Igreja Católica estabelece regras para participação de religiosos nas eleições
O arcebispo da Arquidiocese de Sorocaba emitiu um documento com orientações pastorais para este ano
Religiosos podem disputar cargos políticos ou fazer campanha para candidatos? Na Igreja Católica, existem regras específicas para isso. O arcebispo da Arquidiocese de Sorocaba, dom Julio Endi Akamine, emitiu um documento com orientações pastorais para as eleições municipais 2024. As determinações para padres e diáconos são mais restritivas e diferentes daquelas válidas para coordenadores leigos de movimento, associação e serviço.
Conforme o sacerdote, as recomendações têm a intenção de estabelecer os limites da participação da Igreja Católica na política. Paralelamente, a instituição quer mostrar que, apesar de possuir as suas restrições, os cristãos, enquanto cidadãos, devem, sim, participar do processo eleitoral, destacando a importância de ir às urnas. “O objetivo é, primeiramente, a isenção, a autonomia, a independência da igreja e, ao mesmo tempo, encorajar e incentivar a formação da consciência política dos nossos fiéis”, reforça.
Dom Julio se baseou nas medidas descritas no Diretório de Presbíteros de Sorocaba para definir as orientações. Pelo documento, bispos, diáconos e padres não podem se candidatar a cargos políticos, nem fazer qualquer tipo de propaganda para candidatos ou partidos. Isso inclui distribuição de panfletos, participação em comícios, carreatas, motociatas e outras ações semelhantes.
Segundo o arcebispo, uma campanha partidária por parte desses religiosos põe em risco a união da comunidade paroquial e compromete a autonomia da igreja. “Configurados ao ministério de Cristo, nós, ministros sagrados, devemos trabalhar pela unidade do povo de Deus, e não ser causa de divisão”, escreveu ele no material com as instruções.
Esses princípios devem ser seguidos tanto dentro dos templos quanto na vida pessoal e nas mídias sociais. De acordo com o sacerdote, essas figuras representam a Igreja Católica não só quando exercerem as suas funções, mas, também, no âmbito privado. Por isso, não devem sequer mencionar a sua escolha política em qualquer ambiente.
Incentivo à participação
Embora sejam proibidos de se envolver diretamente no processo eleitoral, os religiosos devem incentivar os fiéis a participar. Eles podem transmitir “orientações para que a participação seja democrática e comprometida para o bem de todos”, diz dom Julio. Se for conveniente, a arquidiocese autoriza a cessão de espaço para os candidatos apresentarem suas propostas fora dos templos, com a permissão e moderação dos párocos.
Coordenador pode se candidatar
No caso de coordenador de movimento, associação e serviços, como pastorais, Renovação Carismática Católica (RCC) e Vicentinos há menos restrições. Ele pode se candidatar a um cargo político, mas, durante o período eleitoral, é indicado se afastar de todos os cargos de direção, permanecendo apenas nas funções pastorais e ministeriais. O intuito é evitar confusão ou mistura das atividades religiosas com a campanha.
O candidato pode promover reuniões com os membros dos grupos dos quais é líder para apresentar suas propostas. Nesse caso, os integrantes são livres para decidir se querem ou não participar. Por isso, eles precisam ser avisados com antecedência de que, naquela data, haverá uma reunião com esse objetivo. (V.C.)
Propaganda política é liberada?
A Justiça Eleitoral proíbe qualquer tipo de propaganda política dentro de templos — menção a candidato ou sigla, uso de roupas ou outros objetos, símbolos e bandeiras. A Arquidiocese de Sorocaba veda essas condutas não somente em missas, como também em outras celebrações, encontros, festas e atividades da Igreja Católica. (V.C.)
EU VOU VOTAR!
O corretor de imóveis João Pedro Sampaio, de 23 anos, vota porque considera um exercício da democracia. Segundo ele, é preciso aproveitar a liberdade de ir às urnas, já que, na ditadura, ela foi cerceada. “Foi uma luta muito forte (para reconquistar) e temos que exercer o nosso direito”, diz. Para ele, suporte psicológico para profissionais de educação e o fim da terceirização dos trabalhadores de saúde são as principais demandas de Sorocaba.
A assistente administrativo Ana Paula Schiavotto, de 36 anos, acredita que o voto é uma oportunidade de criar melhorias para a cidade. Ela aponta a lotação e a longa espera nos Pronto Atendimentos (PAs) como os principais problemas a serem sanados pelo prefeito eleito. (V.C.)