Mesmo acidentes corriqueiros causam transtorno para os motoristas

Batidas com menor gravidade estão se tornando cada vez mais comuns, representando um prejuízo significativo para os condutores sorocabanos

Por Vinicius Camargo

Custo com os reparos depende dos estragos causados

As mortes em acidentes de trânsito em vias de Sorocaba aumentaram 200% em janeiro deste ano em comparação com o mesmo mês de 2023. O número de óbitos passou de um para três. Por outro lado, a quantidade de registros caiu 28,91% no período analisado, de 83 para 59. Mesmo com a redução, o número de 2024 representa cerca de duas ocorrências por dia. Os dados são da Secretaria de Mobilidade (Semob). Os casos sérios, com mortes e lesões, costumam ser publicados no noticiário, mas são comuns as ocorrências de menor gravidade. Além dos riscos aos ocupantes dos veículos, mesmo que com menor gravidade, elas causam prejuízos financeiros e, às vezes, geram congestionamento, podendo provocar outras ocorrências até piores.

Do total de acidentes no primeiro mês deste ano, 35 envolveram motocicletas e todas as mortes foram de pilotos desses veículos. Em 2023, a maioria — 61 — também ocorreu com motos, com o óbito de um condutor. Segundo a Semob, os dados dos outros meses de 2024 ainda não foram compilados e a pasta aguarda as informações enviadas mensalmente pela Polícia Militar, para consolidar as estatísticas.

A oficina mecânica M Bossolani atua com consertos e guinchamento. De acordo com a proprietária, Mariane Bossolani, de 39 anos, pilotos de motos lideram os acionamentos do serviço de guincho por conta de ocorrências corriqueiras. “Guinchamos moto o dia inteiro”, conta. O volume de carros levados para conserto pelo mesmo motivo é igualmente alto, chegando a 15 por mês.

Segundo Mariane, a maior parte dos automóveis bate em guias por falta de atenção do motorista. E a causa da colisão é quase sempre a mesma. “A mais comum é a desatenção com o celular”, diz, citando a razão informada pelos próprios condutores. Ela conta que, geralmente, os sistemas de suspensão de arrefecimento sofrem os maiores estragos. Para consertá-los, o motorista paga, em média, de R$ 500 a R$ 1.500, dependendo dos danos. Se houver outros problemas, como nas rodas, o valor sobe ainda mais. “Por conta daquela olhadinha no celular, aquela desatenção ao retrovisor, (o condutor) acaba tendo um prejuízo grande”, fala a empresária.

Após prejuízo, cuidados redobrados

A supervisora de produção Lilian Oliveira Regaçoni, de 44 anos, redobrou os cuidados depois de precisar custear os reparos de um carro com o qual colidiu enquanto mexia no celular. O acidente aconteceu na avenida Afonso Vergueiro. “Infelizmente, o sinal estava fechado, e eu estava no celular, não me atentei, pensei que tinha aberto, acelerei e bati no carro da frente, por pura distração minha”, relata.

Lilian lembra que a batida gerou transtorno no trânsito. Por sorte, ela, a filha e o outro motorista não se feriram. O automóvel dela não foi afetado, mas o outro teve danos na traseira. Por isso, ela precisou gastar aproximadamente R$ 4 mil pelo conserto. Após o susto e o prejuízo financeiro, ela não manuseia mais o aparelho ao volante em hipótese alguma e presta mais atenção em tudo ao seu redor. “Em questão de segundos, podemos causar um acidente”, comenta.

Para a sorocabana, outros condutores deveriam ser orientados a seguir o seu exemplo por meio de campanhas de conscientização. Conforme ela, é preciso sempre reforçar a importância da conduta adequada e do respeito a todos no trânsito. “Os condutores estão cada vez mais sem paciência. Se as pessoas tivessem empatia umas pelas outras, com certeza, teríamos um trânsito muito mais tranquilo.”

Em nota, a Secretaria de Mobilidade informou que atua em três vertentes para tentar diminuir os acidentes na área urbana — engenharia de tráfego, fiscalização e educação para o trânsito.