Doença transmitida por gato está em expansão

Esporotricose ocorre em todo o País; Sorocaba já registrou quatro casos em humanos neste ano

Por Luis Felipe Pio

Os principais sintomas são lesões de pele que podem se manifestar como úlceras, feridas e nódulos dolorosos

A esporotricose, doença contagiosa que pode afetar gatos, cães e humanos, vem ocorrendo de forma endêmica no Brasil, sendo registrada em quase todos os Estados. Só na cidade de São Paulo, segundo a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) da Prefeitura, 403 pacientes contraíram a doença neste ano. Em Sorocaba, segundo a Secretaria de Saúde (SES), os números se mantêm estáveis: quatro pessoas testaram positivo em 2023.

Em maio deste ano, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica alertando que o Brasil registra uma alta expressiva no número de pacientes infectados. O fungo do gênero Sporothrix que causa a infecção pode ser encontrado em diferentes materiais orgânicos, como terra, planta e madeira, mas o principal agente transmissor são os gatos domésticos. Eles, quando doentes, são responsáveis por contaminar humanos e cachorros. Os caninos também transmitem, mas com menos frequência. Já entre humanos não existe transmissão.

A Prefeitura de Sorocaba informou que, em 2022, 28 felinos e três pessoas apresentaram a doença. Neste ano, foram contados 37 casos em animais e quatro em humanos. A esporotricose ainda não é de notificação compulsória em São Paulo. Isso significa que os casos da doença não precisam ser comunicados ao poder público -- o que não ocorre em outros Estados, como Rio de Janeiro. No entanto, devido à situação epidemiológica do agravo, a Secretária de Saúde do Estado de São Paulo afirmou ao Cruzeiro do Sul que trabalha para tornar a notificação de casos de esporotricose obrigatória a nível estadual.

O Ministério da Saúde indicou, em nota, que, mesmo sem um sistema oficial de registro dos casos de esporotricose humana, “dados de dispensação dos medicamentos para o tratamento dessas pessoas sugerem um aumento no número de casos”. Além disso, o setor disse que há registros de formas mais graves da doença, com disseminação para outros locais do organismo.

Na capital, 388 casos de esporotricose humana foram confirmados em 2022. Neste ano, 403 pacientes contraíram a doença -- um aumento de 3,8%. Em ambos os períodos não houve óbito confirmado pelo agravo.

No caso de animais, o município informou que, em 2022, houve 2.412 casos de cães e gatos diagnosticados com a doença, com 456 óbitos. Até outubro de 2023, houve 2.611 cães e gatos diagnosticados e 272 óbitos.

A Prefeitura de São Paulo ressaltou que desde 2020, por meio da portaria 470/2020-SMS, a gestão municipal instituiu na cidade a notificação compulsória de esporotricose, ou seja, todos os serviços de saúde humana pública ou particular devem notificar os casos suspeitos de esporotricose em humanos. No caso de animais com lesões suspeitas, os estabelecimentos veterinários, públicos ou privados, devem notificar na confirmação do diagnóstico.

Saiba mais

De acordo com a médica infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar da Unimed Sorocaba, Marina Rocha Campelo Jabur, a esporotricose é uma micose profunda que tem potencial de se disseminar para outros órgãos do corpo, a depender do sistema imunológico de cada um.

Os principais sintomas são lesões de pele que podem se manifestar como úlceras, feridas e nódulos dolorosos.

"A esporotricose tem tratamento e tem cura. Geralmente é feito tratamento com antifúngicos e, em alguns casos, pode ser necessária a limpeza cirúrgica da lesão", disse a médica.

Algumas medidas de prevenção incluem cuidado em atividades agrícolas, como jardinagem. Por isso, é indicado o uso de luvas. A médica aponta que a saúde do animal doméstico precisa estar em dia e, em caso de contaminação, além da consulta com um veterinário, deve-se lavar a parte exposta ao fungo com água e sabão. (Luís Pio - programa de estágio)