Parceria desenvolve projeto de mobilidade urbana conectada
Um projeto pioneiro da área de mobilidade conectada, com o objetivo de evitar acidentes de trânsito, está sendo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa do Centro Universitário Facens (IP Facens). Ligado ao programa do governo federal Rota 2030 - Mobilidade e Logística -- que trata do desenvolvimento do setor automotivo no País -- o projeto Conecta 2030 tem como objetivo desenvolver um ecossistema conectado e cooperativo principalmente para detecção de pedestres em travessias.
Ao Cruzeiro do Sul, o coordenador de tecnologia do IP Facens, Roberto Silva Netto, explicou que o sistema integraria não só os veículos, mas também a infraestrutura da cidade. Imagine que por meio desse sistema, carros, motos e caminhões poderiam se comunicar e ter noção sobre o espaço que cada um ocupa na via. O mesmo sistema também estaria instalado na infraestrutura do trânsito do município, como postes, radares e faixas vivas. Agora, imagine que um pedestre atravessa a rua, enquanto um motorista desatento vem em sua direção. Antes de acontecer uma colisão, a presença do pedestre na faixa seria alertada ao condutor pelo sistema. O motorista, então, freia e o acidente é evitado, graças a tecnologia.
“Será possível, também, verificar se o indivíduo está em situação de perigo, para que seja enviado um alerta tanto para os veículos envolvidos nesse cenário como para o pedestre”, disse Netto. No entanto, dependendo de como é feito esse alerta, o motorista pode se assustar, então, conforme pontuou Netto, faz parte da pesquisa entender qual o melhor método para avisar o motorista em um tempo hábil para que ele freie o veículo e evite o acidente.
Além disso, Netto expõe que, com esse sistema, também será possível “ver através dos carros”. “A gente vai conseguir ver com os olhos do outro veículo. Eu vou saber quando eu posso realizar a ultrapassagem, mitigando as condições de risco”, explica. Netto entende que, quando for possível provar que essa tecnologia consegue salvar vidas e traz benefícios à sociedade, ela pode se tornar um item obrigatório, como cinto de segurança.
O projeto é desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de São Carlos de Sorocaba (UFSCar), Universidade de São Paulo (USP - São Carlos), TIM Brasil, a universidade alemã Technische Hochschule Ingolstadt (THI) e a montadora de veículos Stellantis. A Stellantis, inclusive, está presente no projeto -- por exigência do edital -- para observar os recursos necessários para a tecnologia ser implantada no veículo.
Aplicação
O projeto pretende entregar algo muito próximo do produto final em pelo menos três anos. Porém, todos os temas, para serem homologados, precisam passar por avaliações que já não competem à universidade, que apenas desenvolve a tecnologia para que as empresas conheçam e entendam os benefícios da tecnologia. O tema deve passar por avaliação de outros órgãos que, em testes, criam situações reais sem envolver vítimas. “Existem simulações em que os carros são objetos com todas as características de um veículo. Da mesma forma, utiliza-se bonecos. Seria uma última etapa, mas tudo que nós preparamos antes, reduz o risco de reprovar na homologação”, completa Netto.
Acesso
Se o sistema estará ao alcance de todos, o coordenador sustenta que “provavelmente não” porque a tecnologia muitas vezes tem o preço elevado. “Mas, como é um serviço de interesse público, pode ser que o governo entenda que todo mundo precisa desse acesso, que evita situações de risco”, projetou. Além disso, Netto destaca que o Centro Universitário Facens está como protagonista na área de conectividade dentro da mobilidade urbana e isso implica que “Sorocaba tem o benefício de conhecer a tecnologia antes que muitos outros centros”, conclui. (Luís Pio - programa de estágio)