Mercado Distrital ainda espera melhorias

Câmara autorizou, em junho de 2023, a concessão do espaço público, mas licitação só deve acontecer no segundo semestre

Por Vinicius Camargo

Comerciantes e clientes reclamam do abandono do local, que possui mais de 20 boxes, mas, apenas 4 ocupados

Comerciantes e frequentadores do Mercado Distrital de Sorocaba Tito Isquierdo, na Vila Fiori, reclamam do abandono do local e cobram a revitalização. O espaço público — que possui uma área territorial de 17.290 metros quadrados — foi inaugurado em 1985, e nunca foi reformado.

A Câmara Municipal aprovou, em junho de 2023, o projeto de lei que autoriza a Prefeitura conceder o prédio para a iniciativa privada. A empresa administradora deverá, entre outras obrigações, promover melhorias na estrutura. Dez meses depois, o processo licitatório ainda está em andamento.

O autônomo Pedro Luiz Ribeiro, de 52 anos, frequenta o mercado desde a abertura. Ele vai, principalmente, às feiras matutinas realizadas aos domingos. Para Ribeiro, as irregularidades no piso, tanto na área interna, quanto externa, são o maior problema. O munícipe considera que a situação oferece perigo de acidentes aos clientes. “Tem muitas pessoas idosas que frequentam, com mais dificuldade de percepção, de equilíbrio, e podem sofrer tropeços, quedas, torções no pé”, disse.

Proprietário de um ateliê de costura, Isaac José Francisco, de 65 anos, aponta a desocupação da maioria dos boxes como outro aspecto negativo. Dos mais de 20 espaços para comércios, apenas quatro estão ocupados. Eles abrigam um açougue, um bar e lanchonete, uma farmácia e uma loja de roupas. Morador da Vila Fiori, Issac conta que também é freguês há quase 40 anos. De acordo com ele, nesse período, o imóvel nunca recebeu reparos. “Entra prefeito, sai prefeito e continua a mesma coisa”, criticou.

Para o dono do açougue instalado no local desde a inauguração, Márcio Rodrigues, de 53 anos, o espaço é bom, pois dispõe de estacionamento e tem ótima localização. Porém, conforme ele, sem restauração, o lugar, que deveria atrair público, acaba afastando os clientes. E isso afeta as vendas do empresário. “O cliente novo não entra aqui. O prédio assusta quem entra aqui”, reclamou.

Rodrigues disse que a lista de problemas inclui, ainda, a falta de banheiros adequados, bem como as instalações elétrica e hidráulica antigas. Ele informa que os sistemas não foram atualizados até hoje e, por isso, apresentam falhas frequentemente. “Já aconteceu de ficarmos três dias sem energia. Com alimento perecível, é complicado”, comentou.

O comerciante também reclama de não conseguir colocar internet, devido à carência de estrutura para instalação das fiações e da falta de segurança. De acordo com ele, pessoas em situação de rua se aproveitam disso e, à noite, entram no prédio para dormir. As paredes e o teto escuros são outros problemas observados pela reportagem.

O que diz a Prefeitura

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur) informa que o toda a revitalização do Mercado Distrital está englobada no processo de concessão do local, conforme a Lei nº 12.830, de 28 de junho de 2023, publicada no Jornal Oficial do Município em 29 de junho de 2023.

O objetivo da concessão do Mercado Distrital é proporcionar a realização de obras de ampliação, melhorias, conservação e manutenção do espaço público e, assim, movimentar, ainda mais, o comércio, fortalecendo a economia local. Para tanto, o processo passa pela análise do Poder Público, que já está em sua fase final, partindo para o processo licitatório, no segundo semestre deste ano.

Com a modernização dos boxes e a reforma do Mercado Distrital, será possível manter, em longo prazo, uma estrutura adequada, moderna, de qualidade e visualmente atrativa, além de aumentar a eficiência da gestão e incorporar ao equipamento os serviços e as estruturas necessários à fruição adequada de seus espaços pelo público, com toda qualidade, segurança, acessibilidade e conforto.

Ainda, por meio do processo de concessão, será possível promover a utilização cultural dos espaços, bem como ampliar a qualidade dos serviços ofertados e promover a segurança dos usuários, de forma que seja possível proporcionar movimentação de lazer, desenvolvimento social, cultural, econômico e turístico para a cidade, bem como a comercialização de produtos e serviços, com atendimento de qualidade.