Sorocaba lidera ranking de imóveis novos no interior
Com 1.022 unidades no 3º trimestre de 2023, cidade supera até Campinas
A pesquisa do mercado imobiliário do interior do Estado, Baixada Santista e Região Metropolitana de São Paulo, divulgada na semana passada pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais de São Paulo (Secovi-SP) aponta Sorocaba em primeiro lugar em número de imóveis lançados no terceiro trimestre de 2023, registrando o lançamento de 1.022 unidades.
O resultado coloca Sorocaba à frente de 31 municípios paulistas -- exceto da capital. São José dos Campos, que ficou em segundo lugar no ranking, lançou 923 unidades. A seguir aparecem Campinas, com 746 unidades; Araraquara (600); São Bernardo do Campo (600); São José do Rio Preto (448); Indaiatuba (424); Santo André (408); Osasco (334) e Praia Grande (293).
Embora o resultado seja positivo, o diretor regional do Secovi, Guido Cussiol Neto, afirma que houve redução de lançamentos, não só em Sorocaba, mas no mercado imobiliário como um todo. “Neste último trimestre [terceiro de 2023], Sorocaba realmente teve um aumento no número de lançamentos, porém, se computar no âmbito geral, de três a quatro anos atrás, Sorocaba sofreu uma queda de lançamentos”.
Guido ressalta que, embora seja possível ver muitos prédios sendo construídos em Sorocaba, a maioria está concentrada em determinadas regiões, como a zona sul da cidade. Ele explica que os imóveis para as classes C e D, que possuem maior demanda, são pouco atraentes para as construtoras. Segundo ele, vender para um padrão mais alto é mais rentável. São, normalmente, pessoas que não se preocupam com taxas de juros e que compram o imóvel com recursos próprios ou financiam uma parte do valor.
O diretor regional do Secovi afirma, ainda, que hoje, o grande déficit habitacional da cidade, e até mesmo do Brasil, está centralizado na população de menor renda -- C e D. “Os lançamentos se concentraram nas construções de valor mais alto por metro quadrado, com valor agregado maior. As construtoras estão focando hoje nas classes A e B”, revelou.
Baixo valor
Se, por um lado, a pesquisa aponta Sorocaba em primeiro lugar no número de unidades lançadas, por outro, no Valor Geral de Vendas (VGV), o município aparece em 8º lugar, com R$ 476 milhões. Fica atrás de Campinas (R$ 918 milhões), Santo André (R$ 588 milhões), Barueri (R$ 549 milhões), Jundiaí (R$ 495 milhões), São José dos Campos (R$ 485 milhões) e Santos (R$ 481 milhões).
“Para essa faixa de pessoas, economicamente falando, de um status maior, é mais fácil para a construtora vender. Tem uma velocidade de venda maior”, comenta Guido. No entanto, questiona: “onde tem maior concentração de demanda? Com certeza classe C e D. Onde está o problema? Essa população consegue comprar o imóvel, por mais que eu lance? Não consegue”. Ele esclarece que a “característica desse comprador é de financiar um imóvel quase na sua totalidade, e aí ele tem uma grande dificuldade pela questão de emprego, taxa de juros e economia”.
Na opinião de Guido, a queda de Sorocaba no VGV é traduzida pelos estoques baixos e preço dos imóveis. “Se tiver facilidade de compra, oferta maior para as classes C e D, por um custo menor ou um incentivo, essas pessoas estariam comprando. Hoje, não compram porque só a necessidade não faz com que a pessoa consiga comprar. Muita gente não se sente atraída pela taxa de juros. Além disso, a oferta de imóveis na faixa onde existe a maior demanda não foi, ao meu ver, muito incentivada. Não atraíram as construtoras para que elas fizessem lançamentos voltados para a população C e D, na quantidade adequada.”
Guido sustenta que, no interior de São Paulo, Sorocaba é uma das melhores cidades para morar, devido à evolução que teve nos últimos anos, unida à facilidade e proximidade da capital, bem como aeroportos e portos. “É uma cidade que atrai e que está atraindo pessoas, mas hoje temos uma oferta de imóveis baixa frente a demanda”, disse.
Mercado estável
Para o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, o cenário para o próximo ano deve ser parecido com 2023, tanto em número de unidades lançadas, quando em número de unidades vendidas. “Com isso, quero dizer que pode ser 5% para mais, ou para menos. O cenário poderá ser mais favorável, não porque o País vai crescer mais no ano que vem em relação a esse ano, mas porque nós teremos ainda algumas quedas da taxa Selic, que vai mexendo com a confiança do comprador. Portanto, poderá ser um mercado muito parecido, tanto em lançamentos, quanto em vendas, tanto no interior do Estado, quanto nacionalmente”, conclui. (Virginia Kleinhappel Valio)