Comércio de Sorocaba tem menos devedores, aponta Acso
O número de CPFs negativados caiu 3,2% no período, passando de 57.607 para 55.760 em setembro
O total de dívidas contraídas junto ao comércio de Sorocaba aumentou 5,72% em setembro, no comparativo com agosto. Subiu de R$ 42.980.977,76 para R$ 45.439.665,18. Por outro lado, o número de CPFs negativados caiu 3,2% no período, passando de 57.607 para 55.760. As informações são do banco de dados da Associação Comercial de Sorocaba (Acso), administrado pela Boa Vista SCPC.
A inadimplência também apresentou queda de 4,2% em relação a setembro de 2022, quando 58.207 pessoas físicas estavam negativadas. O valor dos débitos teve redução de 13,77%, já que, no mesmo mês do ano passado, somava R$ 52.696.636,40.
De acordo com o economista Roque Pinto de Camargo Neto, da Acso, a alta das dívidas está relacionada, principalmente, aos juros por conta de atraso no pagamento.
Já redução da inadimplência é um sinal de que consumidores de Sorocaba e região estão conseguindo gerenciar melhor suas dívidas ou quitá-las, segundo o economista. “Os dados sugerem uma tendência de melhoria na saúde financeira”, apontou.
Além disso, mudanças nos hábitos de pagamento durante a pandemia também podem ter influência nesse cenário. “Houve uma aceleração na adoção de pagamentos digitais, o que pode ter impactado, tendo em vista que há um efeito de substituição nos métodos de financiamento próprios por financiamentos via cartão de crédito”, disse Roque.
O economista ainda informa que a elevação na taxa de juros é outro fato a ser observado e considerado. Segundo ele, as elevações tendem a reduzir a disponibilidade de crédito, tornado-o mais caro. “Como resultado, as pessoas e empresas podem ser mais cautelosas em contrair novas dívidas”, falou.
“Problema crônico”
Para o economista e professor universitário Marcos Antonio Canhada, a inadimplência é um “problema crônico” no Brasil, causado, sobretudo, pela falta de planejamento financeiro. “A população não é ensinada a gerir o próprio dinheiro, pois, culturalmente, a educação financeira não faz parte da realidade do País. Com isso, muitos brasileiros acabam negativados. As pessoas acabam não conseguindo gestar os seus recursos, que são escassos, (de acordo) com as suas necessidades”, resumiu.
A alta na inflação também contribui. Segundo Marcos, o aumento nos preços de bens e serviços afeta, principalmente, os mais pobres, uma vez que esse público já tem um poder de consumo menor. Dessa forma, quando os índices inflacionários sobem, o comprometimento da renda dessas pessoas aumenta ainda mais, mas as despesas continuam iguais. Assim, há desequilíbrio. “Se a inflação, para mim, é mais alta, e eu não tenho uma recuperação na renda de forma proporcional, eu vou acabar tendo um descontrole”, enfatizou.
O economista aponta o desemprego como mais um fator passível de gerar inadimplência. Ele diz que, às vezes, a pessoa até consegue outro trabalho, porém, não com salário semelhante ao do anterior. Com isso, apesar da perda de ganhos, o padrão de vida do trabalhador permanece inalterado, resultando em problemas financeiros.
Marcos afirma ser possível evitar a negativação do CPF, por meio da adoção de algumas medidas. A principal é o planejamento financeiro efetivo, com o controle de gastos em função da renda. Ele ainda orienta a população a reduzir o padrão de consumo diante do comprometimento dos rendimentos. Já se a ideia for mantê-lo, deve-se buscar meios de aumentar os ganhos. Isso pode ser feito no âmbito profissional, a partir do aprimoramento do currículo para elevação salarial ou alcance de promoção, por exemplo, ou com o desenvolvimento de atividades geradoras de renda extra. O economista aconselha o consumidor a comprar apenas aquilo que precisa e se tiver condições. Por isso, é preciso refletir antes de se efetuar qualquer aquisição.
As mesmas recomendações valem para quem já está endividado. Nesses casos, outras providências ajudam a “limpar o nome”, como renegociação dos valores e pedido de ampliação do prazo para pagamento.