Prioridade do RS é resgatar famílias que estão isoladas

Vice-governador lamentou fake news e prática de crimes em meio à tragédia

Por Cruzeiro do Sul

Equipes usam barcos para socorro a pessoas que ainda estão em suas casas

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul confirmou mais duas mortes em consequência das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o último dia 26. Com isso, subiu ontem (9) para 107 o total de óbitos confirmados. Uma morte ainda está em investigação.

De acordo com o boletim do órgão estadual, divulgado de manhã, pelo menos 136 pessoas estão desaparecidas após o desastre climático já que afetou 1,47 milhão de pessoas.

Os dados contabilizam ainda 164.583 pessoas desalojadas, que tiveram de, em algum momento, buscar abrigo nas residências de familiares ou amigos. Muitas destas pessoas seguem aguardando o nível das águas baixar para poder retornar a suas casas. Outras 67.542 pessoas ficaram desabrigadas, ou seja, sem ter para onde ir, e precisaram se refugiar em abrigos públicos municipais.

Segundo a tenente Sabrina Ribas, da comunicação da Defesa Civil estadual, a prioridade, neste momento, é concluir o resgate de famílias que permanecem ilhadas em locais de difícil acesso e conseguir fazer com que a ajuda humanitária e os donativos cheguem aos municípios mais atingidos. Entre os itens mais necessários, estão água mineral, roupas e alimentos.

O vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza Souza, criticou os disseminadores de fake news e anunciou que o Estado vai tomar providências legais contra eles. “Tivemos que montar uma força-tarefa só pra combater fake news”, afirmou, em entrevista na Rádio Eldorado. O vice-governador também lamentou a necessidade de deslocar policiais de operações de resgate para o combate de crimes, como vandalismo, saques, assaltos e casos de violência sexual em abrigos.

As inundações são consideradas o pior desastre climático da história do Rio Grande do Sul, que devastou a economia do Estado. Toda a economia levará meses ou anos para se recuperar, segundo as autoridades, que falam da necessidade de um “plano Marshall” de reconstrução.

“As mudanças climáticas não estão mais sob discussão em uma pesquisa científica. Elas saíram dos livros e viraram realidade”, disse Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, que é composto por mais de uma centena de organizações ambientalistas e de pesquisa.

Nos últimos anos, as enchentes no Brasil atingiram também a cidade de Recife (Pernambuco) e os Estados de Minas Gerais e Bahia.

Essas chuvas extremas na América do Sul têm sido uma previsão recorrente dos modelos climáticos há décadas, segundo o Observatório, e esta informação é “ignorada pelos sucessivos governos estaduais”, lamentou Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas da plataforma.

“Enquanto não se entender a relevância da adaptação, essas tragédias vão continuar acontecendo, cada vez piores e mais frequentes”, enfatizou Suely. (Estadão Conteúdo, Agência Brasil e AFP)