Uso de energia fotovoltaica em Sorocaba cresceu 60% neste ano

Potência de geração distribuída passou de 20 MW em janeiro para 32MW no final de novembro

Por Vanessa Ferranti

Custo de equipamentos para instalação do sistema solar fotovoltaico está caindo e a tarifa de energia aumentando

A energia solar fotovoltaica é uma tendência que vem crescendo nos últimos cinco anos e, segundo os especialistas, chegou para ficar. No município de Sorocaba, em apenas 11 meses, o sistema teve um aumento de 60% entre a população. Segundo dados coletados pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), em janeiro de 2023 a cidade possuía 20 Megawatts de potência de geração distribuída (GD). Atualmente, o total é de 32 MW.

Conforme Guilherme Susteras, conselheiro da Absolar, a adesão a esse tipo de energia é um reflexo das famílias e empresas que estão mais preocupadas com a sustentabilidade. Além disso, os custos dos equipamentos para a instalação do sistema solar fotovoltaico estão caindo e as tarifas de energia aumentando. Ou seja, o custo-benefício da energia solar passou a ser mais atrativo para a população.

“O custo do sistema solar fotovoltaico cai, em média, 10% ao ano, por conta da evolução da tecnologia. Do outro lado, você tem o aumento constante das tarifas de energia; nos últimos anos ela subiu o dobro da inflação. Então, quanto mais a energia sobe e mais barato ficam os equipamentos, mais atraente é o investimento na geração de energia”, explicou Susteras.

Sidivaldo Elias de Oliveira, engenheiro e proprietário de uma empresa do setor de sustentabilidade, percebeu o aumento na prática. Segundo ele, os moradores de Sorocaba e região estão procurando a energia solar para instalar nas residências, empresas e também montar usinas. Além disso, o engenheiro ressalta que há épocas do ano em que o modelo é ainda mais procurado. “Nos meses de estiagem, por exemplo, que é quando as pessoas tomam mais banhos, o consumo energético é maior e o valor cobrado pelas concessionárias costumam ser mais caros neste período. Os chuveiros são os maiores vilões de consumo energético, isso faz com que a conta da pessoa aumente muito e esse aumento abrupto na conta faz com que as pessoas busquem alternativas para resolver o problema”, justificou Oliveira.

E devido a um grande aumento no valor da conta de energia elétrica o funcionário público Uerinton de Paula Antunes, de 40 anos, decidiu contratar uma empresa para fazer a instalação da energia fotovoltaica. A iniciativa ocorreu em 2019 e desde então ele mantém a alternativa mais econômica. Ele conta que no passado já chegou a pagar R$ 500,00 de energia no mês. Hoje, ele desembolsa, em média, R$ 130,00 a cada dois meses. Segundo o funcionário público, há meses em que a conta não atinge o valor mínimo necessário para gerar uma fatura.

“Após a instalação do equipamento a casa ficou muito mais confortável, pois instalei mais aparelhos de ar condicionado, chuveiro elétrico mais potente, torneiras elétricas, secadora do roupa, enfim, aparelhos que comumente consomem mais energia elétrica. Hoje, já não tenho receio algum em usá-los e, por sinal, tenho planos de instalar ainda mais coisas que facilitam o cotidiano”, declarou.

Outros benefícios

A energia solar fotovoltaica converte a luz solar em energia elétrica e pode ser utilizada no dia a dia, para ligar o chuveiro, televisão e outros aparelhos presentes nas residências das famílias e empresas. O conselheiro da Absolar explica que trata-se de uma energia limpa, ou seja, ela não gera poluição. Dessa forma, as pessoas contribuem com o meio ambiente ao optar por esse modelo alternativo de energia.

“Ela é gerada, normalmente, no local ou muito próxima do local onde ela vai ser consumida depois. Significa que quanto mais irradiação solar você tem no País, na região, menos você precisa investir em linhas de transmissão, em redes de distribuição de energia, porque você está gerando ela do lado de onde está consumindo. Assim, em muitos casos, ela é mais barata do que a energia convencional”, enfatizou Susteras.

Outros benefícios destacados pelo conselheiro e também por Oliveira, são a criação de empregos e mais desenvolvimento econômico. “O número de importadores (de equipamentos) aumentou bastante, com isso, o campo de instaladores também, fazendo com que as pessoas tenham emprego relacionado a energia fotovoltaica”, informou Oliveira.

“Esses números do aumento da energia solar na região de Sorocaba significam que mais empregos foram gerados e mais dinheiro está circulando na economia, porque o dinheiro que as famílias e empresas estão economizando nas suas contas de luz é direcionado à compra de outros produtos e serviços da própria região. “Você vai ter outros benefícios econômicos associados a esse crescimento e que seguramente, aos poucos, as pessoas começam a perceber a economia da região florescendo ainda mais”, acrescentou Susteras.

Tendência

Atualmente, a energia solar fotovoltaica é a segunda maior fonte de energia elétrica no Brasil -- ela perde somente para a energia de origem hidrelétrica -- gerada pela força da água. Para os especialistas, esse modelo de energia solar fotovoltaica virou tendência e deve continuar crescendo nos próximos anos.

“Justamente porque os fatores que levaram ao crescimento da energia solar permanecem -- a tecnologia continua avançando com a redução dos custos, as tarifas de energia continuam subindo acima da inflação, a economia deve continuar crescendo e, principalmente, você tem cada vez mais empresas e famílias preocupadas com a sustentabilidade -- tudo isso são fatores que já existiam no passado, continuam existindo no presente e vão continuar existindo no futuro”, enfatizou o conselheiro da Absolar, Guilherme Sustero.

E é possível notar esse crescimento de perto, afinal, na próxima segunda-feira (5), uma fazenda fotovoltaica será inaugurada em Sorocaba. Com área de 13 mil metros quadrados, a usina está localizado em uma empresa na zona industrial da cidade. São 1.852 painéis solares com capacidade de 540W cada. A energia gerada será de 1.200 kwh/ano o que evitará a emissão de 555.247kg de CO2 por ano. (Vanessa Ferranti)