Crescimento imobiliário demanda estudos
Em Sorocaba, de janeiro a junho de 2023, foram registradas vendas de 2.492 unidades residenciais, informa o Secovi
Ao percorrer as ruas e avenidas de Sorocaba, é possível enxergar que a cidade está passando por um período de intensa atividade na construção civil. Diversos edifícios verticais e condomínios horizontais estão em obras, transformando significativamente a paisagem urbana e afetando a rotina da população local.
Segundo pesquisa realizada pelo Sindicato Patronal do Mercado Imobiliário (Secovi), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, em seis meses, de janeiro a junho de 2023, foram registradas vendas de 2.492 novas unidades residenciais na cidade, um crescimento de 14% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram vendidas 2.176 unidades.
Ainda segundo o Secovi, Sorocaba atingiu a marca de segunda cidade com mais imóveis vendidos no Estado, ficando atrás apenas de Campinas.
Um dos fatores para o aumento de novos empreendimentos está diretamente ligado ao crescimento populacional de Sorocaba. Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), obtidos no último Censo de 2022, revelaram que a cidade alcançou a marca de 723.574 habitantes, representando um crescimento de 23,31% em relação ao levantamento realizado em 2010.
Segundo Almir Buganza, professor de engenharia civil e membro da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba (Aeas), o aumento da população traz consequências positivas e negativas. “Os aspectos negativos estão relacionados à mobilidade urbana; disponibilidade de prestadores de serviço capacitados; infraestrutura básica; aumento da violência urbana; necessidade de mais recursos para atendimento na área da saúde; além do aumento da poluição, inclusive sonora, e do consumo de energia elétrica e água”, ressalta.
Já os aspectos positivos, de acordo com o engenheiro, “estão relacionados à oferta de serviços característicos de grandes centros, que são atraídos pela demanda, trazendo à cidade novas opções na área gastronômica e serviços, que não estavam presentes na cidade; a geração de empregos nas áreas do comércio e serviços; e o crescimento cultural da população nativa de nossa cidade”, complementa.
Para evitar problemas urbanísticos na cidade devido ao crescimento imobiliário, as construtoras devem fazer estudos de impactos populacionais. Segundo o engenheiro, o primeiro passo é protocolar na Prefeitura, na Secretaria de Planejamento, um pedido de uso do solo, preenchendo um requerimento que inclui dado do terreno, levantamento topográfico da área, matrícula da área e estudos sobre o IPTU do imóvel.
O projeto deve, ainda, estar alinhado com as diretrizes do Plano Diretor da cidade, incluindo informações sobre a capacidade de ocupação da região, com base no número de unidades habitacionais, bem como os meios de acesso ao empreendimento. Essas análises, conforme ressaltado pelo especialista, são critérios importantes para assegurar a qualidade de vida dos moradores locais, garantindo que as vias suportem o aumento do tráfego de veículos e que os serviços básicos, como fornecimento de água, coleta de esgoto, saúde e educação, tenham capacidade para atender à nova demanda. “Isso garante que é viável lançar aquele empreendimento, sem ir contra as regras urbanísticas do município”, conclui.
Compra de apartamento requer cuidados
Aline Maiara de Goes Vieira, engenheira civil e membro da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba (Aeas), orienta os consumidores sobre os cuidados necessários na hora de adquirir um apartamento. Quando o imóvel já está construído, é preciso analisar toda a documentação, aprovações nos devidos órgãos municipais e as respectivas documentações em cartório.
Uma dica é consultar o Habite-se -- documento emitido pela Prefeitura ou órgão municipal responsável, que atesta que uma construção foi concluída de acordo com as normas e regulamentos exigidos para habitação -- e se possui a certidão negativa da obra.
“Inclua projetos e respectivas anotações de responsabilidade técnica nessas verificações. Se é um imóvel novo, verifique a integridade da construtora, o valor de mercado, os espaços de uso comum, a privacidade proposta nos diferentes andares da edificação, a localização em relação ao sol, ventilação e luminosidade, entre outros”, orienta Aline.
Antes de tomar a decisão, também é importante visitar o imóvel. Segundo a especialista, muitas construtoras permitem essas visitas no andamento da obra e também ao apartamento modelo.
Outro ponto para ficar atento é em relação ao espaço e localização do imóvel. Além disso, verificar se é possível realizar mudanças no apartamento é fundamental. “Analise a possibilidade de alterações futuras, as facilidades nas devidas manutenções do imóvel e nos espaços de uso comum. Se atente as vistorias desse imóvel e o atendimento aos requisitos das normas de desempenho”, informa.
Em relação ao fluxo de veículos, apesar de haver estudos da região em locais que irá abrigar um número de moradores elevados, os futuros moradores devem igualmente analisar as possibilidades de crescimento da área. Também é interessante verificar a estrutura dos prédios no entorno, para não ser surpreendido com vistas indesejadas. Conforme a engenheira Aline, o ideal é procurar um profissional da área para auxiliar no assunto.
“A equipe que atua nas imobiliárias entende de documentações, mas no que diz respeito à engenharia, eles não vão conseguir fazer essas legalizações. O engenheiro ou arquiteto pensa mais na questão de segurança, desempenho, de todos os sistemas da edificação. E todas as construtoras de apartamentos têm que atender aos requisitos mínimos de desempenho, que fala na NBR 15575. E, muitas vezes, o morador não se atenta nesses detalhes, nas certificações das construtoras”, concluiu. (Vanessa Ferranti)