Polícia prende acusado de matar e atear fogo em homem em Mairinque
Caso foi solucionado quase após o crime, que ocorreu em março de 2023; detalhes foram apresentados nesta segunda (11)
*Atualizada às 15h03
A Polícia Civil de Mairinque esclareceu o homicídio de Michael Oliveira Simão, de 40 anos, e prendeu o autor, após quase um ano de investigações. O crime ocorreu em março de 2023. O acusado -- um operador de máquinas, também de 40 anos, -- agrediu a vítima e, depois, ateou fogo nela. O motivo do assassinato teria sido uma briga entre Simão e o suspeito. Os detalhes do caso foram apresentados pelo delegado titular de Mairinque, Espedito Alves da Silva Júnior, na manhã desta segunda-feira (11), em coletiva de imprensa na Delegacia Seccional de Sorocaba.
O homem apontado como o autor do assassinato foi preso na última sexta-feira (8), em Mairinque. A captura ocorreu durante uma operação para o cumprimento de um mandado de prisão temporária, além de outro de busca e apreensão na casa dele.
Segundo o delegado, o suspeito confessou o homicídio. Em depoimento, ele contou que, cerca seis meses antes do crime, teve uma briga com o irmão de Simão. O irmão da vítima teria procurado o acusado para esclarecer um possível caso entre ele e a sua esposa. Os dois teriam começando a se agredir, e Simão também teria entrado na briga, para tentar defender o irmão.
Ainda de acordo com Silva Júnior, depois dessa situação, aparentemente, tudo se revolveu. Tanto que o irmão da vítima e o autor do homicídio chegaram a trabalhar juntos por um período.
No entanto, conforme relatou em depoimento, na madrugada do dia 25 de março do ano passado, o suspeito encontrou Simão embriagado, caminhando pela cidade, e decidiu se vingar. Ele lhe ofereceu carona e o levou até uma área de mata isolada às margens da rua Alberto Coccoza. Lá, o agrediu com diversos socos no rosto e na cabeça. Em seguida, foi embora e o deixou agonizando. “Ele guardou essa mágoa, essa bronca, conforme as palavras dele, e, naquele dia, voltando da balada, embriagado, decidiu dar um corretivo, uma surra, como ele disse”, informou o delegado.
Cerca de duas horas após fugir, o acusado foi até um posto de combustíveis, comprou gasolina, voltou ao local onde havia abandonado Simão e ateou fogo nele ainda vivo. Conforme Silva Júnior, ele fez isso por medo de que a vítima sobrevivesse, contasse sobre as agressões para outras pessoas e de sofrer algum tipo de represália. O responsável pelas investigações diz que, depois da ação criminosa, o homem continuou vivendo normalmente na cidade, inclusive, trabalhando.
Mesmo queimado, Simão sobreviveu por algumas horas. Ele chegou a ser levado para o Pronto Atendimento (PA) de Mairinque, mas não resistiu aos ferimentos. O laudo com a causa da morte indicou traumatismo craniano e presença de fuligem na traqueia.
O acusado foi autuado por homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, uso de fogo e de recurso que impediu a defesa da vítima). Ele está preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba.
Investigações
As investigações do caso levaram quase um ano por tratar-se de uma cidade pequena e pelo assassinato ter ocorrido durante a madrugada, o que implicou na falta de testemunhas. A Polícia Civil também enfrentou dificuldades para conseguir imagens de câmeras de seguranças, devido à resistência de moradores e comerciantes em cedê-las.
Apesar disso, os investigadores obtiveram gravações por meio das quais conseguiram descobrir a identidade do autor do homicídio. Eles analisaram mais de 200 horas de material. Os registros mostram o momento em que o homem estaciona um Fiat Palio preto ao lado de Michael Simão. Os dois conversam um pouco e, em seguida, a vítima entra no automóvel.
Por meio do registro da placa, os policiais civis levantaram o nome do suspeito. De acordo com o delegado, inicialmente, não foi identificada nenhuma relação entre ele e a vítima. Porém, durante a apuração, a polícia descobriu sobre a briga envolvendo os dois e o irmão de Simão. Além disso, o homem tinha um registro policial por violência doméstica de aproximadamente dez anos atrás. Na ocasião, uma ex-mulher dele, autora de boletim de ocorrência, o acusou de atear fogo em pertences dela.
Em razão do modus operandi de uso de fogo em crimes, a polícia concluiu que o operador de máquinas era o autor do assassinato de Simão. “Ele já tinha essa impulsão de piromania (fascínio por atear fogo em coisas ou iniciar incêndios). Então, nós já tínhamos esse registro e conseguimos fazer esse link entre a vontade dele, essa maldade dele, algo interno dele de colocar fogo, que é algo não muito comum”, comentou Silva Júnior.
Bombeiros encontram corpo
Conforme o delegado, o fogo colocado na vítima se alastrou para a mata nos arredores da rua onde ela foi abandonada. Por isso, moradores das proximidades acionaram o Corpo de Bombeiros para erradicar o incêndio, e os socorristas acharam o corpo por acaso. “O que chamou a atenção foi esse fogo que se alastrou em volta e, lá, ele foi encontrado.Talvez, se (o autor) não tivesse utilizado fogo, a vítima teria permanecido lá, agonizando”, falou.