta reportagem, não obteve resposta para os questionamentos enviados. (Wilma Antunes)