Usuários do BRT Oeste estão com dúvidas
Eles reclamam da extinção de linhas, lotação, viagens mais longas e que não entenderam como o sistema funciona
*Atualizada em 07/05/2024, às 10h17
O primeiro dia útil de operação do Corredor Oeste Estrutural do Bus Rapid Transit (BRT) e do terminal do Jardim Ipiranga foi marcado, ontem (6), por confusão e diversas reclamações. Os dispositivos começaram a funcionar no sábado (4). Passageiros disseram que não entenderam o funcionamento do sistema. Eles também criticaram extinções de linhas diretas e de pontos de ônibus nos bairros. Segundo usuários, com o fim de alguns itinerários nos bairros, há lotação nos veículos do BRT, e o novo trajeto é mais demorado.
Muitos passageiros acionavam, a todo momento, funcionários do terminal, para esclarecer dúvidas ou reclamar. A aposentada Marli Pereira da Silva, de 60 anos, era uma das pessoas confusas com a operação do corredor e buscou informações. Ela saiu do Centro e pegaria a linha Ouro Fino para ir ao bairro Wanel Ville 5, onde mora.
De acordo com Marli, antes, ela embarcava diretamente no terminal Santo Antônio e chegava em casa em 20 minutos. Devido à mudança, como precisa descer do BRT na parada de interligação para subir no ônibus com destino ao bairro, o percurso leva mais 15 minutos, totalizando 35. Além do aumento no trajeto, a munícipe critica a lotação nos coletivos. Conforme ela, anteriormente, com as linhas sentido bairro/Centro específicas para cada região, havia menos passageiros. Agora, como os veículos do BRT passam em várias localidades, eles ficam mais cheios. “Antes, vinham só as pessoas do Wanel Ville. Agora, estão vindo pessoas do Santa Bárbara, Júlio de Mesquita, tudo junto”, disse. “Na verdade, diminuiu a frota, porque eles tiraram os ônibus que faziam esses trajetos (diretos)”.
O coletor de rouparia Orlando Candido, de 55 anos, estava irritado. Ele também mora no Wanel Ville 5 e usa a linha Ouro Fino. Anteriormente, fazia o itinerário entre a região central e o bairro em 35 minutos. Ontem, contou ter demorado 50 minutos apenas para chegar ao terminal de transferência e estimou que levaria mais meia hora para descer em sua residência. Com isso, o período de deslocamento chegaria a 1h20.
Conforme o passageiro, além da necessidade de trocar de ônibus no caminho, o tempo de deslocamento se ampliou em razão da baixa velocidade adotada pela frota do BRT no corredor. Ao contrário de outros corredores, o embarque e desembarque no oeste não é feito no canteiro central das vias, mas, sim, na faixa da direita.
Candidado desaprovou, ainda, o fato de os ônibus do BRT não passarem em todos os pontos de ônibus dos bairros, como faziam as outras linhas. Segundo ele, as novas paradas não foram informadas adequadamente, assim como os horários dos coletivos do novo sistema. “O que era para melhor, ficou pior”, opinou. “Agora, vou precisar andar de carro, porque, de ônibus, não tem condição”.
A dona de casa Priscilla Ramos Candeias, de 29 anos, moradora do Jardim Santa Bárbara, criticou as mesmas questões. De acordo com ela, na manhã de ontem, muitas pessoas aguardavam no bairro o transporte coletivo nos pontos habituais e só souberam das mudanças por ela. “Só tem dois lugares para pegar (o transporte) para vir para o Centro. Então, tem que fazer uma caminhada para ir pegar o ônibus”, disse. “Está bem complicado, confuso e bagunçado. Eu estou bem perdida ainda”.
