Da patrulha à terapia: o dia a dia dos cães da Guarda Municipal de Sorocaba
Thor e Rocco auxiliam a equipe em campo, já Buddy é o responsável pelo atendimento social
Na rotina agitada da Guarda Civil Municipal (GCM) de Sorocaba, há membros especiais que fazem toda a diferença: Thor, Rocco e Buddy. Os cães, verdadeiros parceiros de quatro patas, trabalham para manter a ordem e garantir a segurança da comunidade. Os animais são treinados para auxiliar as equipes em diversas situações, desde o patrulhamento preventivo por todo o município, bem como no apoio a outros órgãos de segurança pública. Além disso, há ainda uma missão social, realizada pelo cão terapeuta em eventos, escolas e asilos da cidade.
O Canil é uma unidade especializada da Inspetoria de Operações Especiais (IOPE), da Guarda Civil Municipal de Sorocaba (GCM), ligada à Secretaria de Segurança Urbana (Sesu) e está localizado no bairro Além Ponte. Atualmente, a unidade conta com cães das raças golden -retriever, pastor-belga malinois e rottweiler. Três deles são adultos e já trabalham com a equipe, enquanto há também dois filhotes, pastores-belgas, que ainda estão em treinamento e precisarão passar por uma avaliação antes de assumirem suas funções.
Após passarem na avaliação, os cães são escolhidos para atuar em atividades correspondentes às suas personalidades. O pastor Thor e o rottweiler Rocco, cães não dóceis, atuam na área operacional, ou seja, na rua ao lado da equipe. Eles são treinados para ajudar em funções como a busca por drogas. Assim, eles são capazes de farejar o odor de diferentes tipos de substâncias ilícitas, indicando aos condutores a localização exata dos entorpecentes.
Entre as apreensões realizadas pelo Canil da GCM, a equipe lembra a apreensão de uma sacola com 427 porções de drogas, ocorrida no dia 11 de janeiro, em uma praça do Residencial Carandá, na zona norte. Na ocasião, o cão Thor foi em direção aos arbustos e encontrou cocaína, crack e maconha. Um radiocomunicador também foi localizado.
“O treinamento é realizado diariamente. Antes do guarda assumir a viatura, ele faz a inspeção dos cães para ver se está tudo certo. Ele verifica se não tem nenhum machucado, se está tudo bem com o animal ou se há algum problema de parasitas. Ai tem um período que é disponibilizado para fazer o treinamento dos cães, tanto para treinar a parte física e melhorar o condicionamento físico, quanto para fazer o adestramento, para ele desenvolver essa parte de faro de entorpecentes”, explicou o GCM Wellington Torres, coordenador do Canil.
Os cães da GCM seguem uma escala de trabalho, de segunda a sexta-feira, 6 horas por dia, sendo um no período da manhã e outro da tarde. Em casos excepcionais, eles atuam aos fim de semana.
Adestramento
O trabalho de adestramento dos cães começam cedo, logo nos primeiros meses de vida. Isso porque, conforme o GCM Torres, há uma fase importante na vida do animal, entre o terceiro e quarto mês após o nascimento, essencial para o aprendizado do filhote. “É uma das fases mais importantes, chamada janela de imprinting. É como se o cão fosse um computador com um HD em branco, então, tudo o que você imprime nessa fase, ele guarda para a vida. É o período mais importante para fazer a socialização e ambientação”, destacou.
A socialização, conforme explicado pelo coordenador do Canil, se desdobra em duas áreas: a primária e a secundária. Na fase de socialização primária, o cão filhote é exposto a uma variedade de pessoas de diferentes faixas etárias, incluindo crianças, adultos e idosos, bem como pessoas com deficiência. Esse processo tem o objetivo de garantir uma boa convivência no futuro. Por outro lado, na socialização secundária, o foco está no contato do cão com outros animais. É essencial que o animal se acostume a conviver com diferentes espécies, como cavalos, galinhas e porcos, pois ele pode se deparar com esses animais em locais de ocorrências. Essa abordagem ampla de socialização prepara o cão para enfrentar diversas situações de maneira equilibrada e segura.
Além disso, existe a etapa ambientação. Nesse processo, o cão deve conhecer uma variedade de ambientes, desde florestas até espaços urbanos, como terminais de ônibus, estações de metrô e aeroportos. Essa exposição auxilia o animal a não se distrair com barulhos de buzinas, trens e aviões durante as atuações.
Trabalho social
Gentil, dócil e acolhedor — essas são algumas das características do golden -retriever Buddy e, por isso, ele foi designado ao trabalho social. O cão terapeuta, de 5 anos, é bastante conhecido na cidade e proporciona muita alegria à população. Por onde passa, crianças, adultos e idosos fazem questão de tirar fotos e guardar o registro com o amigo de quatro patas.
Por ser confiável, amigável e calmo, o Buddy realiza uma variedade de ações terapêuticas, incluindo hospitais, escolas, creches, lares de idosos e centros de recuperação de drogas e álcool. O principal objetivo do cão é fornecer conforto, apoio emocional e estímulo para pessoas que estão passando por dificuldades físicas ou emocionais.
“O cão se aproxima muito da população, todo mundo gosta de cão. O contato terapêutico que as pessoas têm com o cão e mais o trabalho de show dog que o Buddy faz, que é uma apresentação, ajuda a população a ter mais confiança no serviço policial e na instituição de segurança”, enfatizou o coordenador do Canil.
Aposentadoria
Assim como para os seres humanos, após anos de trabalho, o merecido descanso também chega para os cães. A aposentadoria dos cachorros da GCM ocorre, geralmente, aos 8 anos, quando o animal está entrando na fase idosa. No entanto, em alguns casos, quando o cão está mais debilitado, esse processo pode ser antecipado.
Os cães que integram a GCM moram no próprio Canil da Guarda, onde são cuidados e tratados. Ao se aposentar, a prioridade de adoção do animal fica para o tutor que conduziu ele durante a vida na corporação. Se o tutor não puder ficar com o cão, outros guardas que trabalham no Canil podem se candidatar. Em último caso, a doação é aberta para as pessoas em geral.