Semob aplicou 15.900 multas de trânsito

Números referem-se apenas ao mês de maio. Na comparação com mesmo período de 2023, aumento foi de 42,32%

Por Vinicius Camargo

Multas punem o bolso, mas não inibem cidadão de voltar a infringir as leis

Somente em maio deste ano, a Secretaria Municipal de Mobilidade de Sorocaba (Semob) aplicou 15.900 multas. O número é 42,32% maior do que o registrado no mesmo mês de 2023, quando foram expedidas 11.172. Os dados foram divulgados pela própria pasta.

As autuações no acumulado de janeiro a maio também subiram de 61.448 no ano passado para 70.468 em 2024 — alta de 14,67%. Em 2023, a arrecadação com as multas no período analisado somou aproximadamente R$ 11 milhões. Neste ano, o valor ficou em cerca de R$ 12 milhões.

De acordo com a Semob, a destinação desses recursos está prevista no artigo 320 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Pela legislação, a receita gerada deve ser aplicada em ações relacionadas ao trânsito. Com isso, o equivalente a 5% da arrecadação total é destinado, por lei, ao Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset), de caráter nacional e voltado à segurança e educação para o trânsito. Do valor angariado mensalmente e cuja parte cabe ao município, “Sorocaba tem investido, sobretudo, em ações de segurança, policiamento e fiscalização e educação no trânsito”, informa a pasta.

As mais frequentes

Um relatório divulgado pela Semob no Jornal Município de Sorocaba do dia 20 de junho mostra que, em maio, motoristas e motociclistas foram penalizados por quase 130 tipos diferentes de irregularidades. De acordo com o documento, se for considerada as infrações administrativas, o número de multas aplicadas em maio sobe para 17.793.

O material ainda elenca todas as condutas inadequadas que resultaram nas penalidades. Transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20% teve mais casos, com 7.357. Em seguida, vem não identificação do condutor infrator, imposta à pessoa jurídica (1.893). Depois, fechando a lista dos cinco desrespeitos às regras de trânsito mais comuns, aparecem avançar o sinal vermelho (1.770), transitar em velocidade superior à máxima permitida em mais de 20% até 50% (1.158) e parar sobre faixa de pedestres na mudança de sinal luminoso (989). A relação completa pode ser conferida em https://shre.ink/DvMx.

Vias com mais casos

Segundo a Semob, 77% das multas são feitas por mecanismos eletrônicos e 23% por meios manuais, incluindo aquelas emitidas por agentes via sistema de videomonitoramento. Ainda conforme a pasta municipal, as vias com maior quantidade de autuações são a avenida Dom Aguirre, rua Comendador Oetterer, avenida Tadao Yoshida, avenida Paulo Emanuel de Almeida, avenida Joaquim José de Lacerda, avenida Paes de Linhares, rua Souza Pereira, avenida Edward Fru-Fru Marciano da Silva e avenida Antônio Carlos Comitre.

Quem flagrar situações de desrespeito às regras de trânsito nessas ou em qualquer outra via da cidade pode fazer a denúncia à secretaria pelos telefones 118 e (15) 3519-3101, pelo e-mail semob@sorocaba.sp.gov.br ou na sede da pasta (rua professor Dirceu Ferreira da Silva, 55, Alto da Boa Vista). O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h30. Também é possível comunicar o fato à Ouvidoria da Urbes - Trânsito e Transportes, que administra o setor na cidade, pelo site urbes.com.br.

 

Educação ainda é o melhor caminho para alcançar um trânsito seguro

Segundo a professora e psicóloga Sonia Chebel Mercado Sparti, estudiosa de educação para o trânsito, o aumento no número de multas pode estar relacionado tanto ao crescimento de comportamentos incorretos dos condutores quanto ao reforço na fiscalização. Na avaliação dela, multar não é o caminho ideal para diminuir as infrações de trânsito, embora seja um procedimento necessário atualmente.

A especialista diz que, em alguns casos, a punição financeira pode resultar em mudança de comportamento. “Para algumas pessoas, o fato de receber uma multa causa um constrangimento pessoal perante familiares e amigos, e elas farão o possível para não passarem novamente por essa mesma situação”, analisa. No entanto, completa ela, para outras, a autuação não tem esse mesmo efeito, pois elas pagam e continuam a cometer irregularidades.

Nas situações nas quais não há resultado, Sonia defende a adoção da metodologia educativa para que a mudança de pensamento resulte em modificação de comportamento. De acordo com ela, esse processo é mais demorado, mas tem resultado duradouro.

Citando o educador e psicólogo suíço Jean Piaget, a especialista explica que algumas pessoas possuem heteronomia moral, porque apenas se comportam de maneira correta quando são vigiadas e punidas. Elas não excedem o limite de velocidade em rodovia porque o radar está ligado, por exemplo. Outras, ao contrário, têm autonomia moral, agindo de maneira correta por convicção. Essas não ultrapassam o limite de velocidade mesmo com o radar desligado, para preservarem a sua e as vidas dos outros. “O grande desafio dos projetos de educação para o trânsito é ajudar as pessoas a passarem da moral heterônoma para a autônoma”, pontua.

Para alcançar esse resultado, Sonia sugere a adoção de projetos e programas permanentes de educação para o trânsito voltados a crianças, jovens e adultos. Inclusive, o ideal é iniciar o ensinamento desse tema ainda na infância, muito antes de a pessoa ser habilitada. Isso porque, de acordo com ela, a criança já está inserida no trânsito como acompanhante, usuária de transporte coletivo ou particular, ciclista em ambientes protegidos e pedestre.

Em nota, a Secretaria de Mobilidade informou que já realiza campanhas contínuas nesse sentido. Para garantir a segurança de todos, a pasta também atua nas frentes de engenharia e fiscalização, segundo o comunicado.