Sorocaba registra 88 estupros de vulneráveis no 1º semestre

Por Vanessa Ferranti

Os casos contra crianças e adolescentes são tratados pela Delegacia de Defesa da Mulher

O município de Sorocaba registrou, nos seis primeiros meses deste ano, 88 estupros de vulneráveis, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP). Isso corresponde a 75% do total de 118 estupros no período -- somente em 30 as vítimas não eram pessoas vulneráveis. No primeiro semestre do ano passado, o total desse tipo de delito também foi de 118, sendo 86 estupros de vulneráveis e 32 de outras vítimas.

Os números mostram que a violência sexual contra crianças e adolescentes continua sendo um grande problema na sociedade. De acordo com a Alessandra Silveira, delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sorocaba, esse tipo de delito é praticado com mais frequência contra meninas na faixa etária de 13 e meninos com menos de 9 anos.

Além disso, a violência acontece, normalmente, em lugares em que a criança costuma frequentar no dia a dia dela, pois, na maioria das vezes, os abusos são cometidos por pessoas conhecidas, como parentes, vizinhos e amigos da família. “Além disso, são pessoas que têm um perfil de socialização muito grande, que tratam bem a criança e cativam os familiares”, esclarece a delegada.

Ana Laura Schliemann, doutora em psicologia e professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Campus Sorocaba, explica que o abusador que está inserido no ambiente familiar da criança ou adolescente consegue cometer a violência com mais facilidade não somente por ter acesso a residência da vítima, mas também por conta do acesso afetivo, ou seja, a relação de confiança que a criança tem com o assediador.

“As pessoas deviam entender o que esse tipo de situação, de fato, causa na cabeça da criança e do adolescente. E, sim, isso é muito pior, porque muitas das vezes são pessoas que estão perto da criança, portanto existe um grau de relação e essa relação implica em confiança. E como é que fica isso? ‘Eu confio em alguém que vem e me faz mal’. Então as pessoas tinham que ter esse acesso e entender o que isso significa”, ressaltou a psicóloga.

Ela orienta os familiares a prestarem atenção no comportamento da criança ou do adolescente, pois, mudanças radicais podem ser sinais de que a pessoa está sendo vítima de violência. “Pode ser uma violência sexual, verbal ou física. O primeiro sinal é a mudança de comportamento, o segundo é a mudança de padrão na escola. Quando você começa a perceber que o seu filho não está igual, ou está um pouco diferente, vale a pena o contato com a escola, vale a pena o contato com as pessoas que são referências para ele. Às vezes um amigo, a mãe de um amigo, podem trazer novas informações sobre o seu filho”, finaliza. (Vanessa Ferranti)