Falta de doses suspende vacina contra catapora

Estado aguarda fornecimento do governo federal para repassar o imunizante às prefeituras

Por Cruzeiro do Sul

Doença altamente contagiosa causa inflamação visível na pele, dor de cabeça, pneumonia e infecção no ouvido; a primeira dose da vacina é aplicada a partir do 15º mês de vida

As Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Sorocaba estão sem vacina contra varicela, doença infecciosa e altamente contagiosa popularmente chamada de catapora. A Prefeitura confirmou o problema e disse que aguarda o envio e novas doses pelo Ministério da Saúde.

Em resposta a questionamento do Cruzeiro do Sul, a pasta federal explicou que a crise teve início em março do ano passado, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a suspensão da compra do imunizante para poder avaliar a nova composição, seguindo decisão adotada também pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA).

De acordo com o Ministério da Saúde, a vacina foi liberada em julho de 2023, “após um rigoroso estudo de qualidade”. Contudo, a interrupção ocasionou atraso no abastecimento global do imunizante e do produtor que atende o Brasil, o que resultou no desabastecimento da vacina em alguns Estados no segundo semestre de 2023, e, consequentemente, fez com que a vacinação contra catapora fosse mais lenta.

Conforme a pasta federal, em dezembro de 2023, após liberação da Anvisa, o País recebeu 1 milhão de doses da vacina contra varicela, que foram avaliadas e aprovadas pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS). Desse total, até o final de janeiro, a pasta pretende distribuir 554,4 mil doses para os Estados. “Anteriormente, entre julho a dezembro de 2023, já haviam sido distribuídas 981.868 doses”, explicou o ministério, acrescentando que compete aos Estados distribuir para os municípios as doses recebidas. “Por fim, cabe reforçar que o Ministério da Saúde está empenhado em garantir a disponibilidade de vacinas seguras e eficazes para a população brasileira”, conclui o documento enviado ao jornal.

O Cruzeiro do Sul também questionou o governo estadual a respeito. Em nota, o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado ressaltou que “a responsabilidade pela aquisição dos imunobiológicos do Calendário Nacional de Vacinação é do Ministério da Saúde que, mensalmente, envia os imunizantes para o governo estadual”. Este, por sua vez, distribui as doses de forma proporcional aos 645 municípios de acordo com público-alvo de cada cidade.

O Estado de São Paulo possui uma necessidade mensal de cerca de 270 mil doses de vacina contra a varicela, porém, tem recebido o imunizante de forma fracionada do governo federal. As duas últimas remessas teriam ocorrido em outubro e dezembro de 2023, totalizando, respectivamente 30 mil e 50 mil doses. Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, todo o volume recebido do ministério foi repassado aos municípios paulistas.

Catapora

A varicela, também conhecida como catapora, causa inflamação visível na pele, dor de cabeça, pneumonia e infecção no ouvido. É um vírus que se propaga de forma muito rápida e pode ser grave se migrar para os órgãos internos. Em crianças, geralmente é benigna e autolimitada. Em adolescentes e adultos, em geral, o quadro clínico é mais exuberante.

Em 2013, a vacina da varicela foi introduzida no Calendário Nacional de Vacinação por meio da tetra viral (contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela) para crianças de 15 meses de idade, desde que já vacinadas com a primeira dose da tríplice viral. Na indisponibilidade da vacina tetraviral, essa dose deverá ser realizada com a tríplice viral (SCR) e varicela (atenuada) simultaneamente. Em 2018 foi incluída a vacinação contra a doença para crianças entre quatro anos e seis anos 11 meses e 29 dias. Essa administração corresponde à segunda dose da vacina varicela (atenuada) aplicada sob a forma da tetraviral. (Da Redação)