O que é essa areia acumulada no trecho desassoreado do rio?

Imagens captadas com o auxílio de drone não deixam dúvidas: algo está errado

Por Wilma Antunes

Trecho fica próximo à Usina Cultural, onde o trabalho de limpeza do rio Sorocaba já teria sido executado

 

Imagens capturadas por drones revelam um intrigante cenário no trecho do rio Sorocaba próximo à Usina Cultural. Bancos de areia, sem sinal de vegetação, indicam um processo em andamento. A questão que surge é a seguinte: trata-se de um processo de desassoreamento ou há acúmulo negligenciado de sedimentos, potencialmente problemático em caso de chuvas intensas?

As imagens registradas pelas câmeras aéreas do Cruzeiro do Sul, no dia 10 de outubro, sugerem um leito de rio exposto, com diversas áreas de bancos de areia. A notória escassez de vegetação, ainda que tênue, gera preocupações quanto à eficácia do desassoreamento em progresso. A possibilidade de sedimentos estarem sendo deixados nas margens do rio levanta temores de que, sob chuvas torrenciais, isso possa estreitar a calha do rio, desencadeando alagamentos na cidade.

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) e a Prefeitura de Sorocaba asseguram que as operações de desassoreamento do rio Sorocaba estão em pleno andamento, tendo se estendido desde o início de setembro. Essas atividades envolvem o uso de duas dragas, incluindo uma flutuante, bem como escavadeiras.

Balanço apresentado pela municipalidade aponta que, até o momento, foram removidos aproximadamente 9 mil metros cúbicos (m³) de sedimentos na área entre a Usina Cultura e a ponte Padre Madureira, com uma expectativa de retirar um total de 15 mil a 20 mil m³ de sedimentos. A obra é executada em parceria com a Geratriz Construtora, por meio de medidas mitigatórias, com um investimento de R$ 400 mil. Além disso, foram realizados dois megamutirões de desassoreamento do rio, resultando na retirada de 3 mil m³ de sedimentos.

Para o Executivo, a utilização de uma draga flutuante representa uma inovação que acelera a remoção de bancos de areia em locais antes inacessíveis. Com a projeção de remover o equivalente entre 1.000 e 1.500 caminhões carregados de sedimentos, a ação tem como objetivo a prevenção de alagamentos na cidade.

Acúmulos

Mas por que o rio Sorocaba acumula tantos sedimentos? De acordo com a administração municipal, a explicação está na urbanização da região ao longo dos anos. Com os ventos e as chuvas, a areia foi gradualmente depositada no manancial, contribuindo para o processo de assoreamento.

“O material retirado é devidamente caracterizado, conforme determina a resolução ambiental, e disposto em área autorizada pela Prefeitura de Sorocaba. O acúmulo de sedimentos no rio contribui com alagamentos e, justamente por isso, a Prefeitura e o Saae têm executado tais obras, inclusive, com plano de recuperação de matas ciliares, por meio de plantio de árvores nativas em determinados pontos, para evitar esse assoreamento”, destacou a administração municipal.

Esse plano de recuperação é resultado de uma parceria com o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) do Governo do Estado de São Paulo, no âmbito do Programa de Revitalização e Sustentabilidade Hídrica - Rios Vivos. Conforme a Prefeitura, já permitiu, no total, a remoção de 100 mil m³ de resíduos do rio Sorocaba, quantidade equivalente ao conteúdo de 8.300 caminhões carregados.

A continuidade dessa parceria segue em andamento, aguardando a conclusão dos procedimentos licitatórios pelo Governo do Estado. (Wilma Antunes)