É necessário conhecer a história do negro

Dia Nacional de Zumbi -- e da Consciência Negra -- é importante para a reflexão e de combate ao racismo e preconceito

Por Luis Felipe Pio

Em Sorocaba, diferentes grupos e associações trabalham para relembrar a luta dos negros


O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, feriado celebrado amanhã (20), é propício para reforçar a importância de se conhecer a história do negro no Brasil. Tão importante quanto saber das mazelas desde o período da escravatura, é ter conhecimento sobre aqueles que ainda são vítimas do preconceito.

Em Sorocaba, diferentes grupos e associações trabalham para relembrar a luta dos negros contra a opressão no Brasil e encontrar caminhos para que a situação do racismo ainda tão latente na sociedade se dissipe.

A Sociedade Cultural e Beneficente 28 de Setembro, por exemplo, foi criada há 78 anos para que os negros pudessem ter um clube para frequentar. Na época, os espaços de lazer eram usados majoritariamente por pessoas brancas.

O diretor social do clube, Márcio Brown, explicou que o 28 de Setembro era o único local que a população negra podia frequentar livremente.

“Isso potencializou a recreação da comunidade e o desenvolvimento cultural [...]. A importância do 28 de Setembro para a cidade de Sorocaba é que ele é a raíz do nosso ‘quilombo urbano’, como a gente chama hoje”, contou.

O clube foi o berço de diferentes movimentos, como, por exemplo, o Núcleo de Estudo da Cultura Afro-Brasileira (Nucab) que está instalado, atualmente, dentro da Universidade de Sorocaba (Uniso).

“Os jovens negros graduados que frequentavam o 28 de Setembro decidiram não só focar na parte do lazer, mas também na parte da história do negro [...]. Então eles passaram a fazer pesquisas sobre o povo negro em diversas áreas do conhecimento”, disse a professora e atual membro do colegiado do Nucab, Gleice Bárbara Marciano.

Ela conta que, no fim da década de 80, quando o grupo se tornou parte da Fundação Dom Aguirre, os membros instituíram uma bolsa de estudos que ajudava jovens negros a entrar na faculdade.

O nome da bolsa era Cafuné. “Cafuné porque é uma palavra africana que significa carinho, mas, além disso, era uma sigla também: Caixa de Apoio Financeiro ao Universitário Negro (Cafune)”, revelou a professora.

A lei federal 10.639/2003 torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira em todas as escolas brasileiras, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio. Em 2008, ela foi reformulada pela lei 11.645, que criou a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura também dos povos originários nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio do País.

Atualmente, o Nucab — além de desenvolver um vasto trabalho de pesquisa acadêmica voltado à comunidade negra — reforça essas questões (obrigatórias, como diz a lei) por meio de palestras, reuniões mensais abertas à comunidade e formação de professores em escolas sobre relações étnico-raciais.

“As pessoas, infelizmente, ainda precisam aprender que o negro é um ser humano como qualquer outro. Precisamos aprender que todos nós pertencemos à mesma raça: a humana. É importante conhecer a história do povo negro”, enfatizou a professora.

A próxima reunião aberta será no dia 9 de dezembro, às 10h, de maneira virtual. O tema da palestra, ministrada pelo membro Rafael Filho, é a história de Jorge Narciso de Matos. O convite para a reunião é postado dias antes nas redes sociais do núcleo (@nucabfala). (Luís Felipe Pio, programa de estágio)