Aumenta a procura por plantas repelentes

Por Vinicius Camargo

O alecrim é uma das plantas procuradas pelos consumidores

A busca por plantas que afastam mosquitos, incluindo o Aedes aegypti, transmissor da dengue, chicungunya e zika, cresceu entre 10% e 80% em floriculturas de Sorocaba. Em quatro locais visitados pelo Cruzeiro do Sul na manhã de ontem (4), as espécies usadas para essa finalidade haviam acabado ou restavam poucas unidades de apenas uma delas. Desde 2013, há na cidade a lei 10.495, que incentiva os moradores a cultivar citronela e crotalária para combater os insetos.

Segundo Gerson Ferreira da Rocha, de 35 anos, proprietário de uma loja no Jardim Vera Cruz, com o surto de dengue na cidade, as vendas subiram cerca de 10% a 15%, recentemente. Em razão desse crescimento, na manhã de ontem, o lojista tinha poucas mudas. Apesar da alta, ele esperava um movimento ainda maior, por conta de como está o cenário da doença na cidade.

De acordo com Rocha, os idosos puxaram as vendas, pois são os principais compradores das plantas para manter os insetos longe. Já os jovens preferem os produtos químicos tradicionais, pois, conforme ele, não conhecem as propriedades dos naturais. (...) O pessoal mais velho tem raízes no campo, onde isso não é novo e já é muito utilizado”, analisou.

O empresário informa que, além da citronela e da crotalária — as mais comuns — alecrim, lavanda, manjericão, sálvia e malmequer também podem ser usados para afugentar os mosquitos. Essas espécies, explica ele, conseguem fazer isso por conta do aroma. “Elas têm uma composição, comum entre todas as plantas, que é responsável por, falando a grosso modo, confundir os insetos, atordoá-los e fazer com que eles se afastem do ambiente onde está sendo propagado aquele cheiro”, elucidou.

Plantio

Todas essas espécies podem ser cultivadas em casa. Segundo Rocha, quem não tem espaço para plantá-las na terra deve optar por vasos largos. O efeito, destaca ele, é proporcional à quantidade de plantas. Por isso, quanto mais exemplares, melhor.

Rocha indica as mudas mais jovens, pois vingam facilmente. Elas devem ser plantadas com terra vegetal e substrato. Inicialmente, a fertilização não é necessária, porque, segundo ele, só o substrato já é suficiente para fazê-las prosperar. As espécies têm de ficar sempre expostas ao sol e ser regadas apenas quando preciso. Para saber se a planta precisa de água ou não, o empresário orienta a colocar algum objeto ou o dedo na terra do vaso. Caso ele saia limpo, ainda não é a hora de regá-la.

Encharcar a planta, em vez de ajudá-la, acaba prejudicando. “O excesso de água pode ocasionar nessas plantinhas um estresse hídrico”, esclareceu Rocha. É contraindicado, ainda, colocar mais de uma espécie no mesmo vaso, porque uma atrapalha o desenvolvimento da outra. “Pode haver uma espécie de disputa, uma relação de dominação. O alecrim, por exemplo, pode matar um manjericão, uma lavanda”, citou ele.

Sprays

Quem não consegue plantar as mudas em grande quantidade pode produzir sprays com o óleo delas. A dica é de Andréia Cantalábio, de 51 anos, dona de uma floricultura na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) de Sorocaba. Ela detalha que o primeiro passo para a fabricação do produto é macerar as espécies, para extrair o óleo. Em seguida, a matéria-prima deve ser colocada em um recipiente e misturada com água ou álcool. Por fim, basta borrifar o líquido em todo o imóvel. “É um repelente natural e é o melhor, porque tudo que é natural é mais intenso”, comentou.

No box de Andreia, a procura por plantas para afugentar os mosquitos teve elevação de aproximadamente 80%. “Tanto que acabou”, brincou ela, referindo-se ao fato das plantas já estarem acabando no momento da entrevista. Ela chegou à Ceagesp às 7h de ontem e, às 10h10, quando a reportagem esteve no local, havia apenas dois vasos de alecrins disponíveis.

Em outras duas barracas visitadas pela reportagem na Ceagesp, todas as plantas usadas como repelente contra os mosquitos já estavam esgotadas.