FUA comemora 59 anos e segue investindo em educação, filantropia e comunicação

Entidade ainda presta assessoramento ao Terceiro Setor, aliando modernidade com seus princípios basilares

Por Vinicius Camargo

Instalações da unidade 2 do Colégio Politécnico e do jornal Cruzeiro do Sul, no Alto da BoaVista

A Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), mantenedora do jornal Cruzeiro do Sul e do Colégio Politécnico, completa 59 anos amanhã, 31 de julho. Instaurada em 1964, por meio da Loja Maçônica Perseverança III (PIII), a entidade atua em três pilares — comunicação, com o matutino; educação, com a escola; e filantropia, por meio do assessoramento prestado ao Terceiro Setor. Para membros da FUA, alcançar quase 60 anos de história é resultado do trabalho social desenvolvido pela fundação, aliado à modernização constante, mas sempre garantindo a preservação de seus princípios.

Segundo o Presidente do Conselho de Administração da Fundação, Hélio Sola Aro, a entidade se atualiza em conformidade com as transformações sociais. Porém, mesmo diante das mudanças, se mantém fiel a sua credibilidade, ética, atuação correta e de procurar fazer o melhor sem erros. “A modernização é necessária e natural, o tempo evolui e se transforma muito rápido. Precisamos estar atualizados para poder ter o vigor necessário para seguir em frente. É importante fazer parte deste mundo em constante transformação. Estamos construindo condições para que a FUA tenha uma existência muito longa”, disse.

Para o presidente, o olhar no futuro, sem esquecer da sua essência e missão, é a principal receita de longevidade da fundação. “O que foi pensado na criação da FUA como seus principais objetivos, sempre foram lapidados e seguidos rigorosamente por seus administradores, com isso, mantendo-se padrões éticos, de família. Nesses 59 anos, se preservou a essência, e a nossa longevidade está diretamente ligada aos objetivos traçados e sendo alcançados”, pontuou.

Ainda de acordo com Hélio Sola Aro, outro diferencial da Fundação Ubaldino do Amaral é o foco no trabalho social, proporcionado pelos três pilares. Nesse sentido, Laelso Rodrigues, único instituidor vivo da entidade, lembra que ela iniciou as suas contribuições junto à sociedade antes mesmo de ser instalada. Isso porque a Loja Maçônica Perseverança III, a qual está vinculada até hoje, criou, há 150 anos, a primeira escola para escravos e seus filhos em Sorocaba. Depois, abriu uma unidade de ensino para adultos analfabetos.

Já quando a FUA se estruturou de fato, ampliou o seu engajamento com a educação da população, tendo firmado convênios com instituições da cidade, a fim de oferecer bolsas de estudos para alunos sem condições de custeá-los. Durante anos, milhares de estudantes foram beneficiados.

Em 1999, a entidade deu um passo ainda maior e inaugurou o seu próprio colégio — o Politécnico. De 2000 a 2015, a escola foi totalmente gratuita. Mesmo a partir de 2016, quando passou a cobrar mensalidades, manteve as bolsas de estudos. Conforme Laelso Rodrigues, a fundação tem a educação como um dos alicerces centrais por acreditar no seu poder transformador da realidade de uma pessoa, das demais ao seu arredor, do meio em que ela está inserida e até do País. Sola Aro concorda. De acordo com ele, como os cidadãos vivem em um ambiente coletivo, a educação adequada é essencial para o futuro da sociedade como um todo. “A FUA deseja um mundo melhor a todos, uma sociedade mais justa e perfeita, sua contribuição é proporcionar educação de qualidade ao maior número possível de pessoas. Uma criança, um jovem com ensino de qualidade estarão melhores preparados para a vida”, falou.

De acordo com Marco Aurélio Laham Dottore, Presidente do Conselho Superior da FUA, todas essas assistências propiciadas pela entidade revertem-se em prol do própria comunidade, porque os estudantes beneficiados fazem a diferença no município. “Os milhares de alunos formados com o apoio da FUA ajudaram a escrever a história de Sorocaba. São motivo de orgulho para nós e nosso maior incentivo para continuarmos trilhando esse caminho”, apontou.

