Umidade do ar deve ficar abaixo de 30% neste sábado (22) na região de Sorocaba

Médico orienta sobre cuidados com a saúde e Defesa Civil alerta para aumento da possibilidade de incêndios

Por Vanessa Ferranti

Grande parte da mata atingida por um incêndio na noite de quinta-feira, na região do Vossoroca (Votorantim), ficou destruída

A Defesa Civil do Estado de São Paulo emitiu ontem (21) um alerta sobre o tempo seco e riscos de queimadas. De acordo com o órgão estadual, a umidade relativa do ar deve ficar abaixo de 30% hoje (22), na região de Sorocaba, o que contribui para os riscos de incêndio florestais.

Os problemas já começaram a aparecer em cidades da região. Um incêndio atingiu uma área de mata localizada na zona oeste de Votorantim — na região do bairro Vossoroca —, durante a noite de quinta-feira (20). O fogo começou nas proximidades da avenida das Pitangueiras, mas se alastrou para outros trechos durante a madrugada, assustando os moradores. As chamas foram extintas cerca de quatro horas após o início do incêndio. Ninguém ficou ferido e nenhum imóvel foi atingido, no entanto, ficaram as consequências.

A publicitária Caroline Rodrigues mora em um condomínio em frente à área que pegou fogo. “Essas sujeirinhas da queimada estão por todo o condomínio, no quintal de casa também, na grama, tudo, em cima do carro, inclusive acabei de levar o carro para lavar porque estava impossível, e o cheiro de fumaça muito forte também. Estamos abrindo todas as janelas para circular um pouco, mas ainda está um cheiro bem forte”.

Problemas da estiagem

Além de contribuir para as queimadas, a baixa umidade também é prejudicial para a saúde. O índice ideal, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é de 50% a 80%. Com o nível abaixo de 30%, aumenta o risco de proliferação de uma série de doenças, principalmente as do aparelho respiratório como a gripe, resfriado, crise de asma, pneumonia — sobretudo as virais —, assim como a frequência de casos de sinusite, conforme explica o médico pneumologista José Rosalvo Santos Maia. “Essas doenças, nessa época do ano, com o início do frio e com a baixa concentração da umidade, elas pioram muito”.

O especialista também dá algumas orientações para evitar esses problemas. Atividades físicas ao ar livre devem ser realizadas antes das 10h e após às 17h, sempre bem hidratado. “Você deve procurar não praticar atividade física, nem correr, próximo aos corredores de ônibus e automóveis, porque normalmente, nesses pontos, os poluentes ficam muito mais altos”, explica Maia.

Sempre que possível, o ideal é utilizar umidificadores de ar. Se não tiver um aparelho em casa, uma bacia com água ou uma toalha molhada também podem ajudar. “Procurar tomar bastante água, principalmente para quem pratica esporte, mas, de uma maneira geral, todos. Se o ar seco estiver incomodando, você pode hidratar as narinas e os olhos com soro fisiológico ou esses colírios que são só para hidratação”, reforça o médico.

Já em relação ao ar-condicionado, o melhor é evitar. “Ele deixa o ar mais seco ainda. Então, nessa época, se possível, procurar não usar o ar condicionado. Se for usar, sempre prestar bastante atenção se o ar-condicionado está bem cuidado, se ele é limpo, porque senão aumenta a chance dessas infecções também. Se você estiver preso no congestionamento, sempre com os vidros fechados para evitar entradas de fumaça de carros, caminhões e ônibus. O ar- condicionado é ruim, mas essa poluição é ainda pior”, informa o pneumologista.

Um ponto importante é, ainda, manter a casa limpa para evitar poeira. Outra dica é evitar usar roupas que estão guardadas, assim como blusas e cobertores. É necessário lavar antes, deixar secar bem e depois guardar em local onde não acumule pó. Os banhos nessa época do ano devem ser mais curtos e não tão quentes para não ressecar a pele.

“Os idosos e as crianças são os que mais sofrem nessa época, mas os cuidados são os mesmos. Nada de diferente. Embora o risco seja muito maior com as crianças e com os idosos”, finaliza o médico.

Amplitude térmica

A Defesa Civil também tem feito alertas para os problemas resultantes das queimadas, principalmente para a saúde. Neste período é comum uma amplitude térmica maior, ou seja, com grandes diferenças entre as temperaturas máxima e mínima. “É algo típico do período que estamos atravessando”, disse o meteorologista Willian Minhoto, explicando que “isso ocorre porque, no decorrer do período noturno, por conta de uma menor nebulosidade, a atmosfera tende a se esfriar mais, deixando aquela sensação típica de frio; porém, no decorrer do dia, com a presença do sol e da pouca nebulosidade, a temperatura tende a subir gradativamente, criando assim a sensação térmica de calor”.

Operação SP Sem Fogo

A Defesa Civil está realizando a operação SP Sem Fogo, em parceria entre as secretarias estaduais de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Segurança Pública e Defesa Civil. Além disso, conta com iniciativas e investimentos do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Ambiental, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cestesb), Departamento de Estradas de Rodagem (DER), Fundação Florestal (FF) e Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA).

As ações como essa vêm contribuindo para a redução recorde de incêndios florestais. Em 2023, em todo o Estado de São Paulo, a área total atingida por incêndios florestais foi de 1.030 hectares, ante 7.181 em 2022 — queda de 86%. Os dados são do Painel Geoestatístico dos Incêndios Florestais em Unidades de Conservação e Áreas Protegidas.