Instalação de clínicas de reabilitação no Jardim Santa Rosália preocupa moradores

Preocupação com impacto na segurança e falta de informação são motivos da apreensão

Por Cruzeiro do Sul

Bairro é residencial e considerado tranquilo pelos moradores

A tranquilidade do Jardim Santa Rosália, um tradicional bairro residencial, está no centro de uma nova polêmica. A suposta instalação de quatro clínicas de tratamento de dependentes químicos na área tem gerado debate entre os moradores. O local é conhecido por sua segurança e calmaria, mas diante da falta de informação a respeito dos empreendimentos, a população está preocupada. Existe dúvidas inclusive se esse tipo de estabelecimento poderia ser instalado numa área residencial.

Roberto Devisate é o coordenador do Programa Vizinhança Solidária do Jardim Santa Rosália há 15 anos. Segundo ele, este é o principal assunto discutido no momento pelos moradores. “O objetivo do Programa Vizinhança Solidária sempre foi promover a segurança e o bem-estar dos nossos moradores. Além de ser uma área residencial, também temos escolas no bairro e não queremos colocar as crianças em risco. Estamos bem preocupados com a chegada dessas clínicas, não pelo tratamento dos dependentes em si, mas pelos possíveis impactos na segurança e na dinâmica da vizinhança’’, explicou.

Ainda, segundo ele, há uma apreensão generalizada entre os moradores sobre o aumento no fluxo de pessoas. “A preocupação principal é a segurança, trabalho na segurança do bairro há 15 anos, e desde então nunca tivemos problemas, até o momento das obras dessas clínicas. Muitos moradores têm receio de que o bairro, conhecido por sua tranquilidade, passe a enfrentar problemas relacionados ao tráfico de drogas e aumento de criminalidade”, reforçou Roberto.

Alerta

O que teria alertado os moradores sobre a possível instalação das clinícas foi a movimentação há pouco mais de três meses em quatro imóveis, com tamanho amplo e quintais. Um deles inclusive com proporções maiores numa esquina. As casas antes disso tinham placas para aluguel. Uma reforma com funcionários com o mesmo uniforme teve início de forma simultânea nesses locais. Ao serem questionados por moradores, os trabalhadores informaram sobre a finalidade.

Com base nessas informações, o assunto foi levado para as reuniões do Conselho de Segurança (Conseg) do município. Contudo, não foram dadas mais explicações sobre o projeto.

Informações não confirmadas dão conta de que seria um convênio, por meio do governo estadual, no qual a Prefeitura de Sorocaba teria a incumbência de encaminhar adictos e ofertar empregos. Seriam disponibilizadas 4 Casas de Ressocialização, que já teriam inclusive definição de qual organização social seria a responsável pela gestão do projeto. Uma das casas teria 10 vagas; outra, 15; o terceiro imóvel contaria com 20 vagas e a 4ª unidade funcionaria como administração e local para realização de cursos.

Diante do impasse, os moradores protocolaram nesta semana um ofício na Polícia Civil, relatando vários incidentes que já estariam ocorrendo no entorno desses imóveis, principalmente durante à noite e madrugada, o que inclusive gera suspeitas se os locais estão em funcionamento, mesmo sem apoio dos moradores do bairro.

Preocupação

O advogado José Carlos Pereira é morador do bairro e foi à Prefeitura de Sorocaba perguntar sobre as obras. “O vice-prefeito (Fernando Martins da Costa Neto) garantiu-me que o problema estava resolvido e que as clínicas de recuperação não seriam instaladas no bairro de Santa Rosália. Diante disso, em confiança, rasguei os estudos que havia feito, mesmo em relação ao código de obras do município que determina um afastamento de 3 metros do muro divisório, fato não levado em consideração, além da possibilidade de transposição do muro e visão do interior dos meus aposentos, pelos frequentadores ou funcionários da pretensa clínica”, explicou. Aos 86 anos, ele se preocupa com a segurança.

Prefeitura

A Prefeitura de Sorocaba foi procurada pelo Cruzeiro do Sul. Em resposta, informou que “há um programa estadual voltado à recuperação de dependentes químicos conduzido pelo Governo do Estado de São Paulo e que deverá ser implantado em Sorocaba, mediante convênio com o município”. A nota ainda informou que o “Governo do Estado aventou a possibilidade de ser no bairro de Santa Rosália. A Prefeitura de Sorocaba já trabalha para a escolha de um novo local, que ainda não está definido. Está sendo feito estudo técnico para essa definição e uma reunião técnica sobre o assunto deverá acontecer em breve”. (Da Redação)