Corredor Oeste
Com 18,8 quilômetros de extensão, o Corredor Oeste é o maior da cidade. Ele passa pelas avenidas General Carneiro e Armando Pannunzio, com ligação pelas ruas Américo Figueiredo e Benedito Ferreira Teles, até o terminal Ipiranga. Conta com 35 pontos de parada, o terminal Ipiranga, um miniterminal no Jardim Tatiana e a estação de conexão Santa Cruz, interligando o eixo leste-oeste. Ao todo, 47 ônibus, de 13 linhas, circulam no trecho.
Urbes e BRT admitem dúvidas e falam em ajustes
A Urbes — Trânsito e Transporte informa que o Corredor Estrutural Oeste do BRT entrou em funcionamento no último dia 4, em sistema de operação assistida, com ampla atuação de monitoramento e interação dos funcionários junto aos passageiros.
Assim como em outros corredores, o sistema passou a ter o modelo tronco-alimentador, em razão da entrada em operação de veículos maiores, articulados, que não adentram nos bairros e, portanto, são posicionados nos corredores para atender ao maior volume de pessoas, como mais agilidade e frequência.
São 47 novos ônibus, sendo 23 veículos articulados, com capacidade para 130 passageiros; 14 carros com performance para 82 pessoas e 10 unidades Padron, para o transporte de 91 usuários. Todos são equipados com internet sem fio, tomadas USB, ar-condicionado, câmeras e integrados ao restante da malha do BRT.
As linhas alimentadoras continuam circulando pela maioria das vias nos bairros, sendo ajustadas para seguirem direto para o terminal Ipiranga. Com isso, houve aumento de horários e redução do tempo de viagem.
No terminal Ipiranga, os usuários podem fazer a conexão com as linhas tronco BRT, denominadas: T240 Expresso Ipiranga/Via General Carneiro e T250 Expresso Ipiranga/Via General Osório, com partidas a cada cinco minutos, tanto do terminal Ipiranga quanto do terminal Santo Antônio.
As alterações e demais informações estão disponíveis nos sites www.urbes.com.br e www.brtsorocaba.com.br, mediante aplicativos de transporte Urbes e Cittamobi, cartazes em pontos de parada e linhas, panfletos de mão entregues aos usuários, postagem nas redes sociais (@brtsorocaba) e, ainda, por funcionários posicionados nas plataformas e pontos de parada.
“A Urbes entende que o sistema passa por um período de natural de adaptação e seguirá acompanhando e realizando os ajustes que forem necessários para atender da forma mais satisfatória possível toda a região Oeste da cidade”.
Outras informações podem ser obtidas pelo fone 118 ou (15) 3519-3100; WhatsApp (15) 99760-9621; site www.urbes.com.br e, ainda, pelo WhatsApp da Ouvidoria da Urbes (11) 98884-5218.
O que diz o BRT
Em nota enviada à Redação, a BRT Sorocaba diz “compreender perfeitamente as dúvidas dos passageiros, pois sabe que existe um período natural de adaptação com esta nova dinâmica do transporte”.
Para ajudar a população, deste o início da operação que aconteceu no sábado (4), a empresa disponibilizou agentes para orientação e suporte aos passageiros. Os profissionais seguem nas plataformas dos terminais, e também, respondendo às perguntas via redes sociais e serviços de atendimento ao cliente.
Um ponto positivo para quem utiliza o Corredor Estrutural Oeste é saber que, tanto no bairro como no centro, a oferta de horários aumentou.
Como um sistema tronco-alimentador, agora, o passageiro que sai do bairro segue até o terminal Ipiranga para troca de ônibus. Tal medida auxiliou na redução de veículos circulando no centro da cidade.
“Aproveitamos a oportunidade para destacar que a BRT Sorocaba informou as mudanças massivamente com postagem nas redes sociais, aplicação de cartazes dentro dos ônibus e distribuiu folhetos nos terminais Santo Antônio e São Paulo. Seguimos realizando as determinações do órgão gestor e dedicados a oferecer o melhor serviço para o sorocabano. Acreditamos que em breve teremos os passageiros habituados com esse novo formato de itinerários”.