População cobra medidas para melhorar o trânsito no Alto da Boa Vista

Em alguns horários, são cerca de 40 minutos para fazer um trajeto que normalmente levaria muito menos que a metade desse tempo

Por Vanessa Ferranti

Av. Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes, no Alto da Boa Vista, é uma importante ligação entre diversas regiões e dá acesso ao Paço Municipal, sede administrativa do município

Os moradores de Sorocaba que utilizam diariamente as avenidas do Alto da Boa Vista não estão felizes com o trânsito intenso na região, principalmente nos horários de pico. No início da manhã e fim da tarde, a avenida Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes é tomada por veículos e, assim, o tráfego trava em alguns pontos. Uma das áreas mais atingidas é a confluência da Carlos Reinaldo Mendes com a Três de Março. Há congestionamento também no sentido inverso. Em alguns horários, são cerca de 40 minutos para fazer um trajeto que normalmente levaria muito menos que a metade desse tempo.

Na última terça-feira (12), o Cruzeiro do Sul fez uma enquete nas redes sociais sobre o trânsito no Alto da Boa Vista com a seguinte pergunta: “você acredita que esse problema pode ser resolvido?”. 36 pessoas responderam à pesquisa. Dessas, 25 disseram sim e oito não. As demais, não responderam efetivamente se “sim ou não”, mas participaram com sugestões de como a situação pode ser melhorada. Um leitor escreveu que “seria necessário melhorias no tempo dos faróis”, outro disse que uma boa opção seria “abrir uma via atrás da prefeitura”. Há, ainda, a sugestão de um acesso para a rodovia Castello Branco pelo parque Chico Mendes. Muitos também responderam que para aumentar a fluidez no trânsito, o ideal seria investir no transporte público e implementar um metrô na cidade.

Diante da situação que desagrada a tantas pessoas, a Prefeitura de Sorocaba realiza e planeja uma série de ações nas ruas e avenidas da região, com novas alternativas de vias, como já foi noticiado em junho do ano passado pelo Cruzeiro do Sul.

Propostas

Nesta semana, a reportagem questionou sobre a possibilidade de construir uma passagem subterrânea nesse trecho para liberar o fluxo de veículos, assim como é previsto no cruzamento das avenidas Antônio Carlos Comitre, Washington Luiz e Barão de Tatuí, no Campolim. O minitúnel na zona sul está em fase de validação de projeto, para posterior abertura de licitação. A previsão de início da obra é para o segundo semestre de 2024, com término em 2026. Já no Alto da Boa Vista, não há previsão de que seja construído algo semelhante. No entanto, a prefeitura declara que a Secretaria de Mobilidade (Semob) tem um estudo preliminar nesse sentido para analisar a viabilidade desta intervenção na região.

Conforme o advogado e especialista em trânsito, mobilidade e segurança viária, Renato Campestrini, opções que permitem os veículos transitar de forma subterrânea, como túneis ou trincheiras, ou por elevação, como viadutos, são ideias interessantes para garantir deslocamentos com mais fluidez. “Algumas regiões da cidade que receberam viadutos puderam sentir ganhos nos deslocamentos e isso é importante para o dia a dia do cidadão”, informou.

Nesse sentido, a Prefeitura de Sorocaba destacou que implantará um viaduto de ligação entre as avenidas Fernando Stecca e Independência. O início das obras deve ser anunciado em breve, com prazo de 12 meses de execução. Os recursos serão provenientes de financiamento aprovado junto à Corporação Andina de Fomento (CAF).

Outras obras

 

Segundo a Prefeitura, a equipe de engenharia de trânsito da Secretaria de Mobilidade (Semob) e do Centro de Aceleração, Desenvolvimento e Inovação (Cadi) estão atentos e focados na questão do surgimento de novos empreendimentos na região do Alto da Boa Vista, assim como em outras áreas da cidade. Dessa forma, demais intervenções no trânsito serão adotadas, de acordo com a pasta, para acompanhar estrategicamente esse crescimento. O município ressaltou, ainda, que obras estão sendo executadas e planejadas, exatamente, prevendo o aumento de fluxo nos próximos anos.

Entre as ações para conferir fluidez ao trânsito, ocorre a pavimentação e duplicação da avenida Três de Março. De acordo com a administração, mais de 50% das obras foram concluídas.

A rua Prof.ª Célia Cangro Marques Mendes foi pavimentada, com obra finalizada em janeiro deste ano. A via é rota alternativa, ligando a avenida Três de Março ao Jardim do Paço e à região industrial da cidade. Segundo a Prefeitura, ela auxilia e evita lentidão no tráfego na avenida Eng.º Carlos Reinaldo Mendes, sobretudo em horários de pico.

Está prevista a implantação da pista “direita livre” na rua 28 de Outubro, para acessar a av. Carlos Reinaldo Mendes, em sentido à zona industrial. Isso, após a conclusão da construção de uma nova conexão entre a rua 28 de Outubro e a rua Frei Wilson Zanetti e outra, entre a rua Otilia Wey Pereira com a avenida Carlos Reinaldo Mendes. Essa interligação passa por trás do Jornal Cruzeiro do Sul e do Ciesp. A obra está em andamento e a via servirá como meio de otimizar o fluxo de veículos nessa região.

Na rotatória do Alto da Boa Vista, está em fase de projeto a implantação de uma nova faixa de rolamento, para agilizar o acesso entre as avenidas Três de Março e Carlos Reinaldo Mendes, no retorno, sentido à Faculdade de Tecnologia (Fatec).

A Semob reforça que realiza o monitoramento do sistema viário de toda a cidade, seja via rede de videomonitoramento ou ação direta de agendas de trânsito nos locais, como forma de adotar medidas imediatas para melhorar a fluidez do trânsito e garantir a segurança.

Alternativas

Para o advogado e especialista em trânsito, mobilidade e segurança viária, Renato Campestrini, com a pavimentação da avenida Três de Março, novas opções de trajeto podem surgir e contribuir para diminuir momentaneamente os impactos no sistema viário do Alto da Boa Vista, todavia, na esteira da pavimentação da via, novos empreendimentos imobiliários devem ser ofertados à população, o que levará a situações de lentidão. Segundo o especialista, essa condição não é algo exclusivo da cidade de Sorocaba, pois todo local com forte desenvolvimento passa por essa complicação no trânsito.

Para Campestrini, uma das alternativas seria pensar em novos modos de transportes para serem ofertados, bem como intensificar os conceitos de cidade 3C: curta, conectada e coordenada, em que os deslocamentos para o trabalho, estudo, lazer, ocorrem em tempos inferiores a 30 minutos.

“A lentidão pode continuar ou se agravar com o aumento da população, por isso, quando se fala em Veículos Leves Sobre Trilhos (VLT) e também o BRT são alternativa para deslocamentos que trazem menos impactos para o dia a dia da cidade. Vale destacar também que o uso da bicicleta para alguns trajetos pode ser uma alternativa viável, integrando-a com o modo de transporte coletivo”, finaliza.