Pescaria no rio Sorocaba se torna uma tradição entre pessoas de diferentes idades

Prática é autorizada pela administração municipal entre a ponte do Pinga-Pinga e o deque do Parque das Águas

Por Vinicius Camargo

Aparecido pesca desde criança e nem pensa em parar

Na beira do rio Sorocaba, o gestor empresarial Cássio Henrique Andrade, de 37 anos, e o filho Guilherme Henrique Andrade, de 12, esperam, calmamente, a vara puxar. Na tarde quente de sábado, sentados sob um guarda-sol, os dois vivem mais um dia de pescaria semanal, como fazem há cerca de um ano. Assim como eles, várias outras pessoas mantêm a tradição de pescar às margens do manancial. Neste sábado (12), o Cruzeiro do Sul percorreu um trecho do rio, na altura da avenida 15 de Agosto, e constatou isso.

A Prefeitura autoriza a pesca entre a ponte do Pinga-Pinga e o deque do Parque das Águas. O Executivo instalou, até mesmo, bancos e deques de madeira no trecho, para uso dos pescadores esportivos, mas alguns preferem ficar nos locais de costume. É o caso do Cássio e do Guilherme. Pai e filho realizam a atividade uma vez por semana, geralmente, aos sábados. Chegam de manhã e vão embora à tarde, permanecendo ali aproximadamente oito horas.

Cássio gosta de pescar para relaxar. Ele conta que consegue pegar diversas espécies, como bagre, cascudo, lambari e tilápia. Por saber do problema apontado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) sobre o despejo de esgoto não tratado no rio, o munícipe não come os peixes. “Eu vi esgoto aqui, com um cheiro muito forte. Por isso, ainda não sinto confiança em me alimentar do peixe”, disse.

Guilherme também aproveita o momento para se desestressar e aproveitar a companhia do pai. “Tira o meu nervosismo, dá uma aliviada, porque é bem bom”, comentou. Além de peixes, ele informa conhecer diferentes espécies de aves durante as pescarias. O garoto gosta tanto do programa que, quando não é possível ir pescar, fica triste. “Sinto muita falta”, comentou.

Experiência

O aposentado Aparecido da Silva, de 71 anos, pesca desde criança. Aprendeu com o pai, no sítio onde a família morava, em Maringá, no Paraná. Nas margens do rio Sorocaba, ele repete a rotina há, pelo menos, dez anos, de uma a três vezes por semana, entre quatro e cinco horas por dia. “É minha paixão, o meu hobby”, falou.

Com vasta experiência acumulada, o idoso revela que uma pescaria de sucesso depende de um fator externo principal — a fase da lua. “Três dias antes da lua cheia, fica melhor. Depois, não pega nada”, explica. Outro segredo de Aparecido para capturar os peixes com mais facilidade é variar o tipo de isca. Inclusive, segundo ele, usar boas iscas é mais uma estratégia importante, assim como ter paciência.