Jornal Cruzeiro do Sul

Laelso Rodrigues também considera o Cruzeiro do Sul um instrumento educacional enquanto fonte de informação confiável sobre os mais diversos assuntos. Ele completa que, assim como ocorre com a FUA, o jornal se moderniza constantemente, para chegar até o leitor onde ele está, mas conserva, de maneira sólida, o compromisso com a verdade, a credibilidade e a ética. “Apesar de o mundo ter mudado muito, com as novas tecnologias, a inteligência artificial, o Cruzeiro do Sul ainda tem uma responsabilidade de realmente dar a notícia certa e não como acontece, às vezes, nas redes sociais, em que são divulgadas fake news”, reforçou.

O instituidor da FUA ainda destaca que o matutino é fonte de conhecimento para todas as gerações. As crianças se divertem e aprendem com o Cruzeirinho. O suplemento infantil, inclusive, chega a muitas delas gratuitamente, com a distribuição nas escolas municipais de Sorocaba e Votorantim. Já os adultos podem, diariamente, ampliar o seu repertório de saberes, a partir de matérias variadas a respeito de temas locais, nacionais e internacionais. Nesse aspecto, segundo Marco Aurélio Laham Dottore, o Cruzeiro, com sua transparência, contribui para tornar os leitores independentes, por meio do incentivo à construção do pensamento crítico. “Ao meu ver, essa é a melhor maneira de defender a liberdade dos indivíduos, levando informações para que cada pessoa possa avaliar e tirar suas próprias conclusões”, opinou.

Além disso, conforme Laelso, o periódico, igualmente, pode ser considerado um acervo de todos os fatos registrados na cidade, no Brasil e no mundo, tendo eternizado, até agora, a história de mais de um século em suas páginas. “É um arquivo histórico. Tudo o que aconteceu nos últimos 120 anos está no Cruzeiro do Sul, desde o primeiro jornal, por meio das suas edições digitalizadas”.

Filantropia

Assim como a educação e a comunicação, as atividades filantrópicas realizadas pela entidade têm com objetivo ajudar a mudar vidas. Nesse sentido, a fundação assessora entidades sociais, coligadas ou não, mediante captação, e não auxílio financeiro. Atualmente, a maioria das instituições beneficiadas é ligada à PIII, sendo o Lar Escola Monteiro Lobato, a Associação Protetora da Inclusão Social de Sorocaba (Apis), o Serviço de Obras Sociais (SOS), a Liga Sorocabana de Combate ao Câncer e a Vila dos Velhinhos.

De acordo com Hélio Sola Aro, a ajuda oferecida às organizações se estende, consequentemente, para as pessoas por elas atendidas. Dessa forma, o alcance do apoio promovido pela FUA é amplo. “A filantropia é necessária enquanto não temos um mundo justo e perfeito. Muitas pessoas enfrentam dificuldades enormes, já que o Poder Público não consegue atendê-las em suas demandas”, comentou. “Temos muitas entidades assistenciais em Sorocaba e região que necessitam de ajuda para se manter e ampliar suas ações. A carência delas, em muitas áreas, é muito grande. Devemos ajudar a cuidar de quem precisa. Lógico que temos limites, mas, nos planos da FUA, está sempre presente a ideia de aumentar essa colaboração”, emendou.

Evento

Uma comemoração conjunta foi realizada ontem (29) celebrando além dos 59 anos da FUA, os 154 anos da Loja Maçônica Perseverança III e os 34 anos da Fundação Cultural Cruzeiro do Sul, mantenedora da rádio Cruzeiro FM, ambos em 31 de julho. O evento foi no salão de festas do Lar Escola Monteiro Lobato.

História

A Fundação Ubaldino do Amaral foi criada dentro da Loja Maçônica Perseverança III, de Sorocaba. A entidade iniciou as suas atividades a partir da compra da Editora Cruzeiro do Sul S/A, avalizada pelos seus 21 instituidores. A entidade carrega o nome de Ubaldino do Amaral Fontoura (1842-1920), um dos fundadores da PIII e da Estrada de Ferro Sorocabana (EFS). Ela é gerida por um Conselho Superior, composto por 84 membros, e por uma Diretoria Executiva. Todos os integrantes trabalham de forma voluntária e abnegada, não recebendo qualquer remuneração, vantagem ou benefício. O Conselho, órgão supremo da FUA, realiza eleições para escolher os novos integrantes da Diretoria a cada biênio. (Vinicius Camargo)