Ano novo começa com procura por emprego no Posto de Atendimento

Muita gente aproveitou o primeiro dia útil de 2024 para buscar recolocação no mercado de trabalho

Por Vinicius Camargo

Mais de 200 candidatos foram atendidos até o meio-dia de ontem no PAT e nas Casas do Cidadão

O primeiro dia útil de 2024 motivou muitas pessoas a procurar emprego ontem (2), em Sorocaba. No Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) e nas unidades descentralizadas das Casas do Cidadão, até por volta das 12h50, já haviam sido atendidos cerca de 200 candidatos a uma vaga. Em uma agência, às 14h, havia em torno de 200 currículos recebidos, enquanto a média diária é de 100.

No PAT, estavam disponíveis 200 vagas. A maioria era para a indústria e serviços — auxiliar de limpeza, auxiliar de expedição, açougueiro, auxiliar de linha de produção, caldeireiro, inspetor de qualidade, motorista e pedreiro.

O início do ano costuma ser a época ideal para quem procura trabalho nesses dois setores, pois a oferta de oportunidades aumenta. Mais para o final do ano, o comércio assume a liderança nas contratações.

Já na agência JobBrasil RH, das cerca de 180 oportunidades em aberto, 120 são para a indústria. De acordo com a psicóloga organizacional e gestora de recursos humanos da empresa, Daiane Barbosa dos Santos, de 28 anos, grande parte é para cargos na linha de produção, como operador e líder, bem como profissionais de logística.

Daiane informa que o ramo industrial fica mais aquecido no início do ano porque as empresas retornam do período de recesso e adequam o quadro de funcionários à nova demanda de produção.

Época favorável

Apesar de haver mais empregos para ramos específicos, o começo de janeiro é favorável para a busca por trabalho em qualquer área, sobretudo, em razão da menor concorrência. A partir da próxima semana, o número de oportunidades deve aumentar, pois as empresas ainda estão cadastrando as vagas disponíveis. Porém, paralelamente, a quantidade de candidatos também cresce.

Os principais requisitos exigidos pelas empresas para a contratação de um profissional são a preparação adequada para entrevistas e experiência na função. Mas, quem nunca atuou na área pretendida não deve desanimar. Nesse caso, o aprimoramento do currículo, com a realização de cursos relacionados à área, também contribui para a conquista da vaga.

Em relação à indústria, especificamente, habilidades comportamentais -- as chamadas soft skills -- são tão importantes quanto as capacidades técnicas, segundo Daiane dos Santos. Isso porque, com a ascensão da artificial, as máquinas passaram a efetuar, de forma autônoma, ações antes desempenhadas pelos trabalhadores. Com isso, características pessoais tornaram-se diferenciais para a contratação. “Comportamento socioemocional (adequado), comunicação eficaz e empatia para com a equipe”, elencou ela, a respeito dos atributos essenciais.

Sem perder tempo

Desempregada há dois meses, Rafaela Teixeira Santos, de 41 anos, aposta justamente na qualificação para se recolocar no mercado de trabalho. Após cerca de 18 anos de atuação no setor de saúde, tendo ocupado cargos de balconista e atendente em farmácias, hospitais e postos de saúde, ela decidiu migrar para a indústria, em 2022. Na ocasião, conseguiu um trabalho temporário no ramo, mas não foi efetivada.

Desde o término do contrato, determinada a obter uma vaga fixa, Rafaela recorre a cursos profissionalizantes. Com o repertório repleto de novos conhecimentos, foi ao PAT para tentar uma vaga na linha de produção. “Fiz metrologia, interpretação de desenho, gestão da qualidade (à). Como tenho pouca experiência nessa área, estou me qualificando para ter mais chances”, contou.

Também fora do mercado há dois meses, Valdecir Machado Oliveira, 51 anos, buscava uma nova vaga de motorista. Após mudar-se de Guarulhos, na Grande São Paulo, para Sorocaba na segunda-feira (1º), compareceu ao posto na primeira oportunidade. Ele não perdeu tempo por considerar que encontraria menos concorrentes. “Vim no primeiro dia (útil) para tentar encontrar um emprego o mais rápido possível e passar o ano trabalhando”, comentou.

Tanto o PAT quanto a agência preveem melhora no mercado de trabalho neste ano, em comparação com 2023. Para Daiane, os efeitos econômicos da pandemia de Covid-19 têm diminuído cada vez mais, o que incentiva as empresas a aumentar as contratações. Além disso, acrescenta ela, a passagem do período das eleições nacionais pode impulsionar, igualmente, as admissões. “No ano passado, o mercado ainda estava com receio sobre o cenário político”, apontou. “Ainda tem algumas questões, mas, agora, acredito que esteja melhor, principalmente, porque a política já está mais estável”. (Vinicius Camargo)